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PESSOAL \ Lidar com os problemas de peso

7 de Fevereiro, 2016
Já estou há algum tempo para partilhar isto convosco, mas penso que demorei o tempo suficiente para o fazer. Sei que é um assunto que atinge muita gente e eu acho pertinente que, enquanto blogger e pessoa, dê-vos a conhecer este meu problema, pois sei que a forma como o abordarei ajudará muita gente a não se sentir sozinha. Mas principalmente, ajudar-me-à a mim…
Durante muito tempo (e até hoje, mas já lá chegamos), eu sempre sofri de problemas de peso. Embora algumas pessoas venham a tirar daqui conclusões a que estou familiarizada com, este problema já me custou muita coisa. Já me esgotou com a falta de auto estima, já me impediu de fazer e ser muita coisa, já viu mais lágrimas sinceras e dolorosas do que possam vir a imaginar. Eu sempre fui a típica criança redondinha, com falta de atividades, a quem, muito provavelmente, outras crianças já olharam de lado e riram-se da minha condição física. Sempre me chamaram à atenção para esse facto, mas adivinhem, eu era uma criança e pouco poderia fazer na altura. A primeira vez que meti os pés numa nutricionista tinha eu 12 anos, 1 metro e 65 centímetros de altura e 92 quilos. Estava a entrar para o mundo da obesidade, mas os meus pais logo tomaram a iniciativa de me ajudar. Foi com essa primeira experiência de dietas e exercício físico que eu comecei a aprender a lidar com o meu corpo, com os meus hábitos e com a minha cabeça. Cortei em muita coisa que ainda hoje fazem parte da rotina, comecei a cultivar aquela vontade de me querer ver bem, não só em termos físicos, mas também em termos psicológicos… Porém, houve ali uma condicionante que acabou por descontrolar as coisas mais tarde: como era uma dieta acompanhada de uma nutricionista, fui submetida à toma de medicação que me ajudasse a controlar a fome e a perder peso. É verdade que perdi treze quilos em coisa de seis meses, mas assim que eu deixei de tomar a medicação por motivos financeiros, voltei a engordar tudo aquilo que tinha perdido com algum afinco. Como é óbvio, isso mexeu e em demasia com o meu psicológico, tanto que eu aconcheguei-me em alguns dos velhos hábitos e até cheguei a desistir por alguns momentos. 
Dois anos passaram-se e eu comecei a praticar basquetebol, que acabaria por resultar melhor se naquela altura eu não tivesse sido um pouco desleixada com a alimentação. Por um tempo com essa prática, fui vendo o meu corpo ceder aos meus impulsos e a perder a dita cuja retenção de líquidos que muita gente julga não ser nada. Por motivos de saúde, tive de deixar o basquet e tempos depois, inscrevi-me num ginásio, o qual frequentei por um ano. Se não me falha a mente, frequentei esse mesmo ginásio na altura em que transitava do nono para o décimo, mas as coisas adotaram um rumo completamente radical quando estava oficialmente inscrita no décimo.
Existem alturas na nossa vida em que devemos escalar toda aquela montanha que outrora nos vira a cair. Eu estava cansada de me sentir mal comigo mesma, de me olhar ao espelho e não ver nada que me pudesse motivar. De estar rodeada de pessoa com os corpos que eu desejava ter para mim… A única coisa que eu sei e que recordar-me-ei para sempre, é daquele momento em que conheci a pessoa que me empurrou para aquele recinto que eu nunca antes tinha experimentado: o eu mesma. E tudo por causa do meu problema da anca e dum local sagrado que ela conhecia e que me poderia ajudar com a perda de peso. Depois da experiência com o ginásio, jamais me passaria pela cabeça que voltar a um outro conceito do mesmo me poderia modelar – e em demasia – numa pessoa melhor. Acompanhada dessa pessoa e da mãe dela, comecei a participar de aulas de grupo, onde dávamos uso de alguns equipamentos de ginásio e do nosso corpo. Comecei a adotar uma alimentação super radical, onde derrubei tudo o que me fazia mal. Ainda aqui, eu e a minha mãe pedimos ao nosso médico de família uma espécie de recomendação para que eu pudesse ser acompanhada por uma nutricionista no hospital. Consegui ter direito a isso e os resultados foram logo notáveis. As roupas começaram a ficar-me típicos sacos de batata, as minhas pernas começaram a ficar ainda mais firmes, a minha resistência aumentou a piques. A cintura começou a modelar-se e a curva mais bonita e mais sincera começou a conviver comigo: o meu sorriso.
É claro que para além dos resultados físicos, o meu psicológico abanou-se todo. Comecei a dormir melhor, todo o stress que me acompanhava ficou para trás, passei a ser uma pessoa bastante produtiva e comecei a adorar fazer exercício como nunca antes. Para acrescentar o tempero que faltava, tive o enorme prazer de voltar para o hip hop. E a felicidade que existe nesta afirmação jamais passará despercebida. Esse foi o ponto alto da minha adolescência, algo que até hoje me motiva a puxar ainda mais por mim. Devido àquela conciliação de frequentar duas atividades que me deixavam um pouco falida, tive de abandonar as aulas de grupo após um ano a dar no duro. Consciencializei de que, se eu queria continuar a ter bons resultados, teria de continuar a trabalhar em casa. E, de facto, é algo que permanece até hoje e de que falarei em breve numa outra publicação aqui no blogue: aquela Carolayne toda atleta que se apresentou na altura em que frequentei as aulas de grupo continua aqui e é ela que vos escreve, de lágrimas nos olhos de tão orgulhosa que está de si mesma.
Ter este tipo de problemas arrecada um peso que só quem sofre com o mesmo consegue perceber a duzentos. De nada vale negar que nunca desejámos ter o corpo da outra, a perna de Jacinta e o rabo da Gertrudes. Enfrentar problemas de peso também tem destas coisas e eu sei muito bem o que é passar por isso. A mando das consultas no hospital, eu com os meus dezasseis anos, já chorei por não querer ir a uma consulta, por duvidar de mim mesma. Eu já detestei a balança, mas agora estou de paz com ela porque raramente a utilizo. Aprendi que o que importa neste processo é a maneira como nos sentimos connosco mesmos, os exames médicos e as medidas que devemos tirar com uma fita, caso precisemos de controlar o nossos percurso. Posso ainda não estar com o meu tipo de corpo (que se lixem as manequins. A ideia que temos de corpo perfeito não existe. O que existe somos nós e nós mesmos) porém, sei que conquistei muitas coisas pelo caminho e isso ninguém mas tira. Admito de coração aberto que existem dias escuríssimos e que os meus demónios assombram-me, mas se há coisa que eu aprendi é que são nestes momentos que eu busco ainda mais forças para nunca desistir daquilo que quero para mim, para o meu corpo e para a minha cabeça. É que para além de nos ferirmos a nós mesmos sempre que nos deixamos ir abaixo, acabamos também por deitar abaixo as pessoas que nos amam e que só nos querem bem… E o conselho que vos consigo dar através daquilo que escrevo é que nunca é tarde demais para nos disciplinarmos. Não existem nem o tempo nem o espaço para começarmos com uma rotina mais saudável por nós mesmos! Não existe ninguém no mundo que vos possa apontar o dedo para este tipo de situações. Existem aquelas em que devemos ser nós mesmos a cairmos na realidade, mas depois existem casos como o meu, em que inicialmente têm de ser os outros a puxarem por mim, nem que seja um vez em cada século. E por saber que existem pessoas na mesma situação que eu, tentarei dedicar algumas publicações com dicas, métodos e coisas que fui aprendendo ao longo destes seis anos. Aviso desde já que eu nunca aderi a dietas malucas e que sempre fiz as coisas de modo consciente e sempre dentro dos limites. E é isso que eu quero para vocês… Que aprendam que todo este processo pode dar-se se nos mantermos sãos, disciplinados mas, acima de tudo, com vontade para fazer. E o ingrediente principal chama-se paciência


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    Andreia Ribeiro
    9 de Fevereiro, 2016 at 13:52

    Nunca passei por esta exata situação, portanto, tal como dizes, não consigo compreender a 200%, mas também eu já me senti mal com o meu próprio corpo, mais até pelos comentários que os outros iam fazendo. Não por excesso de peso, mas por em criança ter sido extremamente magra.
    Adorei o texto Lyne, nem sei bem o que te dizer sobre ele porque me deixaste sem palavras. Digamos só que me aqueceste o coração e que sinto, cada vez mais, que realmente és uma excelente pessoa. É ótimo saber que te disponibilizas para ajudar os outros. Tenho a certeza de que o teu desabafo ajudará muitas pessoas e fico muito feliz por saber que te superaste a ti própria. Não há nada mais gratificante do que vencer os nossos próprios medos e trabalharmos para atingir os nossos objetivos.

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      Carolayne R.
      9 de Fevereiro, 2016 at 14:18

      Muito obrigada pelas palavras, Andreia. Nem sabes o quão enternecida fico por saber que as coisas que escrevo dão um novo motivo às pessoas e que lhes transmite as boas vibrações que tenciono.
      E eu espero, muito sinceramente, conseguir ajudar as pessoas que estão a passar pela mesma situação que eu, pois sei o quanto custa…
      Beijinhos.

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