Março não foi propriamente um mês cinematográfico. Em grande parte, eu sou a culpada por não ter furado a agenda nos momentos oportunos, dando-me a oportunidade de ver mais filmes e documentários, tendo em conta aqueles que vi no terceiro mês do ano. Apesar de tudo, não foi mau de todo: a gripe ofereceu-me um vale de um filme e um documentário, e dias depois, em contexto de amigos, pude adicionar mais um nome à minha lista. Mais pobre do que Fevereiro, em Março só tenho três títulos para partilhar convosco!
“BUSTER KEATON, O GÉNIO DESTRUÍDO” Comecemos pelo documentário, desta vez. Estava naqueles dias críticos da gripe, em que não nos apetece fazer absolutamente nada, isto porque o corpo também não ajuda, tendo-me aconchegado na cama dos meus pais – e que é só no melhor quarto da casa, visto que é ali que o sol se derrete na maior parte do tempo! -. No meio do zapping, dei com um documentário a falar de Buster Keaton, um ator e diretor de filmes mudos-cómicos. Confesso de que nunca tinha ouvido falar dele, até ao momento, apesar de ele e o Charlie Chaplin terem sido amigos. Foi interessante para mim ter entrado um pouco mais neste mundo do cinema, descobrindo os caminhos que estes artistas têm de ir percorrendo, tropeçando imensas vezes nas armadilhas da vida, levados pelos conselhos de outrem.
Para quem conhece a história de Keaton, sabe o quão triste foi a sua degradação no mundo do cinema e que se deu, somente, por uma assinatura num papel “insignificante”. O documentário abre-nos os olhos para a dura realidade que abarca as consequências de industrializarmos as nossas ideias e que por vezes nos danifica enquanto artistas… A falta de oportunidades, o abandono, os vícios que surgem após denegrirem a nossa imagem são algumas delas, para não referir tantas mais! Dei por mim a cogitar nas minhas próprias decisões e na importância que dou à minha auto-sabotagem. Enquanto artista, seria um tiro no pé ver o meu trabalho, o meu esforço e a minha criatividade a serem restringidas por um contrato, quando até aí eu era livre de criar e tinha o meu sucesso. Senti-me, acima de tudo, empática para com Keaton e subiu-me uma certa felicidade quando, no final das contas, ele conseguiu ser feliz após a tempestade.
“VERTIGO” (1958) Há uns tempos, desafiei-me a ver todos os filmes do Hitchcook. Comecei pela saga “Psycho”, tentando em vão continuar a jornada pelas mãos de “Vertigo”. Foram necessários uns minutos para que logo perdesse o interesse, deixando o assunto de lado. No mesmo dia em que vi o documentário, mudei de canal e, algures, estava a acontecer uma mini sessão dos filmes do Hitchcook. Tanto procurei que encontrei o “Vertigo”, concedendo-lhe uma segunda oportunidade: não me arrependo. Com um desenrolar lento, ali entendi o porquê da minha desistência à primeira: ansiosa como sou, tramas que levam o seu tempo deixam-me nervosa. Apesar de tudo, compensou conhecer a história do polícia que tinha vertigens e que foi contratado por um amigo, de maneira a resolver o caso da sua esposa, cujo corpo era tomado por um espírito, conduziando-a a locais dos quais ela já não se recordava, quando lúcida. É uma história policial que me deixou estupefacta – deveras! -, e que contém um plot twist do caraças!
“CREEP” (2014) Ora, eu tenho uma sorte enorme por conhecer pessoas de um gosto vincado no cinema e que por tanto verem filmes, sabem como aconselhar nos momentos críticos. É certo e sabido de que o catálogo cinematográfico da Netflix peca pela falta de opções, levando a um certo nível de frustração na hora de escolher – principalmente quando se está em convívios! -. Felizmente, um dos amigos já tinha visto “Creep”, tendo-o sugerido. Bom, como falar deste filme que, até hoje, me está na cabeça? (e não pelos bons motivos!).
Resumidamente, “Creep” conta-nos a história de um fotógrafo que é contratado por um pai de família, para que o pudesse gravar para o futuro filho, antes de morrer de cancro. Ao início, levamos a história numa boa e até desconfiamos de que o resultado final não seja grande coisa, mas depois de um certo contacto com as personagens, vemo-nos presentes num ambiente desconfortável, sinistro, macabro… Aquilo que nos dizem deixa de fazer sentido; a linguagem corporal das personagens aguça-nos a desconfiança e a trama vai-nos asfixiando, asfixiando, asfixiando… ATÉ não cabermos mais no nosso próprio corpo! Dá-se um misto de sentimentos por todos os lados e terminamos o filme de olhos esbugalhados, no meio do silêncio, chocados. E se isto não vos chamou à atenção, apenas vejam-no para confirmar, porque “Creep” é tal como o nome indica.
Já viram algum destes filmes? Algum que vos tenha interessado?
Publicação inserida no projeto #MOVIE36. A criadora, Carolayne Ramos, do blogue “IMPERIUM“. A parceira oficial é a Sofia Costa Lima, do blogue “A Sofia World” As participantes: Inês Vivas, “VIVUS ” | Vanessa Moreira, “Make It Flower ” | Joana Almeida, “Twice Joaninha” | Joana Sousa, “Jiji” | Alice Ramires, “Senta-te e Respira ” | Cherry, “Life of Cherry ” | Sónia Pinto, “By The Library ” | Inês Pinto, “Wallflower ” | Carina Tomaz, “Discolored Winter ” | Sofia Ferreira, “Por onde anda a Sofia” | Rosana Vieira, “Automatic Destiny ” | Abby, “Simplicity ” | Sofia, “Ensaio Sobre o Desassossego “
1 Comment
Sónia Rodrigues Pinto
5 de Abril, 2018 at 11:02Confesso que tenho alguma vergonha em ser licenciada em Literatura e Artes, onde tivemos cadeiras dedicadas ao cinema, e ainda assim não ter tido o interesse em conhecer todos os filmes de Hitchcock. Acho que é um ponto fulcral na história do cinema e se somos verdadeiros apaixonados pela arte, temos que passar por estes clássicos! Qualquer dia aventuro-me a fazer o mesmo que tu, apesar de filmes de suspense/thrillers não serem muito o meu género. De resto… Não vi nem conhecia as tuas restantes sugestões ?