Sem categoria

SÉRIES \ 13 Reasons Why

15 de Abril, 2017

Desta vez, não vos trago um guião do porquê desta série merecer ser vista, mas sim a forma como ela me fez sentir… Não que isso esteja logo explícito, mas espero que se sintam inspirados a dar uma oportunidade a esta produção. Para ser sincera, ela não me contou algo que já não saiba, nem me ensinou algo que já não faça. O que ela acrescentou em mim foi a vontade de continuar a ser a pessoa que sou, a continuar a depositar preocupação nos meus, assim como em mim mesma. Há marketings que não fazem jus àquilo que publicitam, no entanto, todo o alarido em volta desta série tem uma razão de ser… E esta é a minha!

As pessoas subestimam o poder das palavras. As pessoas subestimam o poder das ações. As pessoas julgam que só porque as coisas no seu mundo funcionam de uma maneira, automaticamente os outros vivem essa mesma realidade. As pessoas têm uma ideia errada de como é que a cabeça do próximo funciona. Uma simples atitude, um simples olhar, uma decisão repentina pode abalar estruturas e terminar com a vida de alguém… O que as pessoas não sabem, ou fingem não saber, é que isto acontece todos os dias, em todos os cantos possíveis do mundo. Há quem subestime o poder das artes, mas é através dessa arte que temos retratadas situações como nesta série. Esta não foi, de perto, a primeira produção a trazer à tona a questão do suicídio, afinal, quantos filmes de adolescentes nos é referido isso? Penso que a única coisa que separa esta série de tudo o resto é a maneira crua como as situações são expostas. Hannah Baker teve treze razões para se suicidar, treze oportunidades para procurar ajuda, treze oportunidades para pensar bem e não tomar a decisão que ela acabou por tomar. Hannah Baker é apenas mais uma, no meio de muitas “Hannahs”, que encarou a morte como a única saída possível do emaranhado de sentimentos que a iam afogando, dia após dias. Hannah Baker teve treze motivos, mas nem toda a gente precisa de treze motivos, e somente um para se suicidar… E se isso acontece, obviamente que a atitude parte da pessoa que se mata, mas nada justifica a loucura que é ter de conviver com as pessoas que nos levam a isso.

Cada um de nós, seres individuais, tem direito a uma coisa que se chama livre arbítrio. Tendo como base a nossa educação, as escolhas que fazemos, as influências que temos, existem milhares de caminhos que podemos adotar para alcançarmos uma boa vida. Há quem opte pelos maus caminhos, há quem seja bem-sucedido, há quem prefira pisar os demais para chegar ao cimo da montanha… Mas depois há aqueles que, sem se aperceberem, estão isolados. A mente humana é tramada, na medida em que é das coisas mais frágeis que pode existir. É nosso dever fortalecê-la, mas isto se tivermos quem nos ajude, quem esteja disponível a abraçar o pior de nós, ensinar-nos a aceitarmos isso e ajudar-nos a melhorar a cada dia. Muitas são as pessoas que defendem de que não precisam de outros seres humanos para sobreviverem, e depois dos meus amigos, dos meus familiares, e desta série, posso concluir que quem pensa assim, já está dentro de um mundo depressivo, pronto para beber da solidão e, sabe-se lá, terminar com tudo. Depois destas reflexões, podemos concluir que uma simples peça diferente no comboio de dominós, pode reverter qualquer tipo de efeitos secundários. A tua atitude hoje, pode ser o motivo da morte de alguém amanhã. A tua falta de atitude também o pode ser. Teres medo de arriscar pode fazer com a pessoa ao lado se sinta incompreendida, sozinha, solitária; mas exagerares nas tuas convicções também pode gerar muitas consequências… 
Com isto tudo, as pessoas ficam sem saber o que fazer: se faço muito, estrago tudo; se nada faço, é igual, e é exatamente aí que as coisas podem começar, ou terminar: e se, talvez, tentasses conhecer a pessoa? E se, na eventualidade, tentasses incluir a pessoa na tua vida, sem violares o seu espaço pessoal? E se, aos poucos, tentasses ser mais empático/a, colocares-te no lugar de outrem e insistir em ajudar? Só porque a pessoa nos manda embora, principalmente num momento de maior desespero, não quer dizer que tenhamos de o fazer. Um abraço pode amenizar muitas ideias erradas que passem na cabeça de alguém… Uma mensagem a perguntar se está tudo bem, pode iluminar o mundo de alguém… Uma lembrancinha, um pormenor que demonstre que te lembraste de alguém, pode sim evitar catástrofes! As pessoas julgam que não, mas cada uma das vidas existentes, importa, nem que seja para nos ensinar uma lição. 

O suicídio é um assunto sério. Há quem encare este ato como algo egoísta, questionando-se “como pôde esta pessoa deixar-me?”, mas já paraste para pensar que talvez tu é que a tenhas deixado, em algum momento, provavelmente quando ela mais precisou de ti? Há quem encare o suicídio como “foi a escolha dela/e, ninguém teve culpa”, mas aí é que se enganam: se a pessoa chegou ao ponto de tirar a própria vida, foi porque alguém cá fora teve a decência de ligar esse interruptor nela! Dito isto, peço: reflitam. Preocupem-se mais. Socializem cara a cara. Não sejam pessoas de bosta. Não tomem por garantido tudo aquilo que têm. Não deixem que os vossos amigos permaneçam calados, quando lhes questionam acerca do que se passa com eles. Insistam até ao ponto de se sentirem prontos para dormirem sem preocupações. Façam com que aquele vosso amigo, que tanto refere o suicídio como uma escolha, abra os olhos para as infinitas soluções que lhe pouparão a vida, nem que para isso tenham de ser cruéis com a imagem que passarem – e eu falo porque eu já tive esta conversa com muitas pessoas que quiseram, em tempos, acabar com a própria vida. Sentem-se na vossa casa, ou ao lado de alguém, e tentem perceber que o mundo tem particularidades boas, que existem pessoas boas, e que nós é que temos o poder de escolher quem fica e quem sai da nossa vida, sem que isso nos corte por dentro.

Esta série não retrata, apenas, a menina que se suicidou… Esta série é dedicada a cada uma das razões de um suicídio e que, no fundo, também carregam razões para o fazer. O princípio de uma não auto-aceitação pode gerar contaminações muito bizarras, ao ponto de se direccionarem a um alvo só. Os problemas em casa são outros… A falta de atenção dos pais também… A falta de identificação… O vazio de não sabermos o que somos, para o que viemos… As ilusões que criamos, e as desilusões que elas nos causam… Tudo isto e muito mais… O que para ti é algo insignificante, pode não o ser para o teu irmão, por exemplo. O que para ti é motivo de riso, poderá ser a causa de muitas tristezas. O que não disseste hoje, e que poderia ajudar alguém, de nada servirá se essa pessoa já estiver morta.
Já viram esta série? O que é que aprenderam com ela?

  • Reply
    Tulipa Negra
    16 de Abril, 2017 at 9:30

    Já vi a série e gostei muito. É uma série que nos faz refletir bastante…

  • Reply
    Ju
    16 de Abril, 2017 at 12:46

    está incrível! mexeu imenso comigo, acho que está mesmo real – embora muita gente não veja isso –

O que pensas sobre o assunto? Gostaria de ler a tua opinião! ♥