Sem categoria

LIVROS \ AS MINHAS CITAÇÕES FAVORITAS (*)

18 de Julho, 2019
Ontem, na conversa com um amigo, apercebi-me do quão belo é poder ter a oportunidade de saber e querer ler, discutindo, posteriormente, a profundidade de uma história que nos seja comum e que já tenha passado nas nossas mãos. Arrisco-me a mencionar, uma vez mais, o facto de eu ter um caderno munido de temas que me vão surgindo à cabeça e que por ali ficam, até me dar a real vontade de trabalhar nelas. Confesso, também, que apenas aguardava que um dos meus livros regressasse a casa para, aí sim, me debruçar em condições nesta publicação. Segundo o Goodreads, e contabilizando os restantes livros antes desta plataforma, em vinte e um anos, já me passaram cerca de cento e cinquenta livros pelas mãos. 
Feitas as contas, isso perfaz uma média total de sete livros por ano, o que por si só, é demasiado fantástico. Desde que a minha visão quantitativa se alterou, sendo substituída pela qualitativa, que a minha postura enquanto leitora mudou também. Por muito que queria chegar a uma determinada idade com não sei quantos livros lidos, isso não me impede de levar o meu tempo a explorar e digerir as informações que vierem até mim, acalmando o meu coração em relação à possível ansiedade de seguir as pessoas em meu redor e que lêem sete livros por mês. Se, na minha realidade, isso é complicado de se realizar, para quê destruir por completo o prazer da leitura? 
Para além de todo este conjunto de estar e pensar, uma das outras coisas belas neste processo construtivo é o espaço onde guardamos as frases, as passagens, os diálogos mais impactantes de uma obra e que nunca nos abandona, visitando-nos, de quando em vez, com o odor da época em que demos as mãos e viajámos por aí. Hoje, quero que seja sobre isso:  sobre as citações que mexeram comigo, que me ajudam a ser a pessoa que sou, que me obrigaram a fazer uma pausa na leitura e recuperar o fôlego. Não apresentarei uma ordem em específico, dado que todos os livros aqui citados expressam uma igual importância na minha vida.
FOTOGRAFIA POR @MILLESPHOTOS

O mundo reduziu-se à superfície da sua pele, e o interior ficou a salvo de qualquer amargura. Doeu-lhe não ter tido aquela revelação muitos anos antes, quando ainda tivesse sido possível purificar as recordações, reconstruir o universo a uma nova luz, evocar sem estremecer  o perfume a alfazema de Pietro Crespi ao entardecer, e resgatar Rebeca do seu refogado de miséria, não por ódio nem por amor, mas pela compreensão desmesurada da solidão. O ódio que sentiu certa noite nas palavras de Meme, não a comoveu porque a afectasse, mas porque se sentiu repetida noutra adolescência que parecia tão limpa como a sua deve ter parecido e que, no entanto, já estava viciada pelo rancor. Mas então já estava tão conformada com o seu destino que nem sequer a inquietou a certeza de que se tinham fechado todas as possibilidades de rectificação. O seu único objectivo foi terminar a mortalha” – p. 223, in “Cem anos de solidão“, Gabriel García Márquez (WOOK | BERTRAND)

Porque só se é homem assumindo tudo o que fale em nós. Chico pensa na utilidade «prática». Mas, se através dos tempos o homem pensasse apenas na utilidade prática, hoje não seria um homem, seria um parafuso.” – p. 190, in “aparição“, Vergílio Ferreira (WOOK | BERTRAND)

Só as coisas sagradas merecem que se lhes ponha a mão, Dorian (…) Quando se está apaixonado, é sempre pela própria desilusão que se começa e pela desilusão dos outros que se acaba. É a isso que o mundo chama um romance” – p.57, in “O retrato de Dorian Gray“, Oscar Wilde (WOOK | BERTRAND | BOOK DEPOSITORY)

Menos a questão da morte, senhor, se não voltarmos a morrer não temos futuro” – p.95, in “as intermitências da morte“, José Saramago (WOOK | BERTRAND)

Seria ele a minha casa e, posteriormente, o meu regresso a ela? Tu és o meu regresso a casa. Quando estou contigo e nos juntamos, não há nada mais que eu possa querer. Tu fazes-me ser aquilo que eu sou, a pessoa em que me torno quando estou contigo, Oliver. Se há alguma verdade no mundo, ela existe quando estou contigo e, se em alguma dia, eu ganhar a coragem para te falar a minha verdade, relembra-me de acender uma vela no dia de Ação de Graças em todos os altares de Roma.” – (tradução livre) p.49, in “Call me by your name“, André Aciman (WOOK | BERTRAND | BOOK DEPOSITORY)

Olha só para o teu estado. Olha para a imundice que te cobre o corpo. Olha a sujidade entre os teus dedos dos pés. Repara nessa nojenta ferida infectada na perna. Sabes que cheiras mal como um bode? Olha como estás magro. Podia partir-te o pescoço como se fosse uma cenoura. Até o cabelo te está a cair às mãos-cheias. Olha! Abre a boca. Restam nove, dez, onze dentes. Estás a apodrecer. Estás a cair aos bocados. Que é que tu és? Um monte de lixo. Vês essa coisa aí à tua frente? É o último homem. Se tu és um homem, então é isso a humanidade.” – p.274, in “1984“, George Orwell (WOOK | BERTRAND | BOOK DEPOSITORY)

Já leram algum destes livros? Ficaram curios@s? ♥
(*) Sendo o IMPERIUM um dos seus blogues afiliados da Wook, da Bertrand e do Book Depository, ao comprarem
através destes links, estão-me a ajudar com o meu trabalho e eu
agradeço-vos, desde já, pela contribuição! Podem ler mais acerca do
assunto AQUI!
  • Reply
    Andreia Morais
    18 de Julho, 2019 at 20:24

    É mesmo importante valorizar o nosso ritmo de leitura, sem nos deixarmos influenciar pelo dos demais. Porque o nosso contexto é sempre diferente e, consequentemente, o tempo que temos disponível também. Antes de qualquer número, é fundamental dedicarmo-nos à leitura por prazer. Sem pressas e sem pressões.
    Quero muito ler "Cem Anos de Solidão" e "As Intermitências da Morte"

  • Reply
    Leonor
    23 de Julho, 2019 at 18:45

    nunca li nenhum desta incrivel lista – my bad – mas gostei da tua reflexao acerca da visao qualitativa ao inves da quantitativa, muito interessante!

    im baaaack!

O que pensas sobre o assunto? Gostaria de ler a tua opinião! ♥