Assusta-me, cada vez mais, o facto de num mundo supostamente evoluído, a estupidez encarar essa evolução com inveja, correndo atrás do sucesso alheio, manifestando-se de forma cautelosa em pequenas atitudes, frases, momentos, trazendo à tona algumas questões que as pessoas evitam abordar. Duas delas, e as que me incomodam mais, são precisamente o racismo e o preconceito. Vivemos numa época onde tais conceitos já não deveriam ser referidos, seja em que formato for, afinal, porque é que a humanidade persiste na tarefa de abolir as atrocidades, substituindo-as pelos direitos humanos, quando na verdade, as mentalidades retrocedem a cada dia, com uma pressa aterradora…
Penso que o grande boom da questão reside no facto do mundo ainda ser governado pelas pessoas que, outrora, declararam que os pretos, os paneleiros, as fufas, os ciganos, os gatunos, as mulheres, as putas e os vadios não deveriam exercer qualquer tipo de direito, apenas deveres civis que suscitassem o interesse dos mais poderosos e nunca dos “seres inferiores” à sua beira. Reconheço, e julgo que seja assim com muitos, que as pessoas mais jovens conseguem ser mais tolerantes, isto quando a sua educação tem como base o respeito, a empatia e a aceitação, independentemente da educação que os pais, avós, tios ou primos receberam no passado, ultrapassando o limite de raciocínio imposto na sua época. Essas atitudes apenas demonstram que a sociedade não evolui ainda mais porque não quer e porque se sente confortável na pele de quem julga e cospe no prato que tem, por caracterizar a sua zona de conforto… Porque sejamos sinceros, ninguém, ou quase ninguém, aprecia o facto de ter de abandonar o aconchego da sua mente, para se soltar num mundo que não lhes diz nada e que, ainda para mais, os aterroriza. Infelizmente, é assim.
E tudo isto porquê? Eu não me deveria estar a justificar, afinal, sou da opinião de que quem tiver um pingo de consideração pela sua existência, deveria dedicar alguns minutos do dia para refletir acerca de assuntos destes, no entanto, esta minha publicação vem ao encargo de uma reflexão que fiz após a leitura de uma publicação, não interessa de quem, acerca de um tema um tanto ou quanto estereotipado. Basicamente, a pessoa afirmou que se sentiria melhor na pele de fulano devido a um certo número de características comuns, uma delas que me deixou intrigada e de certa maneira excluída. Duvido muito que essa tenha sido a intenção da pessoa, mas não consegui largar esses sentimentos, ao ponto de ficar com o cérebro em água de tanto pensar…
É triste observar que até pessoas tolerantes, inteligentes e maravilhosas carregam, algures dentro de si, um bicho que as incute a beber dos estereótipos e das maldades do mundo, sem se aperceberem de tal ação. Não falo só por mim, e nem tão pouco quero passar a imagem de salvadora da pátria, mas tanto os negros, como os homossexuais, as lésbicas, as prostitutas, enfim, não têm de levar com as merdas que incomodam os seres armados em espertos, tendo de pagar pela esquisitice humana! Porque, tal como eles, nós também somos humanos! E, não me querendo alongar mais neste assunto, ficarei por aqui, deixando em suspenso aquilo que vocês pensam acerca deste assunto. Não é mesquinhice minha, é uma verdadeira preocupação pelas pessoas que me rodeiam, pela minha sanidade e pelo mundo que andamos arduamente a construir pelas pessoas do futuro.
4 Comments
Daniela Costa
15 de Outubro, 2017 at 13:32Como te compreendo… Fiz voluntariado com crianças ciganas, e eu própria ouvi tanta coisa de que não gostei (sempre que mencionava que fazia voluntariado num bairro social). A nossa sociedade é muito triste, infelizmente. Gosto bastante do teu novo blogue, de cara lavada ? E do nome também!
IMPERIUM
19 de Outubro, 2017 at 19:29É muito triste termos de levar com comentários destes, mas o importante é continuarmos a trabalhar para que no futuro as coisas já não sejam assim!
IMPERIUM
19 de Outubro, 2017 at 19:29Muito obrigada! Beijinhos!
Joaninha
25 de Novembro, 2017 at 14:31De facto ainda não tinha lido e não sei como me escapou. Sabes como estou bastante pensativa nestes últimos tempos e como isto me incomoda também. Aliás, não tenho no meu corpo nenhuma das características que maior parte das pessoas considera diferentes, Mas, por ser mais morena, sempre que digo que quero ir trabalhar para Munique, dizem-me que sou doidinha e que é perigoso, que não ia ser aceite, etc, etc. É triste que haja racismo, descriminação, preconceito em todas as atitudes e acções. Como dizes, podemos mudar o mundo à nossa volta, mas não podemos mudar todo o mundo.