FACULDADE \ Oficialmente caloira

Foi a loucura. Estando o corpo desabituado ao facto de ter de repousar cedo para despertar cedo, vivi uma situação caótica entre as dez da noite e as quatro da manhã. Ainda tentei relaxar a mente lendo um livro, mas dei por mim com alma de bicho carpinteiro até às duas da manhã. Tenho a certeza que apenas dormi por duas horas, sendo que no meio despertei com o odor a terra molhada, não tivesse chovido de madrugada. Eram quatro da manhã quando o despertador tocou. Amedrontada pelo facto de poder adormecer, saltei da cama, preparei-me e às cinco já estava na paragem com a minha mãe, à espera do autocarro. Com sorte, conseguimos apanhar todos os transportes que nos permitiram ser as décimas primeira e segunda na fila de espera (neste caso, eu e uma amiga).

Embora tenha tido de esperar milénios para ser atendida, não enfrentei qualquer tipo de adversidade, pese embora na hora de efetuar a inscrição final, os computadores tenham dado o melhor de si. Associei-me à Associação de Estudantes; inscrevi-me para a Comissão de Receção ao Aluno (leia-se, praxe); um dos meus amigos que lá estuda mostrou-nos algumas áreas e salas da Faculdade; despachando-me assim por volta da uma da tarde. Os Aspirantes, Veteranos e Doutores mostraram-se bastante prestativos, foram super simpáticos e alguns deles até me elogiaram o nome, mostrando-se admirados pela sua existência.

A despeito do facto de quando fui a fazer o cartão de identificação, o meu atendimento não ter sido dos melhores, pecando pela falta de explicações e uma interação que me poderiam vir a poupar imenso trabalho agora no futuro, assim como em termos emocionais (sim, fiquei muito nervosa com esta situação; e visto que o banco estava envolvido), não me poderia ter sentido mais aceite. Estou apenas a aguardar por quinta-feira, dia em que as praxes darão início, para poder observar e viver o espírito que muitos defendem ser algo que ninguém deveria perder.

Contribuindo para esse facto, alguns dos membros da Comissão de Praxe com quem me cruzei, explicitaram de que eles não praticavam uma praxe abusiva, sendo que se eu quisesse recusar alguma atividade, ou mesmo abandonar a praxe, poderia fazê-lo sem ser alvo de qualquer tipo de objeção. Do que pude observar, tenho a certeza de que passarei bons momentos a ser praxada e em tempo de aulas. Advertiram-me para algumas questões acerca dos professores e os métodos que alguns adotavam, mas nada melhor do que experienciar o momento e retirar dele uma lição. Ainda tenho alguns medos, mas nada que o tempo não amenize… Agora sim posso dizer que sou oficialmente caloira.