Eu já deveria saber como é que tudo começa: é muito habitual eu cruzar os olhos num cartaz, ler a sua sinopse, guardar o conteúdo na lista da Netflix e deixá-lo a repousar, como se se tratasse de uma refeição que necessita de absorver os temperos, de maneira a saber bem no dia seguinte. Quando lá decido provar a coisa, dou por mim a viver diversas emoções: espanto, preguiça, arrependimento, entusiasmo e, por fim, estupefacção. Afinal, porquê? Porque, no momento seguinte em que termino quase todas as temporadas existentes de uma série – e que não me leva assim tanto tempo! -, questiono-me acerca das razões que me levaram a colocá-la de lado.
E, uma vez mais, foi o que aconteceu com “Luke Cage”. Há imenso que já lhe conhecia o plot, a capa, o estúdio por detrás – Marvel, forever ♥ -, no entanto, e sem deixar qualquer tipo de rasto, o desespero de fugir das responsabilidades da faculdade obrigou-me a procurar por algo diferente… E porque não apostar em mais um super-herói que, por acaso, é negro? Para além deste ponto que nos é tão igual, identifiquei-me com o Luke em diversos aspetos: somos calmos, detestamos receber atenção, porventura, quando se metem com os nossos, têm de se ver connosco!
Claro que não possuo super força, nem tão pouco sobrevivo a balas – I wish! -, e sou capaz de gostar mais de café líquido do que ele, contudo, o seu percurso chama a atenção de qualquer um, pois, pela segunda ou terceira vez, o herói negro é representado com um ser humano com sentimentos, valores e capacidade de raciocínio! Já vos falei da minha posição acerca da representatividade negra no mundo cinematográfico em prol de “Pantera Negra” e o mesmo se mantém acerca desta série: apesar de retratarem um bairro “pobre”, cuja população é maioritariamente negra – e olhem que é de louvar existirem produções onde raramente surgem figuras brancas para ofuscarem a potencialidade de uma figura negra! -, e onde também existem gângsters, dramas familiares e tanto mais, senti-me confortável e pouco ofendida, se querem que vos seja sincera.
“Ah, isso quer então dizer que te ofendes com pouco!” – Nem por isso, mas tal não me impede de expor aquilo que sinto em relação à forma como a comunidade negra é por vezes representada, na sua maioria não abrangendo pessoas como eu: apesar da cor da pele, somos bem-educados, não roubamos e temos qualidades. Tal como muitas personagens em “Luke Cage”! Desfocando um pouco a atenção destes pontos, a minha apreciação é bastante positiva. Vibrei com cada música – toda esta série é muito afeiçoada à música e em todos episódios apresentam-nos artistas diversos, grande parte negros! -, todos os episódios contêm doses de ação, embora muito violenta por vezes; o humor é equilibrado e todo o núcleo vai-se expondo, sem pressas e sem grandes falhas.
Admitido que no início da segunda temporada, houve situações que me deixaram a pensar demasiado, mas sendo uma série da Marvel, é natural que as explicações residam noutras séries da mesma trama, nomeadamente “Jessica Jones”, “Daredevil”, “Iron Fist”, “Defenders” e em mais uns quantos. Ainda nesta semana, dediquei-me a assistir a primeira temporada de “Jessica Jones” e admito que percebi muito mais do Luke do que julguei possível. Agora, só me resta deambular pelas restantes séries e dissecar as informações que pretendo.
Quanto às personagens: Mas que ricas que elas são!!! Há muitos atores dos quais ignorava a existência, mas depois de os visualizar nos seus papéis, denotei o talento e a paixão! Dos mais leves aos mais hard-core, cada uma delas possui um brilho que nos pode ensinar bastante, por muito estranho que nos seja engolir as lições que um dos vilões nos possa facultar, quando um outro não o pode fazer… Carregado de entretenimento, representatividade, reflexos da sociedade atual, podem encontrar em “Luke Cage” uma potencial série favorita… E julgo que seja um pouco difícil não nos deixarmos apaixonar pela atmosfera sedutora de toda esta história!
Conheciam “Luke Cage”? Ficaram interessados/as? ♥
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