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Grandes detalhes do quotidiano

22 de Outubro, 2016
Estava sentada num dos bancos do barco, preferencialmente perto da janela, quando tive a oportunidade de vislumbrar um gesto por parte de uma senhora e que, certamente, me colocou a pensar até aos dias recentes. Penso que ela era estrangeira, não fosse pelo seu jeito descontraído, o típico chapéu, a câmara profissional do marido ao colo e os tons que carregavam na pele, cabelo e olhos. Não que esteja para aqui a discriminar as pessoas, mas se vocês estivessem por lá, chegariam à mesma conclusão que eu. Como sempre, eu ouvia a minha música e preparava-me para adormecer, quando essa senhora mudou-se para o grupo de bancos em frente ao meu, retirou o chapéu, ergueu o rosto de olhos fechados para a janela aberta e permitiu que o sol lhe banhasse o mesmo, enquanto um sorriso de satisfação se esboçava de uma ponta à outra. Fiquei ali de olhos semicerrados a observar a cena, não tivesse eu o sono carregado naquele dia, e pus-me a pensar. Tal como aquela senhora, sou uma grande apreciadora da natureza, dos odores, das sensações que trespassam cada centímetro da minha pele… E apercebi-me de que ultimamente, movida pelo cansaço e pelas tarefas da faculdade, eu não tenho tido tempo para me debruçar no parapeito da janela da cozinha e ver o sol deitar-se, ou mesmo degustar das pequenas ondas que se formam com o movimento do barco… Apercebi-me de que, apesar de não me fazer acompanhar de algo tão elementar quanto o pôr-do-sol, tenho-me sentido inclinada para outros detalhes da minha vida, nomeadamente as pessoas e os momentos.
Sempre gostei de estudar, mas este ano tem sido mesmo incrível. A transição do 12º para a faculdade não poderia ter sido melhor, e por isso estou muito grata. Tenho vindo a conhecer pessoas fantásticas, com as quais tenho vindo a partilhar pequenos momentos de lazer, seja enquanto aguardamos pelos professores, ou mesmo na vinda para casa, na paragem do autocarro. O laço que me une à pessoa que me acompanha todos os dias de manhã para as aulas tem vindo a fortalecer-se, assim como aquele que comecei a partilhar com a Nobel. Não há dia em que não me sinta verdadeiramente feliz por estar a viver esta oportunidade que, infelizmente, nem todos têm a sorte de ter. Talvez por andar munida de cansaço, projetos, desenhos por fazer, livros por ler, blogues por atualizar, eu me sinta um pouco culpada por não dedicar tempo, espaço e parte da minha criatividade por aqui. Sei que estou num momento de adaptação, de tentativas e erros, e mesmo não estando a falhar tanto, também sei que jamais poderia deixar isto de lado. Sei que pelo menos aos fins-de-semana, poderei escrever à vontade, tendo em conta o poder que eu tenho de transformar as típicas 24 horas diárias em muito mais. Ando desaparecida, mas ao mesmo tempo, estou por aqui. As responsabilidades têm-me aberto os olhos para aquilo que quero e devo transformar em prioridades, tanto que existem dias em que nem visito as redes sociais. Para mim, isso é um ponto muito positivo e sabe tão, mas tão bem viver o mundo cá de fora!

Seja como for, estou feliz. Tenho sim os meus dias de carrancudice, mas vindo de mim, é normal. Porém, ontem quando encontrei por acaso uma amiga minha, ela confessou ter visto em mim uma atmosfera diferente, mais alegre e bem-disposta. Se não sorri tanto quanto deveria no secundário, lamento por aqueles que não tiveram a oportunidade de conhecer o meu lado extra positivo. A faculdade tem-me feito bastante bem, e em um mês, sinto que cresci imenso. Para além do mais, tenho mantido contacto com a Joana, uma rapariga incrível, bastante inteligente e que, neste preciso momento, tem vindo a presenciar uma narrativa que, se correr tudo bem, vocês também poderão vir a saber da minha parte (obrigada Ju, de coração!). Posto estas reflexões, espero sinceramente sofrer evoluções de dia para dia, aprender cada vez mais e dar-vos a conhecer o caminho que ando a percorrer. Não fosse por isso, e talvez esta viagem não teria assim tanta piada!

  • Reply
    Cherry
    22 de Outubro, 2016 at 21:01

    Gostei muito do teu texto, já tinha saudades de um post teu :). É verdade, no meio de tantos afazeres e do cansaço, os pequenos ( grandes) detalhes da vida podem passar despercebidos.
    Não te sintas culpada por estares a dedicar menos tempo ao blog, é normal no 1º ano de Universidade não conseguir conciliar tão bem as coisas, uma vez que se trata de um ano de transição, de mudanças e adaptações. Basta ires aos arquivos do meu blog de setembro de 2015 para veres que no meu primeiro também passei pelo mesmo, também não conseguia conciliar bem o blog com o resto. Mas vais ver que nos anos seguintes já vai ser mais fácil :).
    Um conselho de blogger universitária para blogger universitária: aproveita os fins de semana para escrever posts em avança para a semana seguinte, ao início para ser complicado, mas depois com treino já consegues ter o blog atualizado a mesmo tempo que tens a tua vida.
    Beijinhos,
    Cherry
    Blog: Life of Cherry

    • Reply
      Carolayne R.
      22 de Outubro, 2016 at 21:37

      Muito obrigada Cherry! Também eu já tinha saudades de escrever!
      Muito obrigada pela dica. Estou para colocá-la em prática há algum tempo, mas ainda não tive a "coragem" para o fazer ahah.
      Apesar de tudo, tenho a certeza de que conseguirei!
      Beijinhos!

  • Reply
    Joana
    22 de Outubro, 2016 at 21:30

    Que bom que é, depois de um texto tão inspirador quanto o teu, ler este breve agradecimento a uma coisa tão simples que, de certo, qualquer pessoa faria. Tenho adorado conhecer-te melhor. Agradeço diariamente que tenhas mandado mensagem tantas vezes, pois assim, também eu fico com vontade de chegar ao final do dia e perguntar-te como correu o teu! Tem destas coisas este mundinho. E obrigada por veres em mim alguém em quem vale a pena confiar.

    Quanto à Natureza, não te percas nas horas dos dias, por favor, arranja tempo para observar o Sol e sentir o seu ardor. É das únicas coisas puras que ninguém te pode mesmo tirar.
    Um beijo enorme 🙂

    • Reply
      Carolayne R.
      22 de Outubro, 2016 at 21:39

      Agradecer-te-ei hoje e sempre! Tens-me feito bastante bem, e nem sabes o quão feliz fico por saber que, mesmo com a tua vida ocupada, tens um tempo pra mim! <3

      E sim, tentarei estar mais atenta ao pôr-do-sol, um fenómeno que sempre me fez tão bem!
      Beijinhos!

    • Reply
      Joana
      23 de Outubro, 2016 at 4:16

      Obrigada eu por não te esqueceres de mim 🙂

  • Reply
    R
    22 de Outubro, 2016 at 21:48

    Devemos acima de tudo achar tempo para nós mesmos , ainda que isso implique por outras coisas de lado, que não significa que sejam menos ou mais importantes, mas sim que existem prioridades.
    Gostei de ver que estás feliz e é tão bom quando alguém o diz. São as pequenas coisas que a vida nos traz e que fazem parte do nosso quotidiano que nos fazem felizes.
    Apesar de adorar ler o que escrever e de te seguir diariamente, também compreendo o quão atarefada deves andar mas o mais importante do teu texto e do que eu retirei é que estás genuinamente feliz e não nenhum sentimento do mundo ou outra coisa qualquer que bata isso !

    • Reply
      Carolayne R.
      22 de Outubro, 2016 at 21:55

      Muito obrigada, a sério. Fico tão feliz por saber que, mesmo não estando tão ativa, as pessoas ainda estão aqui a ler-me e com vontade de ler mais! São por coisas como esta que eu fico mesmo muito feliz, de sorriso na cara! Vocês são incríveis, assim como o resto do mundo!
      Beijinhos!

  • Reply
    Ju
    22 de Outubro, 2016 at 22:45

    ter tempo para nós é o ponto principal, acredita! e aproveita todos os momentos da tua vida! depois sim, preocupa-te connosco. somos importantes, mas tu és mais!
    mil beijinhos! <3

    • Reply
      Carolayne R.
      26 de Outubro, 2016 at 5:19

      Muito obrigada pelas palavras Ju! :')
      Beijinhos!

  • Reply
    Cátia
    23 de Outubro, 2016 at 16:59

    Com a vida a passar-nos à frente chegamos à conclusão que não estamos a aproveitá-la como deve ser.

    Cátia ∫ Meraki

    • Reply
      Carolayne R.
      26 de Outubro, 2016 at 5:20

      É verdade. Mas nada como uma tomada de consciência para nos alertar acerca desse facto! ^^

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