Queres tomar um café comigo?

Antes de mais, quero que relaxes. Amarra numa bebida que te deixe confortável, mete a tocar uma música que te faça abstrair do mundo em redor, e deixa de lado qualquer tarefa que estejas, neste momento, a realizar. Quero que me prestes bem a atenção, e que interiorizes cada palavra que eu referir. Antes de mais, como estás? E sê sincera/o pois só cá estamos nós a conversar. Se olhares em volta, este sítio é só nosso, portanto, não tens com que te preocupar. Tens passado bem, tens descansado o suficiente? Tens-te alimentado como o teu corpo e a tua alma merecem? Sim, Não? Porque não? Falta-te algum empurrãozinho em que possa ajudar? Não hesites, estou aqui para ti. Não queria iniciar este nosso diálogo com questões pesadas, mas para que a ferida doa menos, vamos diretamente a ela. Recapitulo, só aqui estamos nós, mais ninguém. Não tens desculpa para te sentires influenciada/o na hora em que me responderes; quero apenas que uses o coração, nem que isso leve alguns minutos a mais… Posso começar? Preparada/o? Ótimo.
Quantas vezes tiveste medo de arriscar numa coisa que, só de imaginar, impulsiona o pânico em ti? Quantas vezes esse pânico já levou a melhor de ti, e te fez sentir um/a fracassado/a? Muitas, não é verdade? Não te apoquentes, é recíproco. Já passei por isso, mas aprendi. O que eu gostaria de saber era se tu também já aprendeste essa lição. Tens medo? Medo de quê? De falhar? Mas falhar é humano, independentemente do número de falhas que cometas. O importante é nunca colocares de lado a possibilidade de te sucederes uma e outra vez. Novamente com medo? Porquê? Excluamos o falhanço, desse já conversámos. Tens medo de ser julgada/o, apenas porque o teu sonho não se adequa às ideologias que os outros alimentam de ti? E então? Que têm eles a ver com isso? São eles que estão dentro de ti? Não. São eles que te conhecem melhor do que tu a ti mesma/o? Hm, penso que não. São eles que adormecem contigo durante a noite? Talvez, mas mesmo assim. Se o sonho é teu, se ele é grande, se ele ocupa grande parte do espaço do teu coração, vai em frente. Baby steps at a time, darling. Acredita, com o tempo, tudo se resolve. Não que ele esteja a nosso favor, que ridículo pensar que sim, afinal, estamos a morrer desde o momento em que nascemos; contudo, não penso que esse seja o motivo para nos colocar de pé atrás. O problema é o dinheiro, as oportunidades, a falta de companhia? Ora essa, se estudares as situações, tal como elas merecem, chegarás a um consenso. Vai por mim.
Respira. Queres ir à casa de banho, observar um pouco o céu, fechar os olhos por instantes? Concedo-te esses minutos. Já de volta? Posso continuar? O que é que fazes por ti mesmo/a, e como é que isso melhora a tua qualidade de vida? Escreves quando a tua alma pede por isso, ou deixas passar porque “neste momento, não tenho tempo”? Lês quando tens aqueles dez minutos de pausa, ou preferes ligares-te à corrente para alimentar o teu instastory? Bebes aquele café pela manhã, ou aquele chá preto bem aconchegante antes de ires para os teus afazeres, ou preferes antes não o fazer devido à impaciência para esperar que eles arrefeçam? E aqueles copos térmicos, não? Dão muito jeito, falo por experiência, e já me safaram de muitas. Bons tempos para se congratular a evolução no mundo do design! Coloca a mão no peito. Fecha os olhos. Escuta a minha voz. E muito sinceramente, diz-me, já disseste àquela pessoa que gostas muito dela? Ou àquelas pessoas? Até onde sei, elas podem ser diversas, e sempre muito importantes. Se hoje fosse o último dia de vida delas, pensas que as deixarias partir por completo, sabendo tu que disseste e fizeste tudo o que poderias por elas? Não? Do que estás à espera então? Vá, pega no telemóvel, liga ou escreve uma mensagem, não tenhas medo de expor os sentimentos. Eles existem para serem correspondidos, mesmo que o caminho que tomemos não nos garantam essa reciprocidade. Mas de que seria feita a vida, se a mesma não nos desafiasse? Ah, sinto um pequeno sorriso a bater à porta. Deixa-o entrar cá para fora, para eu o poder admirar. Já te disseram que ficas fabulosa/o quando sorris? Ai sim? Então aqui te deixo mais um elogio!
Que se passa, porquê esse semblante abatido? Bateu-te alguma bad? Porque te sentes dessa maneira? Sentes-te sozinho/a, com falta de motivação, sem o que fazer? Sabes o que queres, mas não sabes por onde começar? Ah, és da opinião de que se torna difícil procurar onde nada existe? Então fica sabendo que tudo existe, e que o problema reside, exatamente, no sítio onde fazemos as nossas buscas. Estando no mesmo sítio, não hás de encontrar nada de novo, pois já te habituaste a essa rotina. Tenta sair da tua bolha, tenta conhecer novas coisas, novas pessoas, novos estilos musicais, novas aptidões, e aí, eventualmente, hás de achar o que tanto perscrutas e não te surge. Nem sempre as coisas estão onde nós julgamos estar. Começa por ver como é a tua rotina e quebra-a de vez em quando. Se o normal é saíres da escola/trabalho e ires diretamente para casa, se nesse dia não tiveres o que fazer, experimenta sair para um lugar que queiras muito e que, inicialmente, não te custe tanto no bolso. Torna-te num/a explorador/a, explora-te a ti mesmo/a, descobre o que gostas de fazer a partir dessas quebras de rotina e coloca isso em prática. 
Mas não gostas de explorar sozinho/a? Aí está outro problema: tu nunca saberás apreciar a companhia dos outros sem antes aceitares a tua própria companhia. Parece a coisa mais absurda de sempre, mas é só mais uma verdade. Para ensinares os outros como lidarem contigo, tu mesmo/a tens de saber lidar contigo mesmo/a. E fazer as coisas sozinhos, passear, cagar para o mundo de forma estilosa é algo de tão bonito e que as pessoas têm de aprender a fazer… E o que eu mais quero é que tu, minha/meu querida/o, valorizes essa mensagem. Continuando a fugir desses teus momentos, obrigar-te-á a fugir de tudo o resto, e as coisas não podem ser assim. A vida tem de se tornar leve, serena, com as suas nuances, mas mesmo assim… Olha bem para ti. Se eu estiver a conversar com alguém que se sinta realizado, putz, nem sabes a felicidade que me preenche agora; porventura, se se tratar do contrário… Achas bem o que andas a fazer contigo? Desvalorizares o que de melhor há em ti por medo, receio? Eu não acho! O que eu acho é que tu és magnífica/o, extraordinária/o, não só um pedação de pessoa, como também uma pessoa inteira. Tu tens potencial, tu tens a verdade, tu tens o talento. Só te falta a força, e eu sei que, bem lá no fundo, ela existe… Nem que eu tenha de te convidar para mais cafés, contudo, quero levantar-me daqui sabendo de que ficarás bem. Prometes? De certeza? Vou confiar em ti, e pedir um bolinho para nos acompanhar. Que preferes agora, um chá? Que venha ele!

4 thoughts on “Queres tomar um café comigo?”

  1. Que belíssimo texto! Como consegues capturar tão bem as nossas sensações ao longo dele? Incrível. Obrigada por todos os chás que me tens proporcionado! Poder falar contigo tem sido das melhores coisas. A tua prespectiva é muito bonita e faz-me colocar a minha noutro prisma. Que belo texto. Inspiracional. Mas posso espera por tomar outro café contigo!

  2. Lyne, que texto tão belo, tão cativante é tão relaxante! A minha respiração estabilizou enquanto lia e fez com que ficasse extremamente calma! Obrigada por estes últimos minutos, realmente tens o fim das palavras e fazes magia com elas! Verdadeiramente inspirador!

  3. Que texto tão lindo! Adorei ler cada palavra! Parece mesmo que estamos a tomar café contigo, e que estamos a ter uma conversa cara a cara!
    A tua escrita está cada vez melhor, mais trabalhada, com linguagem cuidada, cativante…. Nem sei descrever, tens tanto talento rapariga!
    Beijinhos,
    Cherry
    Blog: Life of Cherry

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