Acreditar nem sempre é a questão. Acreditar em algo todos nós acreditamos, seja na religião, no abstrato, no facto do vosso clube ganhar naquele dia, na certeza de que hoje é o dia em que vão àquele museu. Motivos nos quais acreditar não faltam, e embora seja bom termos um suporte onde nos agarrarmos, apenas isso não chega. No que toca a promessas, o assunto complica-se, na medida em que quando são feitas com outras pessoas, torna-se mais fácil cumpri-las, contudo, há algo de misterioso na tarefa de as cumprirmos por nós mesmos. Talvez por falta de um acordo mais convincente, a nossa cabeça encara esse ato como uma pequena duna de areia que podemos atravessar com o impulso de um salto, continuando a jornada naquilo a que chamamos de terra lisa.
Falo por experiência própria de que muitas foram as vezes em que escrevi prometendo, em que sussurrei uma promessa, em que construí gigantes expectativas acerca das minhas capacidades, e de quase todas as vezes, falhei redondamente. Acreditei que essas coisas iriam acontecer, mas o que me separou de cada um dos meus desejos foi o facto de não ter trabalhado por eles. Sabendo eu de que para atingirmos um objetivo, é mais do que necessário mexermos o rabo, de todas as vezes em que falhei, reconheci esse meu lapso, mas sempre com um ar de repugnância em relação a mim mesma. Mesmo de cabeça erguida, murmurando de que daquela vez eu seria capaz, eu nunca conseguia, porventura, também não desistia… Até ao dia em que vi as coisas a acontecerem, e não por ordem de um milagre, mas sim porque eu decidi trabalhar por isso, sem pensar muito, sem questionar acerca das consequências, apenas atirando-me do penhasco, com a certeza de que lá em baixo haveria algo que me amparasse. E até agora, felizmente, tem sido assim.
Acreditar nem sempre é a questão. É importante, é algo fundamental, é o balanço que conferimos a uma flecha para que ela possa concluir o seu trajeto, mas se não puxarmos pela corda, a flecha não ganhará vida própria, nem tão pouco chegará ao seu alvo. Para além da crença, há que fazer dela a nossa parceira e trabalhar por nós. Para além da força de vontade de pegarmos no arco, encaixarmos a flecha e puxarmos a corda, há que saber fazê-lo de forma correta e não ter receio de deixar fluir o acontecimento.
1 Comment
Ricardo Francisco
20 de Março, 2017 at 23:37Acredito que o sucesso provém da combinação de trabalho e sorte. Conheço inúmeras pessoas que se mataram a trabalhar a vida toda e a correr atrás dos seus objectivos e, infelizmente, nunca conseguiram atingi-los. Por outro lado, existem outros que por estarem no local certo, à hora certa, conseguem. O importante é nunca desistir e fazer figas para que dê certo 🙂
Ricardo, The Ghostly Walker.