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SE A VIDA TE DER LARANJAS, PENSA DUAS VEZES

19 de Abril, 2018
“É muita pressão”… – É o que mais tenho repetido para mim mesma, dia após dia, sem me dar a oportunidade de parar e cogitar naquilo que me tem feito sentir assim. Acredito que talvez fosse mais fácil se a pressão viesse de fora, pois, dessa maneira eu saberia como e onde cortar o mal pela raiz, mas a partir do momento em que eu me sinto pressionada por mim mesma a fazer coisas que não quero e nem preciso, sem encontrar justificação que corrobore com tal ação, as coisas se tornam mais difíceis. Ou pelo menos, é que me dá a entender. Na maior parte das vezes, sinto-me a crescer e a aproximar-me da pessoa que quero para mim, mas nos momentos que sobram, é como se me estivesse a aprisionar a uma obrigação, a um orgulho que não estou disposta a furar, apenas por ser mais orgulhosa do que julgam…
Sinto-me a casca de uma laranja há muito espremida, na esperança de encontrar uma última gota de sumo, qual esforço que tem vindo a descontar em cada centímetro do meu corpo, da minha cabeça, do meu progresso enquanto ser racional. Parece-me que tudo anda na mesma, sabe-me quase tudo ao mesmo, os locais, os sonhos, as fantasias, tudo se juntou para dançar as mesmas danças e eu não sou grande apreciadora da monotonia. Talvez por tanto a recear, acabei por aceitá-la no meu lar, crente de que ela me abandonaria o quanto antes.
Quando, há uns tempos, toda eu era uma manifestação de boas energias, sempre disposta a aconselhar que vissem o pôr-do-sol nos momentos de ansiedade, a aconselhar que dessem um passeio por aí, jamais me passaria pela cabeça que eu me tornaria vítima da distração em relação a esse tipo de coisas. Não sei, simplesmente há dias em que me sinto a sufocar, a querer pedir ajuda a alguém, no entanto, sem entender como ou o porquê. Depois, como se nada fosse, passa. Assim, do nada.
Não que essa sensação não abandone em mim uma réstia de incómodo, porque querendo ou não, eu percebo quando é que me voltará a acontecer ter um acesso de saturação, no entanto, ultimamente, só tenho vivido disso. O tempo ora se arrasta, ora se ergue e voa por aí… E isso, por muito positivo para certos acontecimentos, deixa-me um tanto perturbada com a quantidade de coisas que ainda tenho por fazer e que não faço porque não me sinto capaz de as elaborar. Ora porque estou sem forças psicológicas, ora por preguiça, ora porque o próprio tempo não facilita.
Começo a conceder-me uma certa razão quando chega a determinado momento de admitir que, de facto, é muita pressão para uma pessoa só. Seja em que aspeto for. Tenho o hábito de argumentar para que nunca atirem os problemas para debaixo do tapete, mas eu mesma ando a praticá-lo, inconscientemente… Se estar aqui a cogitar acerca do assunto, escrevendo-o, me ajudará a evitar entrar por estes caminhos? Nem desconfio, mas de uma coisa sei – ou consigo saber! -: eu vou tentar. Apenas isso. Tentar e aguardar que as próximas laranjas tenham mais sumo do que aquele que reservo por agora. Talvez com os acontecimentos que se avizinham, a vida se torne mais fácil de praticar.

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