Há dias, no Twitter, recomecei a falar com um amigo que não vejo há anos (leia-se, dez anos!!), mas com o qual me senti bastante à vontade para disponibilizar uma boa dose de palavras que ele estava a precisar para se amparar. No meio da nossa conversa, uma das coisas que eu lhe disse foi para que, se na eventualidade a pessoa de quem ele gostava não o correspondesse, ele não se tornasse escravo desse amor destroçado, convertendo toda aquela dedicação para ele mesmo, como se de um espelho se tratasse em frente da pessoa em questão, e o amor depositado voltasse para o dono. Eu não estava à espera que ele me elogiasse devido àquela frase, mas a verdade é que tenho vindo a debruçar-me acerca da questão “amor próprio” com muito cuidado.
Feliz ou infelizmente, eu já passei por essa fase de uma maneira bastante abrupta, para não dizer outra coisa, e se há coisa que me abalava de cada vez que me olhava ao espelho, era aquele reflexo com o qual não me conseguia identificar. Aquela não era eu, eu não sabia quem era e o que fazer, eu estava por aí “abandonada” no caos que era a minha insegurança. Recentemente, eu tenho vindo a descobrir que o problema não se encontrava no meu reflexo físico, mas sim com o meu interior. A forma como nos vemos depende, e de um modo colossal, da maneira como nos encaramos de olhos fechados. Se a nossa perceção fugir em demasia da pessoa que moldamos num espelho, originando certos tipos de distúrbios, então lamento informar-vos de que vocês estão demasiado perdidos em vocês mesmos. Não que seja uma crítica, mas se não existir um pingo de equivalência por parte do nosso interior e a nossa mente, então algo se passa. Existem situações em que são necessárias a intervenção e a ajuda de psicólogos e profissionais ligados à questão psicológica da coisa, mas enquanto nós mesmos pudermos encontrar a fenda que está a romper-se, melhor para a nossa sanidade mental. Acreditem, eu já estive numa situação tão degradante, que era incapaz de aceitar elogios da minha própria mãe! Por muito natural que seja ultrapassarmos este tipo de azáfama hormonal e emocional, existem limites até no ilimitado!
É certo que estar rodeada das pessoas certas, ter criado este blogue e ter-me moldado no tipo de pessoa que eu sempre quis para mim – uma pessoa saudável e equilibrada psicologicamente – ajudou-me imenso! Se há coisa de um ano eu era inapta de fazer certas coisas por julgar que o meu corpo e a minha maneira de ser não eram as mais acertadas para um certo tipo de ambiente, hoje, dia dezassete de junho de dois mil e dezasseis, à uma e vinte e quatro da manhã, certifico-me de ter o cuidado de me maximizar ao máximo, cultivando em mim as coisas que eu mais aprecio nesta vida, sejam elas a minha família (pais, amigos, etc) ou os livros e as atividades que eu gosto de ir fazendo no dia a dia. Na minha perceção, o ter amor próprio é o mesmo que amarmos alguém, direcionando esse sentimento para nós mesmos. É descobrirmos os nossos gostos, aprofundarmos as nossas ideias, é sabermos apreciar a nossa própria companhia, entre outras coisas… Se a nossa raça é capaz de cometer as piores loucuras por um outro alguém, porque não nos sacrificarmos por nós mesmos, mas de um jeito saudável? Se somos capazes de passar a maior vergonha do século, fazendo uma declaração de amor a alguém, com o risco de sermos rejeitados, porque não encaixar palavra por palavra numa declaração só nossa, de nós para nós mesmos, com as palavras mais bonitas e sinceras do mundo? Porquê colocarmos os outros como prioridade à frente daquilo que somos, em prol de um amor que ainda nem conquistámos no nosso interior? Lembrem-se, Nós para Nós mesmos somos uma verdade universal, algo quase absoluto, e para outros, uma parte que os completa, portanto, sejam para vós mesmos não só essa verdade universal, como também essa parte que vos possa ajudar a preencher-vos fenda por fenda, desgosto por desgosto, até ao ponto em que não necessitem de um espelho para vos reconhecerem por aquilo que vocês são!
2 Comments
Miguel Gouveia
17 de Junho, 2016 at 7:18Obrigado minha querida!
Não diria melhor. Acho que, acima de qualquer outra coisa, o amor que temos pelos outros deve começar, sempre e primeiro, pelo nosso amor próprio.
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Sara Jesus
17 de Junho, 2016 at 8:37Olá Carolayne ! Adoro todo o que escreves… Principalmente estas prosas armadilhada. Também reencontrei uma amiga de infância o ano passado, e sinto exactamente o que dissestes. Mas é sempre bom lembrar a infância e manter contacto com velhos amigos! Boa sorte para a tua vida futura. A vida na universidade é muito trabalhosa… Eu sei isso porque já estou no segundo ano do meu curso, e já tive os meus altos e baixos… Mas vale a pena. Beijos.