ABRIL #RWSP17 Titanic (1997)

Sabem quando o final de algo não vos é completamente desconhecido, no entanto, o caminho a adotar até ele parece transfigurar-se completamente? Foi assim que me senti ao rever o filme do mês de Abril, para o projeto #RWSP17. O tema desta obra não deve ser desconhecida para quase ninguém. Temos um barco luxuoso de nome Titanic, e que cujo objetivo era chegar aos Estados Unidos com as quase duas mil pessoas a bordo. Nesse mesmo barco, duas pessoas completamente distintas, e ainda assim tão complementares, cruzam-se numa situação assim um tanto perigosa, e que acabam por se relacionar psicológica e fisicamente. Mas o Titanic  não retrata, somente, uma bonita história de amor, que nos confere um brilho no olhar, e uma súbita vontade de viver num mundo onírico cheio de romance. Titanic, pelo menos para mim, é uma metáfora da vida real, um pequeno mundo onde temos retratadas todos os tipos de personalidade, toda uma panóplia de relações interesseiras, e um caos que se despoletou, exatamente, devido à ganancia do Homem.
“Mas como assim, Lyne, se o Titanic foi contra um iceberg? De que maneira é que o Homem teve a culpa?” – simples. Para quem já viu o filme, com certeza reparou em pequenas cenas, onde negócios e “contratos” eram feitos entre os homens mais ricos – ou que pelo menos assim o faziam parecer -, e cujos objetivos nada mais eram do que impressionar com a sua brilhante opulência, ofuscando quem, para eles, não brilhariam de forma alguma. Se não fosse pela prepotência, pela ganancia, pela ignorância mascarada de arrogância, talvez o Titanic não tivesse tido o seu conhecido desfecho… Está bem que o filme até pode ter sido romantizado, exagerado até, contudo, penso que nunca é demais cogitarmos acerca destas coisas. Dizem que o ser humano não é selvagem, mas eu defendo que sim, apesar de todo o conjunto de normas, regras, saberes e tudo o mais que temos de seguir e conhecer, de modo a que a nossa sociedade funcione, basta que o caos se instale no canto da sala para que, em menos de nada, ele se espalhe e arranque de nós a versão que tanto contemos, ou pelo menos, educamos em nós. 

Com ou sem caos, houve personalidades que já de si eram podres por dentro, seres que se achavam superiores, exclusivamente porque dormiam num camarote mais luxuoso, apenas porque comiam caviar e bebiam champanhe. Nada disso foi capaz de os salvar, mesmo quando na sua cabeça, esse poderia ser o meio para os facilitar no aglomerado de confusão. Para além disto, temos também retratados o forte desinteresse pelo papel da mulher; as precipitadas conclusões que retiramos de alguém, só porque se veste ou age de tal forma; a humildade, mesmo quando temos a oportunidade de embaraçar aqueles que outrora nos embaraçaram, e claro, uma bonita história de amor que, embora não tenha terminado da melhor forma, serviu para mostrar que nós podemos ser salvos e nos auto-reconhecermos, a partir do momento em que uma única pessoa vê que nós estamos ali e que existimos.
Há muito que se possa debater acerca deste filme, tais como os métodos que poderiam ser adotados, de que maneira é que as pessoas poderiam ter sido salvas, se havia, ou não a possibilidade de todos terem sobrevivido, no entanto, confesso que chorei bastante com pequenos detalhes que talvez aos vossos olhos, não seriam quase nada. Admito, também, que só não o revi no início do mês, pois tinha receio de 1) não gostar, tendo em conta que a primeira e única vez em que vi este filme, tinha eu oito ou nove anos; 2) presenciar coisas que me marcassem de forma abrupta, embora seja extamente isso o que eu procuro nos filmes, séries e livros: lições que poderei levar para a vida. É uma obra cinematográfica que todos deveriam ver, para mais que não seja, apenas, para se envolverem no romance protagonizado por Rose e Jack. 
Esta publicação insere-se no projeto do Re-Watching Season Project. Para saberes o que andam o Jota e a Sofia a rever, clica nos nomes respetivos.
Já viram Titanic? O que têm a dizer do mesmo?

2 thoughts on “ABRIL #RWSP17 Titanic (1997)”

  1. Tens ai uma análise bem estruturada e bem pensada… é bom ler coisas que vão contra a nossa opinião ? obrigada por me fazeres repensar

  2. Andreia Capelo

    Revejo este filme todos os anos, foi uma tradição que impus a mim mesma. É, e sempre será, um dos meus filmes preferidos por tudo aquilo que representa – incluíndo aquilo que referiste neste post. BeijinhosAndreia, ALL THE BRIGHT PLACES

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