Eu não preciso do corpo perfeito para poder aproveitar férias, praias, piscinas e experiências. Eu não preciso de me automutilar psicologicamente em todos os momentos em que me sinto ameaçada pelo tipo de corpo que os outros querem que eu tenha. Eu tenho o meu corpo e é nele que tenho de me focar, é por ele que eu tenho de decidir acordar mais cedo do que o normal para ir treinar, transpirar e sair do treino satisfeita com a minha dedicação. É com o seu apoio que eu posso de facto absorver todas os estímulos em meu redor e me completar.
É por mim e pelos meus anseios, pela minha saúde e bem-estar que eu devo sorrir perante o espelho, ser feliz e explorar todas as possibilidades que a vida me apresentar. Eu não preciso de um corpo em específico para me permitir vestir algo mais arrojado, ser fotografada em plena piscina, exibir a força que me acompanha e sobre a qual medito todos os dias. Eu preciso é da vontade para o fazer.
Levei anos para me aperceber disto. Ainda hoje, tenho alguma dificuldade em aceitar de que existe todo um leque disponível de se ser o que se é e que não será por isso que as pessoas gostarão menos de mim. Continuo a alimentar paranóias e acredito que só o deixarei de fazer quando o meu trabalho mental alcançar um patamar superior ao atual, contudo, também é verdade de que já eduquei tantas outras ansiedades, tanto que repetir para mim mesma de que ter este corpo e aceitá-lo é o único caminho certo para realmente o modificar.
Não deixa de ser um exercício árduo, porém, é de igual modo gratificante. É conhecendo de que matéria é composta os meus desgostos que eu me capacito para reunir a destreza de decidir o que mudar a sério e o que manter. É-me conhecendo a mim mesma que eu chego a estas conclusões e me felicito pelas conquistas. Eu não preciso do corpo que tanto me tentam vender descaradamente apenas porque o consideram mais bonito do que o meu. Eu preciso é de uma mente sã que me continue a abrir os olhos para esta realidade, uma boa capacidade de discernir o que é saudável para mim e a garra para lutar por isso!
Foi de corpo esticado numa cadeira de piscina, aconchegada na sombra de um chapéu, que eu sofri esta epifania. Foi das pequenas, tenho de realçar, mas toda aquela textura de sentimentos se me aflorou de cabeça aos pés, preenchendo de frescura os tecidos físicos que se escondiam do sol. Mudar de ares, por um tempo, também resultou neste conjunto de realizações pessoais e que há tanto aguardei, principalmente vestida com um fato-de-banho. Quem diria que eu, de olhos postos no horizonte, me apresentaria com toda a confiança que se poderia esperar de alguém bem-resolvido, no aglomerado de personalidades distintas, e decidisse que eu também posso?
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