O relato de uma condutora amadora, PT. I

lá se vão dois meses, mais ainda só tive nove aulas práticas. Quanto ao código, penso que esteja minimamente bem, talvez não tão preparada para me lançar ao exame, mas ainda assim mais instruída em comparação com a primeira vez em que pisei aquela escola. Se ainda não se situaram, comecemos pelo início: estou a tirar a carta, mas também só dei a conhecer esta facto, umas semanas após ter começado com o código. Queria certificar-me de que estava a acontecer, que finalmente poderia vir a riscar esse objetivo da minha lista. Nunca vos contei, e penso que poucas pessoas o saibam, mas em tempos eu tinha pesadelos com carros, principalmente quando ia eu ao volante. Eram sonhos baseados numa experiência nula, visto que só este ano é que peguei num carro a sério, logo, o pânico era mais que real. Alimentava em mim aquele pavor de nunca vir a sair do sítio, assim que estivesse prestes a conduzir, e quando o fiz, ainda sem estar inscrita na escola, julguei que não, eu não havia nascido para tal.
O tempo passou, tive a oportunidade de me inscrever este ano, as aulas de código começaram por ser grego, mas o tempo foi-me traduzindo as informações com muita calma e paciência. Depois de conhecer as normas para que pudesse passar à condução, o pavor transformou-se em ansiedade, mas daquelas saudáveis, que nos electrizam de cima a baixo, que nos transformam numa autêntica pilha duracel. Chegou o dia. Digamos que eu era uma autêntica banana – e ainda mo considero como tal, visto que tive pouquíssimas aulas para um período de dois meses -, mas a bananada que me caracterizava na altura já não é a mesma: se hoje dou para lerda, é mesmo porque de certa forma ainda tenho medo de certas manobras, ao mesmo tempo em que confundo as informações que me chegam, o normal, portanto. Se de início, partilhar a atenção da estrada com os espelhos era impensável, hoje até já consigo acompanhar o trajeto de um peão que esteja na berma do sentido contrário, e focar-me sem problemas. Não que o faça regularmente, mesmo para quem já tem anos disto, a distração é uma das causas dos acidentes, contudo, este exemplo serve, somente, para conseguir comparar o meu à vontade para com o carro. 

É fascinante ter aquele poder, aquela oportunidade de “passear” pelas ruas da cidade; aperfeiçoar as curvas; panicar com as rotundas, enquanto o instrutor pega no volante connosco, e nos explica que temos de ter calma; ultrapassar minimamente a velocidade e escutar “Qual é que é o limite aqui?”, e nós reconhecermos de que errámos e reparar o erro… Apesar dos pesadelos, dos medos, no fundo sempre soube que conduzir haveria de ser algo que eu passaria a gostar de fazer, para mais que não seja devido à liberdade que nos abraça, o vento a entrar pelas janelas, o reconhecimento que fazemos no motor, este que pede por uma mudança nova… Ainda me atrapalho com coisas mínimas, mas acredito que com a prática, o tempo e a paciência, para não falar também do meu instrutor que é cinco estrelas, mais dia, menos dia, hei de estar por aí de sorriso no rosto, com a carta na mão e a adrenalina de me tornar independente no ato de conduzir. Levou o seu tempo, mas está a valer totalmente a pena.

Já têm a carta? Como é que foi a vossa experiência?


6 thoughts on “O relato de uma condutora amadora, PT. I”

  1. Eu já vou na 16ª aula e apesar de já saber conduzir minimamente, continuo a ter o mesmo pânico que tive na primeira aula. Sinceramente não vejo a hora de fazer o exame de condução e passar (se tudo correr bem). Isto anda a pôr-me extremamente stressado. Ainda assim, até gosto daquele "mini-poder" de ser eu a conduzir. Boa sorte para a tua jornada enquanto aprendiz de condutora!! 🙂

  2. O teu relato fez-me lembrar quando andava a tirar a minha carta, há três anos. Também comecei bastante ansiosa, mas no meu caso morria de medo de pegar num carro, pois achava que não ia prestar para conduzir. Hoje só me posso rir dessa altura. É normal sentirmo-nos inseguros, mas a prática é mesmo o segredo. Boas aulas! 🙂

  3. Já conduzo há quase oito anos. Agora que penso nisto até me assusta. A verdade é que só há cerca de um ano e pouco mais tive direito ao meu primeiro carro, a que posso chamar de meu. Conduzo todos od dias uma média de 60km's e adoro. É o meu momento. Eu, o volante, e as minhas músicas. Não há trânsito que me aflija. Gosto realmente de conduzir. 🙂

    E passo todos os dias nesta ponte!

  4. Tirei a carta há 8 meses e ainda hoje tenho algum receio quando pego no volante. Durante as aulas tinha imensa ansiedade mas já consigo contornar um pouco mais essa situação. Para ser sincera, prefiro mil vezes conduzir sozinha do que acompanhada. Sinto que tenho outra liberdade e tenho a vantagem de escolher a estação de rádio que quero 🙂 Eheh

    Beijinhos
    Andreia, ALL THE BRIGHT PLACES

  5. Eu, em princípio, vou começar a tirar a carta nestas férias de verão. Era para tirar ao mesmo tempo que estagio, mas o estágio exige-me muitas horas de trabalho e estudo em casa. Mas pode ser que o meu estágio de lar de idosos seja mais soft, e eu aí tire, senão só no verão. Estou tão morta de tirar a carta de condução. Dá-nos uma independência e liberdade incríveis!
    Beijinhos,
    Cherry
    Blog: Life of Cherry

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