Compreendo perfeitamente que não passe pela cabeça das pessoas o que é viver dentro de uma prisão psicológica. A maior parte recusa-se a aceitar de que o mesmo se passe com elas, enquanto que o outro lado nem sequer se incomode com o assunto. Isto tudo, claro, de forma generalizada. Sei que existe quem se preocupe, sei que no aglomerado de humanos que levam a vida de uma forma egoísta, existam outros que tentam desempenhar um papel fundamental, útil e que auxilie quem mais necessite nos momentos difíceis.
Eu costumava ser uma delas… A pessoa que precisava de ajuda. Não nego que já não necessite, afinal, sou um ser humano, garanto-vos, no entanto, muita coisa mudou. As minhas necessidades mudaram, a forma como encaro o mundo modificou-se. Durante anos, eu detestei o meu corpo. A casa onde vivia, que eu alimentava, para a qual eu trabalhava arduamente, com o objetivo de alcançar uma forma que se adequa-se àquilo que eu idealizava. Durante muito tempo, isto nunca resultou. Até ao dia em que simplesmente mudei de atitude, perante outras exteriores. Apercebi-me de que eu nunca consegueria mudar o meu corpo se a minha mente continuasse poluída. Tive a sorte de nunca sucumbir na depressão, nos distúrbios alimentares, ou mesmo alimentar qualquer outra ideia que me passasse pela cabeça. Hoje sei que muito em parte, isto se deve àqueles que me apoiaram sem nunca me apontar o dedo, coisa que muita gente fez e continua a fazer. Incluindo eu.
Poderia estar para aqui a enumerar o número de aspetos que eu rejeitava em mim, mas não valeria de nada. Fazer isso seria como abrir uma porta que eu tive todo o cuidado de encerrar, o compartimento que ela guarda, cheio de problemas que eu fui capaz de solucionar com muita dor, muito choro, mas acima de tudo, muita força. No dia em que eu me senti super leve pela primeira vez, e não me refiro ao peso corporal, mas sim àquilo a que chamam de matéria espiritual, não me reconheci. Até ao momento, estou para saber o que é que se passou, que clique é que se me deu, no entanto, ter a resposta na mão apenas danificaria a experiência, tirar-lhe-ia todo o encanto que a faz reluzir. Talvez eu tenha crescido. Talvez eu me tenha apercebido de que a vida pode ser muitas coisas, para além do sofrimento e dos maus pensamentos. Talvez isso, também, se deva às pessoas que fazem parte da minha vida. Não sei, munida de muitos “talvez” está esta frase, e não quero que isso se torne num hábito cá fora. Quero e estou a conseguir transitar dos “talvez” para os “sim” e os “nãos”, e isso faz toda a diferença.
“Talvez eu amanhã mude de alimentação”; “Talvez eu faça algum exercício”; “Talvez eu deva ser eu mesma e deixar de agradar os outros”; talvez eu tenha acordado para a realidade, no dia em que tal teve de ser feito, e talvez eu continue sem saber se, de facto, estou desperta. Uma mente sã unifica tudo aquilo que julgamos impossível virmos a amar em nós, apenas porque nos ensina que a maior perfeição que a sociedade enfatiza passa pelo processo de nos reconhecermos como seres imperfeitos. Não existem pessoas perfeitas, não existem padrões de beleza, não existem metas que não possam ser alcançadas. O que existe é a nossa capacidade de fazer a diferença por nós mesmos, assim que somos iluminados para tal. Porque há de existir um momento da vida, em que o vento que nos acompanha, sussurrará no nosso ouvido qual o caminho certo a optar. E quando isso acontecer, cada estilhaço encontrará o seu encaixe e tudo valerá a pena. Mesmo quando a jornada que se avizinha exija muito mais do que aquilo que conseguimos conceber.
Este texto insere-se no projeto trazido pela Sónia Pinto – do She Writes – à blogosfera, #BEAUTYBEYONDSIZE. Para saberem mais, cliquem AQUI.
6 Comments
JU VIBES
21 de Julho, 2017 at 22:39Acredito também que a nossa mente se deve manter sã e isso transparece fisicamente!
Carolayne R.
4 de Agosto, 2017 at 14:47Uma mente sã torna tudo muito mais equilibrado! 🙂
Inês
22 de Julho, 2017 at 10:46Está incrível o teu texto 🙂
É tão importante cuidarmos da nossa saúde mental, como da física. E, em muitas situações, o que despoleta a motivação para mudar é precisamente o bem estar psicológico e a autoestima, mesmo quando a mudança física só vem depois.
Carolayne R.
4 de Agosto, 2017 at 14:48Muito obrigada, Inês! Tens toda a razão. As mudanças, muitas das vezes, só acontecem quando a cabeça está preparada para tal!
Sónia Rodrigues Pinto
25 de Julho, 2017 at 10:59Adoreeeeeei! Está maravilhoso, este texto Lyne! Adorei a forma como abordaste a tua evolução ao longo do tempo e o ênfase que deste à mente como ponto fulcral para chegar ao corpo.
Muito obrigada por teres participado! Fico mesmo muito feliz por esta tua partilha.
Beijinhos <3
SHE WRITES
Carolayne R.
4 de Agosto, 2017 at 14:49Muito obrigada, Sónia! E eu é que agradeço pelo convite! Logo, logo, trarei mais publicações dentro do projeto!
Beijinhos!