É curiosa a maneira como eu manejo certas situações. Não enumerarei aquela que me inspirou a escrever este texto, no entanto, posso-vos adiantar de que tem a ver com o amor. Admito: apesar de ser uma pessoa de personalidade ambígua, parte de mim ainda acredita naquele amor que incendeia o nosso interior, que nos faz desejar encontrar a pessoa, esteja ela com boa cara ou não. Acredito que o amor possa durar para sempre, não no sentido de infinito, mas sim porque bem semeado, ele é capaz de ser reconhecido por muitas e muitas pessoas, mesmo quando elas fazem parte do nosso pequeno círculo de amigos e família. As coisas mais importantes e que mais desejamos não têm, necessariamente, de se encontrar a quilómetros de distância.
Em casos “normais”, eu tendo a ser aquela que mais descontraída se encontra para ouvir, aconselhar, brincar e dar um empurrãozinho, mas nunca sem antes o consentimento das duas partes, ou pelo menos da parte que me for mais próxima. Em jeito de brincadeira, isto já do meu próprio domínio, contudo, de tom sério, sei sempre como marinar as minhas declarações e fazê-las chegar ao destinatário, mesmo consciente de que não terei uma resposta de volta. No entanto, quando o caso roça outras vertentes, eu congelo. Não sei porquê, se eu sou capaz de me aproximar de uns, porque é que, subtilmente, retraio-me em relação a outros? Então, o que há de diferente?
Talvez seja a intensidade do sentimento. A vontade com que estamos de conhecer a pessoa, saber sobre ela, darmos a conhecer a pessoa que somos, e por aí vai. Acredito que aquilo que muda de uma relação para outra, é a maturidade que vai florescendo dentro de nós. Porque na verdade, bem lá no fundo, nós sabemos que nos vamos desiludir… Nós ficamos de pé atrás porque receamos ser rejeitados… No fundo, no fundo, de tanto vermos e ouvirmos coisas, aquela nossa não tão falsa fantasia poderá ser uma mentira. E nós não gostamos que nos mintam. Principalmente, quando ela surge dos nossos terrores, das nossas derrotas e, mais triste ainda, das nossas conquistas… Não obstante as desavenças, e sentando-nos à frente das melhores coisas que a vida pode ser, penso que vale a pena. Vale sempre a pena, não porque a alma seja pequena, mas sim porque poderemos estar a perder um dos momentos mais enriquecedores da nossa vida. E não é exatamente por isso que ela, para uns, é objeto de tamanha valorização?
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