A Sofia convidou-me e eu prontamente aceitei. Se for para falar de livros, não há como recusar a um convite destes, principalmente quando o podemos fazer no seu dia, no Dia Mundial do Livro. Já agora, Feliz Dia a todas as pessoas que dedicam parte da sua vida a se cultivar através desta ferramenta tão poderosa, fantástica e mágica. Desde que me lembro, que sei que faço uso da literatura para inovar o meu pensamento, a minha pessoa e a maneira como encaro o meu quotidiano. Embora existam momentos em que leio bastante, em contraste com outros em que nada consigo fazer, a verdade é que existe sempre um momento propício para tal: seja nos transportes, antes de dormir, numa esplanada acompanhada pelo sol…
Tentar descrever a atividade de leitura é tão complexa, exatamente por depender de pessoa para pessoa, e de mentalidade para mentalidade. Apesar de tudo isto, se há coisa que muitos conseguem ter em comum, para além do gosto pela leitura, é uma pequena lista dos livros que mais nos marcaram ao longo da vida. Ao elaborar uma na minha cabeça, pensei que fosse encontrar muitos nomes, contudo, o limite que a Sofia colocou foi mais que perfeito. Não só consegui seleccionar cinco livros, como também me sinto super satisfeita com o resultado!
“As Intermitências da Morte”, José Saramago (AQUI)
Esta lista não poderia começar de outra forma. Ao contrário de muitos dos meus colegas, Saramago encantou-me desde início. Mesmo tendo tido de precisar ler o calhamaço que é o Memorial, nem isso me demoveu de entrar no fantástico mundo d’as intermitências, e tudo porque sempre ouvi falar muito bem deste livro, e com cujas opiniões tenho agora de concordar. Este livro é tão complexo e ao mesmo tempo tão simples.
O facto de Saramago ter pegado num tema tão dogmático e ter criado um mundo tão igual ao nosso, este sem as circunstâncias presentes na narrativa, é assustador. Aliás, excetuando dois livros desta lista, todos os outros são assustadores, na medida em que retratam uma sociedade completamente fora de si, e que se deixa levar por ideais macabros, capazes de desrespeitar os limites da força humana – quão Camões é que isto soou? – construindo um conjunto de pessoas com as quais não gostaríamos nada de conviver! Mesmo para quem não goste de Saramago, este livro é perfeito para mudarem a vossa opinião!
“A morte de Ivan Ilitch”, Leo Tolstoi (AQUI)
Mesmo pequeno, este livro provocou-me um impacto enorme. Em conjunto com as intermitências, A morte de Ivan Ilitch é ainda mais chocante por nos retratar a situação crítica de um ser humano que, ao longo da sua vida, foi construindo arduamente aquela que era a sua vida profissional, pessoal e financeira, e que, em menos de nada, não chegou para o salvar do seu percurso enquanto “ser não utilizável”. Menos de cem páginas foram o suficiente para me colocarem a cogitar de forma consciente acerca das minhas motivações, acerca das pessoas que me rodeiam, acerca daquilo que faço para deixar a minha marca no mundo em que vivemos. Por ser curto e grosso, é que acho importante as pessoas não terem receio de o pegar, explorar e arrecadar novas lições. Eu, pelo menos, aprendi mais do que achei possível!
“Admirável Mundo Novo”, Aldous Huxley (AQUI)
Outro grande clássico do qual ouvi falar bastante nas aulas de filosofia, no secundário, e o qual até tive medo de pegar pela primeira vez, embora a vontade de o explorar fosse imensa! Esta obra é tão poderosa, pelo facto de ter sido escrita há anos luz e, mesmo assim, se equiparar de forma tão macabra aos tempos recentes. Mais dia, menos dia, e havemos nós de estar submetidos a este tipo de realidade retratada, e tudo porque o governo gosta de nos manter debaixo de olho. Seja por nos controlar os sentimentos através de uma droga, ou por nos fabricar em massa nos laboratórios, se nós enquanto sociedade não lutarmos contra isto, há de chegar a um ponto em que a raça humana se sentirá ainda mais perdida do que já está!
“aparição”, Vergílio Ferreira
Embora nunca o tenha chegado a terminar, e apesar desta ser a minha releitura do mês, aparição combinou demasiado comigo, mesmo até nas páginas que nunca li, e tudo porque Vergílio Ferreira tratou do tema da questão existencial. Não fosse por ser como sou, e este tema talvez não chamasse tanto por mim. Gosto de conteúdo que me faça reflitir como nenhum outro me poria a fazer; gosto de frases que não só são bonitas, como também alimentam o meu lado que ainda não achou a resposta que queria; gosto de escutar na prosa, a poesia que muitos não conseguem decifrar… aparição tem vindo a ser uma experiência diferente, serena, digamos até poética! Contudo, não vos posso adiantar muito, mas só pelo facto deste livro já me ter marcado sem antes me revelar o seu final, penso que diz imenso acerca dele!
“Seja o que for o amor”, Sofia Costa Lima (AQUI)
Por esta, a Sofia com certeza não esperava, mas passo a explicar: esta rapariga inspira-me! Em tudo, literalmente. A Sofia inspira-me a querer ser melhor no mundo da escrita; a Sofia inspira-me a nunca desistir dos meus sonhos; a Sofia, em conjunto com muitos outros, inspira-me a ser uma pessoa melhor. Já vos contei, uma vez, que escrevo desde os onze, e desde então que guardo em mim a vontade de, num dia, poder ter um livro publicado. Mesmo sem saber como o fazer, pelo menos na altura, no dia em que me cruzei com esta mulher no mundo da blogo, soube que era possível.
É verdade que existem muitos bloggers que já têm os seus livros publicados, mas nenhum é como a Sofia, e tudo porque eu mantenho contacto com ela, e sou capaz de saber mais acerca dela, do que dos outros. Mesmo sem poder fazer comparações, nada me impedirá de dizer que a Sofia é uma pessoa que merece todo o respeito, todo o apoio e todo o sucesso com o seu trabalho. Quando li o Seja o que for o amor, estava a ultrapassar uma situação que se estabilizou por causa do livro, e por isso, só tenho mesmo de agradecer pela oportunidade que tive em recebê-lo em casa!
Blogues que estão a participar:
→ Litteris
2 Comments
Sofia
23 de Abril, 2017 at 16:51Oh pá, oh Lyne, eu nem sei!!! Adorava conseguir fazer um comentário mais coerente, mas apanhaste-me completamente de surpresa! <3A Sofia World
Sónia Rodrigues Pinto
23 de Abril, 2017 at 23:05"As Intermitências da Morte" também está nos meus favoritos, é mesmo daqueles livros que nos fazem querer ler e reler outra vez! ? Boa lista, Carolyne ?Beijinhos, Sónia Rodrigues Pinto SHE WRITES