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BOOK review \ “O Pranto de Lúcifer”, Rosa Lobato de Faria

14 de Setembro, 2017
BOOK
Hesitei, mas insisti perante a sensação de dar início à leitura. Sei que haveria de ser boa, afinal, as pessoas que o escolheram para mim, têm um gosto maravilhoso no que toca à literatura. Foi naqueles dias em que fitei a prateleira superior da estante, na esperança de criar uma certa empatia com algum dos livros por ler, que se me acendeu algo no âmago, a certeza de que aquele deveria ser o livro perfeito para passar os próximos dias e curtir um pouco das férias que me restavam (e ainda restam, por sinal!). Ao início, não percebemos nada. Nem mesmo após a leitura da contracapa. De página em página, com a curiosidade em lume brando, é que nos é apresentada a história de uma família portuguesa, que Rosa Lobato de Faria decidiu criar recorrendo a uma escrita extraordinária e sobre a qual eu não sabia nada, até à altura. Se o meu medo era o de nada entender, a verdade é que cheguei a uma certa página do mesmo e me deparei com uma simples fala, que nos explica quase tudo o que foi decorrendo na trama, sem deixar pontos sem nó.
Finalmente, este meu preconceito para com a literatura portuguesa desapareceu, o receio de não encontrar coisas boas, bem longe mim. Desde que apanhei em Saramago a vontade de explorar aquilo que outros escritores portugueses produzem, que me é cada vez mais latente e real a fome que habita em mim, desejosa de ser alimentada. “O Pranto de Lúcifer” envolve-nos de tal maneira, que é como se da nossa história de vida se tratasse. Acredito que tenha sido devido à edição que tenho, mas o facto da fonte ser de uma dimensão razoável, permitindo-me viajar com fluidez através das palavras, facilitou e tornou o caminho muito mais simples, limpo e rápido de percorrer. Esta autora fez uso de uma construção textual que, aos olhos de muitos, não será novidade, visto que ela intercala diálogos com descrições no mesmo parágrafo, remetendo-nos ao estilo de um outro escritor que tão familiar nos é, o que nos obriga a prestar real atenção aos pormenores e aos desenvolvimentos da narrativa. 
Estamos situados num país comandado por Salazar, a opressão a fazer das suas, e numa época em que, mais do que nunca, quem filho de doutor é, doutor será. Rosa Lobato de Faria traz-nos uma história que quebra estereótipos, facultando-nos personagens diferentes, atrevidas, apaixonadas pela vida, e que preferem correr atrás dos seus sonhos, ao invés de ficarem enclausuradas na vida que escolheram para elas… Pelo menos, a maior parte. Existem conflitos, muito palavreado fresco, cenas de fazer arrepiar, mas ainda assim, uma história que nos ensina, que nos comove e que nos leva a não querer desistir dela! Para aqueles que ainda necessitam de se encontrarem em si mesmos, uma leitura que recomendo imenso!
“(…) mas agora sei, a vida não é extraordinária, só é extraordinário compreendermos que cada dia é o mais importante e fazer disso, por mais simples que seja, uma aventura.”
Já leram algum livro desta autora? Que mais recomendam?

  • Reply
    Sónia Rodrigues Pinto
    14 de Setembro, 2017 at 22:35

    Nunca li nada da autora, embora sempre tenha sentido que devesse por tratar-se de uma das autoras portuguesas mais famosas no nosso país. A tua maneira de descrever o livro e a sensação que tiveste ao agarrá-lo na prateleira e escolhê-lo é encantadora, Lyne! Muito poética, sem dúvida 🙂

    Beijinhos,
    Anteriormente She Writes, agora By the Library

    • Reply
      Carolayne T. R.
      15 de Setembro, 2017 at 19:45

      Obrigada, minha linda! <3
      Estou a ver que sim, ela é bastante reconhecida e com todo o mérito! Aconselho-te mesmo a ler algo dela, penso que gostarás imenso!
      Beijo grande!

  • Reply
    Maria Oliveira
    15 de Setembro, 2017 at 16:11

    O livro, pelo menos nas tuas palavras, pareceu-me muitíssimo interessante! Nunca li nada da autora, embora os últimos 8 livros que eu li sejam todos de autores portugueses (é o que dá ter Literatura Portuguesa no secundário ahah). Espero ler esse livro em breve!
    Beijinhos! 🙂

    MARY WITH LOVE

    • Reply
      Carolayne T. R.
      15 de Setembro, 2017 at 19:46

      E é muito, posso afirmar! Qualquer um se sentirá à vontade para explorá-lo!
      Pois, existem vantagens nisso, eheh.
      Beijinhos!

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