Paris. Paris é uma cidade ampla, espaçosa, palco em serviço interminável de tudo quanto são elementos naturais, pessoas simpáticas – pelo menos, as que me calharam partilhavam desta característica! -, um odor único a natureza e uma luz inconfundível. Comentei com a minha prima que essa mesma reflexão era resultado das cores das fachadas francesas e que, em conjunto, criam uma história de tons creme, diálogos concisos e conclusões fantásticas que nos adoçam o espírito.
Paris é uma cidade cheia de movimento e que demonstra a preocupação pela situação pedonal de muitos. Em momento algum me senti atropelada pelos corpos alheios, odores desconfortáveis e antipatias. Exetuando nos transportes públicos, onde há sempre uma grande concentração de pessoas, deambular pelas ruas parisienses foi um sonho ao qual nunca prestei grande atenção, mas que rapidamente se identificou como um existente. As condições meteorológicas eram as mais favoráveis. Não obstante o calor e o quão abafado é que era atravessar certas zonas da rua, os passeios turísticos tinham tudo para correr bem e preencher os olhos daqueles que se interessam bastante por arquitetura, urbanismo, relações sociológicos e tantas mais.
Dei por mim, nessas ocasiões, a cogitar nos projetos futuros para a faculdade; a dispensar longas horas numa casinha no centro de Paris, numa outra visita e com novas companhias; a fermentar ideias e planos de vida, o sol a alimentar-me, a brisa a acariciar-me e as vozes em redor a saudar o meu ouvido pouco treinado para o francês. Foi uma viagem e tanto. No primeiro dia em que pude vislumbrar as fachadas principais de Paris de uma ponta à outra foi no topo de um barco turístico recheado de pessoas, todos nós obviamente interessados em descortinar a progressão daquela cidade. Confesso que pouco escutei dos áudio-guias, tendo a minha atenção se manifestado através da máquina fotográfica, do olhar, da audição e do olfacto.
Ia lagrimando quando me apercebi frente-a-frente com a Catedral de Notre-Dame; fiz coro com tantos outros quando cruzámos com a Torre Eiffel; o Rio Sena guiou-nos pacificamente por mais e mais edifícios históricos e de grande importância para a riqueza parisiense – note-se o Museu D’Orsay, a Assembleia Nacional, o Hotel dos Inválidos, etc. -. Para além da arquitetura que nos salta logo à vista, atravessámos muitos arcos das pontes que, pelo aquilo que percebi, também pertencem ao grupo de elementos históricos que vivem e respiram aquela cidade há anos, e que certamente têm vindo a contribuir para o fácil acesso de pessoas. Não se tratam de simples pontes cuja funcionalidade é ser atravessada: cada uma delas se distingue pelos ornamentos, pelas cores, pelas funções e locais aos quais nos entregam.
Apresentaram-me à antiga ponte que, outrora, abrigava os cadeados dos apaixonados, dos sonhadores, dos curiosos, mas que devido ao peso, corria riscos de tombar e gerar acidentes. Atravessei, noutras visitas a pé a Paris, mais duas ou três pontes diferentes; vivi o espírito da Praça de Concorde; avistei ao longe o Arco do Triunfo, a Roda Gigante e muito, muito mais! Em quinze dias, pude considerar a missão de conhecer Paris como um item cumprido, pese embora a quantidade de ruelas, histórias e monumentos que ficaram para trás. De momento, não se trata de uma urgência: talvez daqui a uns anos, regresse para colmatar os espaços vazios, mas por ora, tão cedo não deixarei morrer esta sensação que se plantou em mim e que, nos recantos da memória, entregou-me para as mãos uma oportunidade inesquecível!
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