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“Se não queres ter irmãos, és egoísta!”

24 de Setembro, 2016
Já muitas vezes fui confrontada com esta frase. O público principal, aquele que me está sempre a dirigi-la, são quase todos os membros da família. O facto de quase todos eles terem irmãos e terem sido criados onde foram, não implica que eu queira viver a mesma realidade. Antes de mais, eu não gostaria de ter irmãos não por não querer, mas por saber o quão dispendioso foi e é ter de me criar. Sempre que apresento este argumento, as pessoas não querem acreditar que exista uma verdade nele. Chamam-me de egoísta, gananciosa, sem pararem para pensar que talvez eu tenha razão. Eu já quis ter irmãos… No passado, quando desconhecia do quão bom por vezes é estarmos sozinhos, e do quão caro era ter-se mais do que dois filhos em Portugal. Se os meus pais fossem ricos e não lhes fosse tão complicado arcarem com as minhas despesas, eu não me importaria minimamente com a chegada de mais um membro na família. Ajudaria no que pudesse, partilharia do meu tempo e do meu espaço com a criança e não me preocuparia com o facto de virem a existir empecilhos na sua educação. Sei que para muitos isto não justifica as minhas razões, mas acredito que eu estaria a ser egoísta se quisesse ter um irmão nesta altura da minha vida, sabendo do que sei acerca do mundo. Estaria a ser egoísta se desejasse que os meus pais tivessem o triplo das despesas, despreocupada com os problemas que pudessem vir a ter. Egoísta seria se desejasse algo que não quero, apenas pela pressão da família, com a típica questão “E um mano para a Carol, não?”. 
Para além de mim, sei que os meus pais também não se sentem confortáveis em terem mais filhos, elucidados para as responsabilidades que já têm. Sei que no mundo não sou a única a pensar assim, e seria bastante bom se as pessoas parassem um pouco para se questionarem. Lá porque afirmam que ter irmãos é bom porque nunca ficamos sozinhos, isso não quer dizer que eu não possa descobrir essa irmandade num outro indivíduo que não do meu sangue. Neste momento, contento-me com os primos que tenho, com os amigos e vizinhos, se for necessário. Observo famílias que não têm do que comer, carregadas de cinco ou seis crianças, que devem chorar todo o santo dia por não poderem proporcionar o melhor para os seus filhos, e eu, que sei bem disso, porque haveria de querer algo parecido para a minha família, mesmo sabendo de que talvez não fosse assim tão mau? 
O problema de se compreender os motivos de cada indivíduo em questões como esta é exatamente o facto de não existir empatia e raciocínio. Só porque grande parte das pessoas gosta ou segue uma certa linhagem de pensamentos, não quer dizer que eu tenha de estar de acordo, condicionada ou inclinada para tal. O facto de eu não querer ter irmãos em nada tem a ver com egoísmo, mas sim preocupação. Não digo que se acontecesse de facto, eu desprezaria a criança, nada disso, mas enquanto puder ter uma palavra sobre o assunto, defenderei este meu argumento. Para além de não depender de mim fazer o filho, eu acabo por ser uma das condicionantes para existir um consenso acerca do assunto. E se, neste momento, não habita o à vontade de se ter mais um filho e um irmão, então há que existir respeito.
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    Inês
    24 de Setembro, 2016 at 20:59

    Também muitas vezes fui confrontada com essas perguntas. Eu sempre quis ter um irmão mais velho mas, dada a impossibilidade, as pessoas sempre levaram muito a mal eu não ter aquela nóia de desejar por tudo um "maninho". Nunca pedi aos meus pais, sequer. E aquilo que se torna mais chatinho é que as pessoas automaticamente te rotulem de mimada, só porque é filha única. "Ah, não tens irmãos, és mimadinha!". Porquê? Só se aprende o valor da partilha e os erros do egoísmo através dos irmãos? Claro que não! Já vi tantas pessoas CHEIAS de irmãos com um espírito egoista, maldoso e mimado…
    outra coisa que me perguntam muito é se não me sinto sozinha, como se não ter irmãos seja um sinónimo automático de solidão.
    Juro que acho estes conceitos tão absurdos… Ser filho único não significa ser o cúmulo da solidão e egoísmo. Significa que, simplesmente, não temos irmãos. Se avaliam carácter por agregado familiar, então o mundo está perdido. Enfim.

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      Carolayne R.
      24 de Setembro, 2016 at 21:38

      É tão, mas tão isto! Se eu pudesse, também teria um irmão mais velho, ou mesmo um gémeo, mas já que não posso, também não me coloco por aí a fazer pedidos que, a meu ver, não fazem sentido! Esta é mesmo uma das questões que as pessoas têm de passar a compreender melhor… Volta e meia, e acabamos sempre por ganhar títulos que não têm nada a ver connosco!

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    Joana
    24 de Setembro, 2016 at 22:36

    Como sabes, tenho dois irmãos mais novos, uma dos mesmo pais e o outro apenas do mesmo pai. É verdade que pedi para ter a minha irmã, mas eu fui egoísta ao pedi-lo, como dizes, duas ou três vezes, disse à minha mãe que queria uma irmã, pois precisava de alguém que me ajudasse a fazer torres de LEGO. Por isso, a questão de ser egoísta não devia ser atribuída ao não querer irmãos.
    Na minha inocência dos 5 anos, não fazia ideia como o conforto da vida dos meus pais ia mudar, claro que somos mais felizes agora, apenas porque já não imaginamos o mundo sem ela, porém, na altura tínhamos tudo alinhado para ter uma vida bem à vontade.
    Isto foi só um à parte. Não sou egoísta nem nada do género, pelo menos não acho, contudo, sempre achei ridículo que se tomasse os filhos únicos como mimados ou emproados. Estereótipos cruéis mesmo.

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      Carolayne R.
      24 de Setembro, 2016 at 22:58

      Apesar de reconhecer que talvez no futuro a situação ficasse mais estável, bem sei que aos princípios seria bastante complicado ter de criar mais um filho para os meus pais. Sabendo disso é que defendo que não seria bom surgir mais uma criança, não obstante a quantidade de felicidades que pudéssemos vir a viver!
      E eu sei que não és egoísta e quão amas os teus irmãos. Mas também sei que é algo que depende de pessoa para pessoa! 🙂

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    Noelle Simpson
    25 de Setembro, 2016 at 15:01

    eu sou filha única e quando era pequena nunca quis ter irmãos, apesar de as minhas razões não serem tão nobres: eu só não queria partilhar as minhas coisas com um novo membro da família.
    no entanto, agora que sou mais velha compreendo a importância que um irmão teria na minha vida. se por um lado traria todos os efeitos negativos que mencionaste neste post a nível económico, também seria uma ótima forma de me ajudar a ser mais altruísta, a partilhar a atenção com outros, enfim. acho que me iria ajudar muito a construir a minha personalidade e também iria sentir que tinha sempre alguém comigo.
    no entanto, compreendo o teu ponto de vista e de qualquer forma a questão de ter um irmão já era impossível agora :p
    beijinhos, Noelle 🙂 http://supergirlinconverse.blogspot.pt/

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    Daniela Costa
    26 de Setembro, 2016 at 16:55

    Eu não acho que sejas egoísta por não quereres ter um irmão. Esse argumento é ridículo. Se tanto tu como os teus pais nem pensam nessa hipótese sequer, não há porque vos criticar. Porque é que se tem que ter obrigatoriamente mais do que um filho? Isso são opções de vida que em nada diz respeito às restantes pessoas.
    Tal como neste caso, também me faz confusão que julguem uma mulher por não querer ter filhos. Cada um sabe de si!

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