SÉRIES "DEAR WHITE PEOPLE" (2017-PRESENTE)

Embora com alguns aspetos que me deixaram de pé atrás após uma reflexão mais aprofundada, “Dear White People” cumpre com o seu objetivo de alertar para certas situações raciais entre brancos e negros – especificamente -, fazendo referências às histórias individuais de cada uma das personagens, cada uma delas com um carácter que se vai diferenciando dos demais. Apesar de defender que certas personagens serviriam melhor para simbolizar todas as outras, não deixa de ser interessante observar de que maneira é que os produtores e diretores construíram toda esta trama, de maneira a não só criar pontes que ligam o mundo real com o ficcional, como também permitindo uma abertura maior em termos de empatia para com as diversas situações que nós, negros, passamos diariamente.
Homónimo, “Dear White People” é também o programa de rádio na série que visa a desconstruir certos preconceitos dos quais as personagens são vítimas, empregando um certo tom sarcástico, radical e um tanto “olho por olho, dente por dente”. Não lhe querendo retirar o mérito de se tratar de uma sátira da sociedade atual e que, estupidamente, continua a ser moldada em paralelo com o passado, penso que esta série peca por alimentar certos aspetos que me incomodaram na vertente pessoal, começando pelo facto desta* personagem principal, a Sam, ser uma mulata quase branca e que dá a cara por tantos outros negros, e que tanto utiliza o argumento de que é necessário um branco servir de muleta para que os negros cresçam na sociedade.
*Afirmo “esta Sam” porque também existe um filme de 2014 com o mesmo nome e a performance da outra atriz pode diferir, modificando a minha opinião acerca desta personagem

Ora, se os criadores desta série quisessem que a questão da representatividade fosse credível, seria necessário que este tipo de sarcasmos figurativos não existissem, pois, acabam por servir o mesmo propósito que tanto tentam combater. Claro que isto é discutível, pois, ao mesmo passo em que esta Sam não me representou de maneira alguma, consigo entender os seus conflitos internos, começando pelo facto de ela ter um pai branco e uma mãe negra e se identificar a cem porcento com a sua negritude, e também pelo facto de ela defender os direitos dos afro-americanos, demonizando os brancos e, sem querer espalhar qualquer tipo de spoiler, estabelecer relações pessoais que dispersam em relação às suas crenças.
De um modo geral, “Dear White People” conseguiu arrancar de mim um lado mais inquiridor, reflexivo e fiel a mim mesma. Fez-me perceber de que a minha essência jamais poderá se traduzir ao facto de eu ser negra e tal se explicar de forma científica e genética; que em momento algum, eu poderei questionar a minha inteligência como intelecto e a minha inteligência emocional, entre tantas outras questões essenciais. Dei por mim a discutir estes e tantos outros assuntos com uma amiga minha e cheguei à conclusão de que SIM!, é necessário conversarmos de maneira aberta e sincera com aqueles que nos são próximos, construindo assim uma teia informativa e que, bem estruturada, poderá atrair tantas mais pessoas interessadas em conhecer diversas realidades, respeitando-as.
Para além de nos deixar suspensos em cada final dos episódios, “Dear White People” ainda conta com duas temporadas, com dez episódios super curtos cada e que, consequentemente, conseguem ser vistos rapidamente. Se procuram por algo diferente, de certa maneira educativa no sentido de passar mensagens importantes, e um tanto controverso, esta escolha é o ideal!
Já viram esta série? O que acharam? ♥

O que pensas sobre o assunto? Gostaria de ler a tua opinião! ♥

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