Na sua generalidade, não.
Eis uma questão com a qual me preocupo. Primeiramente, porque enquanto criadora de conteúdo, alimento a ideia de que as pessoas que me acompanham consomem tudo o que partilho. Bastante utópico, bem sei, mas sonhar não custa. Segundo, porque por vezes passo tanto tempo sem consumir nada, que me sinto obrigada a fazê-lo. Não só para compensar a minha ausência, como para amenizar a culpa por não estar a apoiar na totalidade o que tenho disponível.
Mas como assim não apoio, contando que o estou a fazer na mesma?
Aprendi, ao longo destes 6 anos a criar conteúdo, que até para o consumir devemos ser seletivos… Muitas das vezes por reconhecermos que determinado assunto não nos interessa de todo. E está tudo bem com essa atitude. Lá porque um blogue, canal ou podcast integra o nosso dia-a-dia, isso não significa que sejamos obrigados a seguir tudo a todo o instante… Para além de não ser saudável, a partir do momento em que damos por nós a ficar desanimados com determinada tarefa!
Reconhecer, de igual modo, que não somos robots, nem tão pouco esponjas, permite-nos trabalhar nesta liberdade de consumir o que bem entendemos e do modo que se nos adequar. Eu não leio, vejo, nem oiço tudo o que tenho disponível, por muito que eu possa aprender. Sou sim o tipo de pessoa que seleciona por separadores, playlists e pastas de download o que quero como acompanhamento para o meu tempo livre.
Muitas vezes por acreditar que, naquela pequena extensão de outro ser, eu serei capaz de encontrar o que procuro… noutras, por engenho da curiosidade e do mistério.
Não existem regras, é o que quero dizer. Sermos seletivos quanto ao que consumimos, seja num seio familiar ou num outro qualquer, não diminui o nosso sentido de apoio. Pelo contrário! Termos o poder de escolha não só nos permite trabalhar a favor da nossa saúde mental, como nos leva a passar um bom bocado naquelas companhias. Claro que, nem sempre, as expectativas são vingadas. Às vezes, até são superadas. No entanto, quero com esta pequena reflexão relembrar que não estamos a perder absolutamente nada por não seguirmos determinados caminhos.
Este debate é semelhante, aliás, aos de se devemos, ou não, dar continuidade a livros, séries e filmes, pois algures naquelas composições, um qualquer twist poderá surpreender. Se, contudo, não sentimos prazer naqueles minutos, talvez devemos aprender a dizer basta a certas coisas. Nem tudo encaixa connosco e parte de cada viajante, pelos seus trilhos internos, determinar o que os impulsiona. Porque se for para nos sentirmos obrigados a algo que supostamente nos faz sentir bem e, por consequência, não nos divertirmos, então algo não bate certo!
2 Comments
Andreia Morais
12 de Fevereiro, 2021 at 19:43Procuro acompanhar de perto os criadores que me inspiram e expressar o que determinado conteúdo me passou e/ou fez sentir. No entanto, nem sempre é possível fazê-lo com regularidade, seja porque o nosso tempo está direcionado para outras questões, seja por não estarmos com predisposição. E está tudo bem. Além disso, não temos de nos identificar com tudo – e isso não significa que gostemos menos da pessoa.
Acho que é muito mais honesto não não lemos/ouvimos/vemos tudo o que é da autoria dos nossos criadores favoritos – e assumi-lo sem culpas -, do que consumirmos para fazer número. Até porque vamos acabar por encarar esta partilha como uma obrigação e não é suposto
Carolayne
13 de Fevereiro, 2021 at 11:06Exatamente! Remataste a questão na perfeição. Por muito tempo, julguei que estivesse errada por não estar sempre a par de tudo a todo o instante, mas conforme me fui moldando, entendi que o errado seria querer ter tudo e não absorver absolutamente nada… Então, ficou até mais aprazível consumir determinados conteúdos! 😀