Pessoalmente, sou muito mais de séries do que filmes. Apesar de entender a questão de se dispensar muito do nosso tempo a consumir o conteúdo de uma série, considero-as a desculpa ideal para o aprofundamento de um determinado tema, principalmente, tratando-se de um tão complexo quanto o que define “Westworld”. O que começou por ser um plot simples e de fácil resolução, foi escalando ao topo da montanha, transformando-se numa autêntica bola de neve.
Nesta série, é possível compreender que uma só problemática não se concentra, somente, num único ponto e que, de modo a se chegar a uma resolução, é necessário expandir o leque de opções e procurar por todos os cantos possíveis. Podemos, obviamente, começar por seguir as pistas que nos entregam, contudo, há que se estar alerta para o facto de que nem tudo o que parece é e, acima de tudo, de que nem tudo é tão linear e lógico como é do nosso desejo.
uma relação com dupla personalidade
A minha história com “Westworld” começou no ano em que ela estreou. Senti um desejo imenso de a acompanhar, mas tendo coincidido com a minha entrada na faculdade, não deu para a priorizar. Agora, com mais calma, paciência e uma outra visão do mundo, isto é, de mente mais aberta, abri-me à possibilidade de assistir os episódios que já conhecia e, por conseguinte, dar continuidade. Cada episódio conta com uma hora e, denso em termos de informação, começa por ser tudo muito confuso e sem grandes encantos…
De início, dá ideia de integrar na mesmice, porventura, é ao adentrando cada vez mais na gruta que vamos construindo a nossa presença na história e impondo a nossa curiosidade. Esta série é, sem dúvida, para quem gosta de as acompanhar e não se importa de fritar o cérebro com uma panóplia impossível e um tanto imprevisível de twists. Aludindo a esta publicação que escrevi sobre andróides, e na qual expliquei o conceito base de “Westworld”, este não passa de um parque de diversões, onde humanos e andróides convivem, estando o primeiro grupo mais susceptível a dar aso aos seus desejos mais diabólicos.
Conjuntamente ao leque de questões de foro filosófico, político, social e psicológico, “Westworld” culmina quase que na perfeição outros fatores multi-culturais e explora, no seu devido tempo, as diferentes nuances de cada história categorizada neste universo. Por detrás de cada camada de ação, abre-se um espaço para debate acerca do quão válidas são as motivações das personagens e, sem haver tanto distanciamento entre a ficção e a realidade, também eu me colocava a questionar os meus propósitos.
o que achei das temporadas, como um todo
As duas primeiras temporadas são como que um alimento para a nossa alma, autênticos quebra-cabeças e nas quais conhecemos as personagens principais e a sua jornada pela busca de algo mais do que as narrativas que lhes eram atribuídas. Já na terceira temporada, toda a complexidade que caracteriza “Westworld” foi um bocado amenizada. Parte do brilho que se refletia no meu olhar foi posto de lado e confesso que foi a temporada que mais me custou a ver, embora o entusiasmo fosse o mesmo.
Sinto que eles poderiam ter aproveitado muitos detalhes e torná-los mais ricos, reestruturando a ponte que liga o mundo artificial ao dos humanos, tal como tentaram executar. Acredito, portanto, que a renovação da quarta temporada seja sinónimo de recuperação. Há muitas personagens que poderiam ter muito mais a dizer e que ficaram na sombra de tantas outras, deixando-me um tanto desiludida… Espero, então, que elas ganhem o protagonismo que merecem!
apesar de tudo…
Nem tudo é mau, aparentemente, porque a série, na generalidade, não perdeu a sua qualidade e promete imenso, segundo os pós-créditos do último episódio da terceira temporada. Para além do mais, não me posso esquecer de citar a qualidade fotográfica e que me conquistou a cada cena, a composição dos cenários, a trilha sonora e a prestação dos atores! Mal posso esperar para receber uma nova descarga de emoções e questionamentos, resultado tão próprio e adequado para os que conhecem o potencial de “Westworld”!
5 Comments
Andreia Morais
6 de Maio, 2020 at 18:22Confesso que desconhecia a existência desta série, mas vou adicioná-la à lista 🙂
Carolayne
6 de Maio, 2020 at 20:44É tão boa!! *0* Tornou-se, sem dúvida, numa favorita!
Mary
7 de Maio, 2020 at 10:16Tenho esta série na minha lista para ver há algum tempo, mas vou sempre optando por outras. Porém, esta publicação deixou-me muito com a pulga atrás da orelha, por isso, vou ver se lhe dou uma oportunidade em breve 🙂
Obrigada pela sugestão!
Carolayne
7 de Maio, 2020 at 13:20Ora essa!! Espero que gostes! ?
"SERÁ QUE OS ANDRÓIDES SONHAM COM OVELHAS ELÉTRICAS?", PHILIP K. DICK (*) | imperium blog
23 de Maio, 2020 at 15:36[…] acerca de andróides, seres humanos e evolução de espécies, aludindo, também, à série Westworld. Todas as condições mostravam-se propícias, eu é que não as aproveitei. Enfim, saindo da […]