Relações à distância: a opinião de uma solteira

Nunca estive envolvida num relacionamento amoroso, mas penso que também não preciso de muita matéria pessoal para testemunhar o que aqui venho dizer (ou então precise, e só aqui estou a dizer disparates!). Posso nunca ter tido um namorado, mas tenho amigos por quem nutro um carinho especial e amigos que já mantiveram e mantêm uma relação à distância. Vivendo estas duas situações, sei o quão doloroso é para mim ter amigos distantes, assim como a falta que me fazem nos momentos de maior aperto. Sabendo o que sei por meio de observações, sou da opinião de que as relações à distância têm tudo para não funcionarem. Talvez a minha visão acerca deste assunto se modifique, mas por enquanto, é isto o que defendo. Digo o que digo por uma simples razão: se as amizades que supostamente pedem por muito menos do que um namoro, ou tanto quanto um, se deteriorizam à medida que as pessoas se afastam, conseguem então imaginar o que é estarmos longe do/a nosso/a companheiro/a, sem lhe poder tocar, cheirar, ouvir, sentir e partilhar o dia-a-dia?
Quando falo em relações à distância, não me refiro a duas pessoas que vivem a uma cidade de distância (ou menos) e que ocasionalmente conseguem combinar os seus encontros, mas sim daqueles casais que são impedidos de se verem por um país ou continente, durante anos. Assim como muitas pessoas, sei o quão poderoso é o amor nestas circunstâncias, mas será mesmo que isso basta? Será que dois vídeos chamadas por dia, emails para aqui e para ali, mensagens de amor bastam para que um relacionamento à distância perdure? Para não falar dos casos em que as pessoas se conhecem online e nunca na vida se encontraram e trocaram carícias, imagino o quão complicado possa ser para um casal que diariamente tinha um contacto pontual, para do nada, se verem separados pela distância. Tenho amigos aos quais isto acontece e garanto-vos que me corrói por dentro vê-los a sofrerem por não poderem ter o seu par consigo, fisicamente, naquele momento. A distância é uma circunstância capaz de destruir muita coisa. A falta de contacto humano, de olho no olho, de uma análise específica da pessoa que está do nosso lado pode transformar-se numa ilusão absurda, suscetível a um aglomerado de controvérsias e problemas nesse relacionamento.
No dia-a-dia é o que é. Casais que se vêem diariamente são capazes de mentirem entre si, traindo-se, perdendo o interesse, deixando de depositar o carinho, a atenção e muitos outros fatores que uma relação pede por… Se esta realidade existe no mesmo círculo de pessoas, quando ele se reparte nem quero imaginar. Não pensem que estou aqui a falar do que não sei, porque já tive um contacto muito próximo com alguém que dizia ter e ser fiel ao seu companheiro que vivia a quilómetros de distância, mas que mesmo assim foi capaz de estabelecer uma outra relação com alguém da mesma cidade, ocultando os seus verdadeiros sentimentos a ambos os pares. Desde então que construí esta minha opinião, assente numa realidade que me apercebi ser uma plateia muito recorrente.
Da mesma maneira que sei por experiência que as relações à distância podem-se tornar caóticas, também conheço pessoas cujos sentimentos se intensificaram por esse mesmo fator. Eu mesma sou vítima da deteriorização e da intensificação, mas na área das amizades. Já conheci muitas pessoas na escola, assim como na internet, e sou capaz de enumerar quantas delas já me foram especiais, e que mesmo assim, deixei de ter um contacto diário. Admito ter a culpa nessa consequência, mas é como dizem, se não houver esforço das duas partes, aquilo que as interliga sucumbe e separa-as. A meu ver, manter uma amizade à distância é bem menos doloroso do que um relacionamento amoroso… E tudo porque aquilo que os separa é o contacto físico envolvente. As pessoas levam isto muito para o lado das relações sexuais, mas não é isso que quero transmitir. Pode sim ser algo que une ainda mais duas pessoas, mas é também aquilo que as pode separar. Quem namora ou namorou talvez me esteja a compreender. É o conforto de um abraço, de um beijo, de um olhar que distingue a amizade do amor. É o outro nível da amizade que separa uma comum de uma que caminha para a paixão. E são esses e muitos motivos que me convencem de que as relações à distância são muito difíceis de perdurarem. 

4 thoughts on “Relações à distância: a opinião de uma solteira”

  1. Tive uma relação relativamente à distância. Apenas nos víamos ao fim-de-semana e uma ou outra vez durante a semana. Na verdade, nunca senti que a distância tivesse afetado aquilo que sentíamos um pelo outro. Muito pelo contrário, às vezes intensificava. Na verdade, tudo depende daquilo que cada um é capaz de fazer para contrariar a distância. E aí, sim, o amor não é suficiente. Porque é necessário dar atenção, ser preocupado e estar atento. E esta parte não é nada fácil para algumas pesssoas, nem (a falta disto) aceite por outras (:

  2. Uma relação à distância na minha opinião pode e não pode resultar. Acho que depende um bocado de pessoa para pessoa. Há pessoas que confiam umas nas outras e na pessoa que têm à sua frente mas há outras que por muito que gostem e de certa forma confiem a distância cria uma barreira demasiado grande. E falo por mim, quando digo que não me conseguiria habituar ao facto de não ver a pessoa que gosto todas as semanas no mínimo.
    Quanto a amizades, acho que é mais fácil, claro que queremos os nossos amigos perto mas com um bocadinho de gestão de tempo (falo por experiência comigo e com o Jota) a amizade continua e talvez ainda mais forte que nunca.

  3. Eu acredito em romances vividos à distância que dão, deram ou darão certo.
    Conheço casos, aqui no Brasil, meu país, que deram certo à distância, tendo sido mantido por troca de cartas ou cartas-emails ou outro meio de comunicação, e às vezes, foi muito melhor ter sido vivido à distância inicialmente ou durante certo período, do que se tivessem se visto sempre, no início do namoro; por isso, não acho bom generalizar. É difícil perdurar, sim, concordo com você, mas lembrando que não é impossível. 🙂 <3

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