A roupa é um estatuto. Mesmo que nos tentemos convencer do contrário, há sempre uma oportunidade para regressarmos aos velhos hábitos de avaliar peças, lojas, pessoas, pelo tecido que lhes foi concedido. Em virtude do projeto da Sónia, o #BeautyBeyondSize, relatei a minha relação com a roupa. Ainda hoje, travo muitas batallhas na hora de me vestir, contudo, o impacto já não deixa tantas fissuras para trás, como outrora acontecia. Atualmente, estou mais consciente da diferença que faz mantermos uma atitude positiva perante a imagem que passamos ao mundo, meio caminho andado para refletirmos para nós parte dessa fatia de positivismo.
Vestir é um modo de expressão, independentemente de termos condições de pagar mais, ou menos, por uma peça de roupa. Talvez por nunca ter tido a oportunidade de investir em peças caras, sou da opinião de que chega a ser um “desperdício” darmos por uma camisa um valor que poderia ser convertido em cinco ou seis, de uma marca diferente. Voltando ao primeiro argumento, não passa de um estatuto. Quando encaramos alguém “mal vestido” – dentro da nossa conceção do que é estar “bem vestido” -, julgamos, sem perceber, aquela motivação e que nos arrasta para um beco sem saída. A maneira como nos foi irrigada de que X e Y funcionam de determinada forma, condiciona as nossas opiniões a um nível extremo e, por vezes, desnecessário.
Confesso que, por vezes, dou por mim a avaliar pessoa por pessoa e a extrair conclusões precipitadas, tudo devido à sua maneira de vestir. E acredito que seja hipocrisia virem aqui comentar de que nunca, em circunstância alguma, o fizeram. Seja porque identificaram tal pessoa como um potencial gatuno, ou aquela como uma prostituta, ou mesmo um grupo como o dos “betinhos”, há sempre um momento em que optamos por rotular coisas que não o são, somente pela capa que se nos salta aos olhos…
A Carolina, com o projeto “1+3” desafiou-nos a falar de uma peça de roupa, contudo, do meu ponto de vista, existe muito mais do que uma peça de roupa. Existimos, sim, nós, seres humanos que, em algum ponto tempo-espacial da vida, decidimos esconder as nossas inseguranças por detrás de um tecido, metamorfoseando-as em coisas boas. E não há mal algum nisso, atenção! Trata-se tudo de um projeto artístico e isso é fantástico… Mas o que eu queria, acima de tudo, era chamar-nos à atenção quanto à importância que depositamos nestes aspetos. Porquê esconder uma característica quando a podemos entender, melhorar e ficar mais saudáveis? Porquê julgar o próximo pelas suas capacidades financeiras que lhe permitem investir nas peças mais caras? Para quê guardar rancor quando a culpa não é de ninguém? Será que vale mesmo a pena?
Publicação inserida no desafio “1+3”, criado pela Carolina Nelas. Podem saber mais sobre o projeto AQUI.
2 Comments
PimentaMaisDoce
7 de Junho, 2018 at 16:14Adorei o post! O projeto è super interessante <3 beijinhos! pimentamaisdoce.blogspot.pt
Ana Virgínia
24 de Julho, 2018 at 0:41Concordo com você.Às vezes as pessoas são jugadas pela forma como elas se vestem.