Existe somente um livro, de toda a minha estante, que me remete à Primavera: “A Sombra do Vento“. Sei que estou farta de o mencionar por aqui, mas acho que livros que nos marcam merecem uma menção, muito de vez em quando, para o mundo inteiro escutar. Se não estou em erro, li-o no meu último ano de secundário, muitas das vezes à beira do rio, exatamente em meados de Março que, por coincidência, é o mês da Primavera. Estou tentada, no momento em que escrevo, a espreitar aquilo que disse na altura acerca dele, mas vou-me conter e, com a ajuda da memória, explorar as sensações que até hoje habitam em mim. “A Sombra do Vento” é daqueles livros que contam a história de uma vida, com o auxílio de passagens extraordinárias, muitas das vezes mirabolantes, e que fazem os nossos olhos brilhar, como se de uma fonte de luz se tratasse.
Sou sempre demasiado feliz quando estou a ler, mas saber que uma certa doçura dá os seus sinais de alerta, de cada vez que recorro a estas memórias, é sinal de que se tratou de um livro diferente, bem escrito, emocionante. Não me recordo de ter vertido lágrimas, sei que algures pelas passagens dei uns quantos sorrisos, mas de uma forma em geral, “A Sombra do Vento” fez-me suspirar tantas vezes quanto o ato de respirar, fez-me aspirar chegar ao patamar em que o Záfon chegou, converteu em mim aquele gelo e aquela falta de especulação que se uniam em muitos momentos. Este livro, em conjunto com tantos outros, abriu-me as portas para um novo pensar, um pensar leve, despreocupado, fantasioso, independentemente do número de páginas – ou a falta delas!-. Sei que a tendência era a de estar a chover, fazer algum vento e desmanchar cabelos, tal como se está a suceder ultimamente… Porém, naquela altura, mal desconfiava de que toda aquela trama ainda me diria alguma coisa.
Quero desafiar-me a reler esta obra, mais para viver toda aquela emoção novamente, apesar de reconhecer que muitas outras teriam o mesmo efeito… Contudo, há dedicações mais plausíveis do que outras, daí esta necessidade que vai crescendo comigo: para quem abominava as releituras, o ano passado ensinou-me de que elas têm as suas vantagens, mesmo que para nos provar de que não valeu a pena aquele tempo dedicado. Passado dois ou três anos, quero redescobrir Barcelona e reaprender a viver por lá, ao longo de quinhentas e vinte e uma páginas.
Conheciam este livro? Quais os livros que vos fazem lembrar a Primavera?
1 Comment
Ensaio sobre o Desassossego
25 de Março, 2018 at 13:03"A Sombra do Vento" é dos meus livros preferidos!! Também como tu, já o li há uns bons anos e, de vez em quando, dá-me vontade de pegar nele e relê-lo! É um livro extraordinário, sem dúvida.