É bastante engraçado encontrar-me nesta altura do ano, sentada na cama, rodeada de sebentas e marcadores fluorescentes, enquanto estudo, a cabeça a andar à roda com tanta informação a reter, e não deixar de pensar nas coisas que tive de ouvir da boca de terceiros, bem antes de começar as aulas. Tive de ouvir de pessoas que, muito sinceramente, a mim não me tocam assim tanto, que mais dia menos dia, eu haveria de querer desistir do curso, pois me aperceberia de que ele não haveria de ser para mim e que eu preferiria, mil vezes, trocar para Medicina ou Engenharia, visto que encontrar trabalho em Arquitetura seria impossível… Se na altura me deixei incomodar, agora posso afirmar com toda a certeza que caguei e que tanto me faz aquilo que as pessoas dizem. Cada vez mais, tenho aprendido que construir uma opinião implica que tenhamos uma certa experiência no assunto, não bastando, apenas, uma quantas leituras aqui e ali, e uns burburinhos que, por acaso, nos chegam à porta do lar.
Reconheço que seja muito raro eu vir aqui falar do meu curso, e acreditem que não é por não estar a gostar, ai de mim se me mentisse dessa maneira, é mais porque ele exige tanto de mim e da minha imaginação, que prefiro reservar todo o tempo do mundo para partilhar convosco os detalhes, assim que terminar o primeiro ano. É muita coisa para avaliar, processar, muitos detalhes que requerem uma atenção redobrada. Voltando ao tema inicial, que fique bem claro que eu estou a amar o meu curso. Tenho conhecidos e amigos que já antes do primeiro semestre terminar, já eles tinham desistido ou mudado de curso, um gesto que me foi convencendo de que sim, é isto o que eu quero fazer, por muito trabalho que me dê. Dizem que este será, em conjunto com os anos do mestrado, o ano mais soft que poderei vir a viver, mas nem isso me assusta. Se há coisa que a faculdade me tem ensinado é de que existe tempo para tudo, temos é de saber organizar as nossas prioridades. E se aquilo que conduz o pensamento dos outros para um mundo ornamentado de dificuldades, é a impossibilidade de conhecerem parte da paixão que os restantes sentem por aquilo que fazem, então lamento que assim o seja.
A paixão e a dedicação que nela vem acrescentada é o atual cala a boca que eu tenho para oferecer a quem ouse desclassificar as horas que tenho de dedicar aos meus projetos, mesmo que aos olhos da sociedade, isso não seja nada, somente um recurso em modo de substituição à quantidade de manuais ou sebentas ou lá o que for que os outros universitários têm de engolir ao longo dos semestres. Há muita coisa que as pessoas desconhecem acerca do curso de Arquitetura, e mesmo que me faça uma enorme confusão ter de ouvir, sorrir e mandar um tchau, tal é a impaciência para me explicar, a verdade é que aqui estou para vos dar a conhecer o lado sombrio e, ao mesmo tempo, brilhante do mundo dos arquitetos. Quero muito fazê-lo, mas não será hoje!
*embora tenha de regressar ao seu leito e chorar mais um pouco enquanto estudo materiais pétreos e argamassas e madeiras e vidro e tudo e tudo. E ainda dizem que isto é fácil. #inocentes
2 Comments
Daniela
14 de Maio, 2017 at 14:30Se fazes o que amas vai tudo correr bem de certeza!:D
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Joana
15 de Maio, 2017 at 18:09Oh Lyne. És das poucas pessoas que me fala e conta coisas do curso com uma paixão fantástica. Não ligues ao que as pessoas esperam que tu fracasses. Estás no que gostas e só isso importa.
Acredita que te compreendo muito bem!