Prosa armadilhada \ Jurar promessas


Não posso garantir sorrisos, abraços e olhares penetrantes. Não posso jurar de pés juntos que algo possa vir a acontecer de forma intensa, arrebatadora, capaz de envolver todas as partículas do meu corpo. Estaria a assinar um acordo surreal, fora da lei, um papel que se resume a tudo menos a algo imaculado. Não espero que aguardes por toques que te aqueçam, beijos que te amparem, abraços de cortar a respiração. Não me vejo capaz de fechar as lágrimas num canto do meu coração e sorrir de tudo e de todos. Jurar estar sempre ali para enxugar as tristezas, fazer desaparecer as amarguras. Jurar amor eterno, dedos entrelaçados e recordações de exemplo. Prometer juras e jurar promessas. Embarcar num capítulo mais profundo, deixar-me ser descoberta e descobrir-te a ti. Acordar ao teu lado, encarar o teu rosto adormecido e explorá-lo com a ponta do dedo. Não posso e nem devo prometer isto. Não enquanto não souber o que é ter-te aqui… Não enquanto não te tiver… Não enquanto duvidar que algo do género possa vir a acontecer.
– Carolayne T. Ramos
07.01.2016

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