Esta minha admiração pelas adaptações dos comics da Marvel não vem de hoje. Muito provavelmente já devem estar cheios de me ouvir falar disto, mas o facto é que eu gosto realmente de super-heróis. A DC. que me perdoe, mas em nada tem ela de enciumar pois, tal como gosto da Marvel, gosto da DC.. Posso ainda não ter lido os comics que já deram e dão o que falar por aí, mas isso não anula o facto de eu me estar a render cada vez mais às series e aos filmes que adaptam. Na minha to watch list de dezembro, tinha Daredevil por lá incluída. Adiei, adiei, adiei, até ao dia em que disse basta!, lançando-me a torto e a direito para ela. Tinha uma pequena ideia do que me esperava, não estivesse eu rodeada de pessoas que tinham o que alvitrar, no entanto, não esperava surpreender-me ao ponto de considerá-la uma das minhas séries favoritas de todos os tempos! (e Flash, eu ainda gosto de ti! ♥).
Daredevil conta a história de Matt Murdock, um advogado ao qual a ceguez atacou era ele uma criança, que durante o dia age como tal, mas que à noite, operando com os seus sentidos apurados, combate o crime nas ruas de Hell’s Kitchen, em Nova York, a sua cidade natal. Esta pequena premissa em tudo tem para provocar dúvidas no olhar de quem a lê, mas acontece que a série é muito mais profunda do que um tipo cego que deseja acabar com todo o crime que o rodeia e que o incomoda. Esta produção joga com questões bastante sombrias, em conjunto com vivências que nos fazem questionar se é possível algo do género acontecer fora da tela. Murdock é uma personagem que, não obstante a sua condição física, representa uma força de vontade que por vezes nos é necessária para que quebremos certos limites que impomos. Por muito doentio que seja um cego lançar-se ao mar dos tubarões, é bastante interessante observar a sua evolução, não só em termos humanos, mas também como sendo um ser heróico. A primeira temporada de Daredevil encena o confronto entre Matt e Wilson Fisk, um bandido que procura ascender ao poder perante os russos. Observar tanta determinação em querer derrubar alguém que em milésimos de segundo nos poderia dizimar, em conjunto com a ação, o suspense e o drama que caracterizam este artefacto, prima pelo facto desta junção combinar perfeitamente; para não falar do vício que se instala dentro de nós e pela sede que quase nos obrigada a devorar todos os episódios em apenas uma semana.
Esta série consegue mexer com o nosso sistema nervoso, acertando sempre nos momentos em que a fatalidade passa a ser a personagem principal. Os finais dos episódios dão o que falar, daí sermos consumidos pelos mesmos sem nos apercebermos disso. Para além da ação que predomina todo o enredo, o drama habita nas passagens que contam a vida de Matt, assim como pela sua procura por uma adaptação que lhe valesse por um dia-a-dia sem atribulações, acabando ele por suceder em certos aspectos. Temos de tomar atenção aos relacionamentos existentes e os que se vão copulando ao longo de toda a história, sendo isso sempre fundamental para que as ideias se expandam, tanto para o lado bom como para o lado mau. Independentemente do tipo heróico a que nos apresentem, é do conhecimento geral que todos eles – ou a grande maioria – são movidos por um sentimento que lhes atribula o espírito a vida inteira.
Recomendo-a bastante, principalmente pela primeira temporada que me convenceu, visto que ainda vou no terceiro episódio da segunda temporada; porém, igualmente pela interpretação de Charlie Cox, que está tão bem conseguida, que eu me questionei diversas vezes se ele também era, de facto, cego na vida real. Posso ter falado muito pouco e vagamente, mas acontece que esta é daquelas séries em que se deve falar pouco, plantando apenas a semente da curiosidade. Não fosse por isso, e todo o clima que a rodeia perderia a piada.
2 Comments
Ricardo Francisco
24 de Agosto, 2016 at 11:21A primeira temporada de "Daredevil" foi uma lufada de ar fresco! Gostei tanto da série que a considerei uma das melhores do ano. Dito isto, a segunda temporada ficou muito, muito aquém das minhas expectativas. Não sei se devido a um começo tão bom, mas a continuação soube a pouco. Espero que a terceira seja melhor 🙂
Ricardo, The Ghostly Walker.
Carolayne R.
31 de Agosto, 2016 at 1:26Como ainda não vi a segunda temporada, não posso opinar. Mas espero não me desiludir! 😛