Devemos mesmo saber tudo sobre todos?

Não. E quando nego a possibilidade de sabermos tudo sobre o mundo, isso não implica que não devamos correr atrás da informação. Do meu ponto de vista, não é necessário sabermos de tudo um pouco para que sejamos pessoas mais cultas. É verdade que por uma questão de enriquecimento pessoal e de requisitos necessários para uma vida profissional mais gratificante, é positivo o facto de termos conhecimento de algumas coisas… Mas apenas isso, algumas. Para mim, estarmos condicionados a saber tudo acerca do mundo e das pessoas danifica a experiência que é aprender. Seja através da leitura, da escrita, de uma conversa com os amigos, aprender é aquilo que nos ajuda a crescer enquanto seres humanos. A meu ver, se uma pessoa de catorze anos sabe o mesmo que alguém de oitenta, a sua adolescência estará arruinada, e não porque ela não deva entender o que alguém de oitenta já experienciou, mas sim porque esse adolescente chegará aos vinte e poucos sem vontade de correr atrás da informação. Penso que um dos muitos fatores que impede as pessoas de pesquisarem por mais passa pelo ato delas julgarem já conhecer de tudo, logo, enriquecer os seus arquivos cerebrais é descartado. Daí o mundo ainda estar munido de indivíduos cuja ignorância é o pano de fundo das suas vidas… Daí existirem pessoas que se questionam do porquê do seu suposto grupo de convivência não os suportar… Daí existir a diferença entre aprender com as diversas etapas da vida, recolhendo o saldo necessário para aquele momento; e julgar de temos de conhecer de tudo para sermos aceites.
Por muito bom que seja termos conhecimento das diversas áreas existentes, por vezes, a forma como refletimos dominá-las é a condicionante que nos afasta dos outros. Como afirmei, e se não o disse, digo agora, não há mal algum em inteirarmo-nos de tudo. O que acho é que por vezes é desnecessário querermos devorar de tudo, quando muito é algo que não combina com a nossa personalidade. E eu poderia dizer isto com base nos gostos, que muitos insistem em dizer que não se discutem. O facto de discutirmos gostos é que move mundos. O que não se admite é que as pessoas desrespeitem os gostos dos demais. Só porque fulano nunca viu ou leu ou ouviu falar de um assunto que tu adoras, não quer dizer que ele desmereça do teu respeito. O máximo dos máximos é tentares abordar o assunto com cuidado e tentares despertar a atenção de outrem, com o intuito de ensinares aquilo que sabes e, quem sabe, ganhares um novo parceiro para debateres acerca da temática em questão. O positivo de não se saber de tudo passa pela experiência de podermos trocar ideias e termos conteúdos para debater com os nossos.
Eu, pela parte que me toca, gosto de aprender. Julgo que para a idade que tenho, sei mais do que deveria. E isso talvez se deva ao facto de existirem estas novas tecnologias que, com alguma prática enraizada em nós, se torna mais acessível. Pela parte que me toca, por muito que deseje explorar mais coisas, sei que só as poderei compreender quando tiver mais idade do que já tenho e, consequentemente, mais experiência. Não tenho pressa, e por muito curiosa e impaciente, não vejo qual é a necessidade de correr atrás de algo que, neste momento, me é impossível ter. Daí ouvir-se muito que  no nosso tempo não era assim. Se depender do mundo, os tempos mudarão sempre. E se for para melhor ou para pior, isso dependerá sempre de nós. Contudo, e por mais voltas que a terra dê, aprender será sempre uma coisa positiva. O que nos pode mesmo empobrecer é desejarmos vestir fragmentos de informações que não combinem connosco naquele momento, perdendo o interesse pelo mesmo quando for mesmo necessário acompanharmo-nos dele.

2 thoughts on “Devemos mesmo saber tudo sobre todos?”

  1. Dois textos fantásticos publicados no mesmo dia! Cada vez mais adoro o teu blog!
    Não diria melhor, não é preciso sabermos de tudo e de todos, porque isso não nos fará mais cultos, pode até retirar-nos a vontade de aprender, tal como tu disseste.
    O facto de não sabermos tudo é, como tu disseste, aquilo que dá mais encanto à vida, porque podemos debater e trocar ideias com os outros, obter uma nova perspetiva, algo que só se obtêm com o tempo e experiência, e não com a cabeça sempre nos livros. O mal do nosso sistema de ensino é que nos exige que saibamos tudo sobre tudo, o que acaba por cansar os alunos e saturá-los. Porque não aprender com o tempo, sobre aquilo que gostamos e que nos desperta o interesse, em vez de decorar mil e uma coisas de uma vez só?
    Beijinhos,
    Cherry
    Blog: Life of Cherry

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