Lições de uma primeira viagem

A primeira viagem que eu fiz sozinha, sem a companhia dos meus pais e familiares, foi ao Porto. A minha turma do 12º e eu decidimos que o destino da nossa viagem de finalistas seria dentro do país devido aos custos que uma viagem para fora exigiriam e, tendo em conta o pouco tempo que tínhamos para reunir capital para tal, pareceu-nos uma decisão mais segura. Porém, penso que o arrependimento não assombrou nenhum dos nossos corações, pois foi uma das melhores provas de fogo de que conseguimos, realmente, funcionar em circunstâncias fora da escola. Embora nos tenhamos organizado em termos de transporte, alojamento e tudo o mais, penso que em termos individuais, eu me poderia ter organizado muito mais… 
Julgo ser do conhecimento de toda a gente de que é necessária uma poupança prévia do dinheiro, independentemente dos dias da viagem. Nunca se sabe dos percalços nos quais podemos tropeçar, nem do pouco juízo a que podemos ceder, sem nos apercebermos. Uma das primeiras coisas que eu deveria ter apostado à risca era na elaboração de uma lista de compras para quando chegasse ao meu destino. Tendo em conta de que ficámos hospedados num Hostel, exetuando o pequeno-almoço, as restantes refeições ficavam por nossa conta. Está certo de que, tendo sido uma viagem de finalistas, almoçar e jantar fora era permitido, assim como o facto de termos tido, de facto, elaborado uma lista de compras, mas acontece que tal não foi cumprido unanimemente e eu teria salvo muito mais dinheiro na vinda se tivesse, desde o primeiro dia, ido à caça dos essenciais para a cozinha, assim como uma das minhas colegas fez. Tendo cometido este pequeno deslize, nunca mais me esquecerei de dar uso às minhas adoradas listas, acrescentando, também, possíveis ementas para os diferentes dias, incluindo os dias em que as refeições são feitas fora de casa
Na onda das listas de compras, escolham sempre o primeiro dia para o fazerem! Assim que “aterrarem” no vosso destino, dediquem os primeiros momentos para se organizarem devidamente, de modo a que o resto da viagem não seja sabotada pelo vosso stress. Se eu o tivesse feito, não teria gasto cerca de 50€ no primeiro dia (óh menina inconsciente), sendo obrigada pelas circunstâncias a ter de fazer as compras a meio da semana. O seguro morreu de velho!

Isto mais parece um guia de poupança para os mais inexperientes, mas a verdade é que me deparei com mais problemas em relação ao dinheiro, do que outra coisa qualquer (vá, arrependi-me da malona que levei às costas, mas já chegamos lá!). Um dia, ou uma semana antes da partida, distribuam o vosso dinheiro conforme o número de dias que ficarão hospedados num país ou cidade. E isto é essencial porquê? Dependendo sempre do vosso numerário – lá está, uma grande poupança prévia – guardem para cada dia uma quantia que saberão ser-vos útil, conforme as vossas necessidades. Isto de andar à deriva com notas e moedas nunca é boa ideia. Uma coisa é viajarem sem destino, outra completamente diferente é esbanjarem mais de metade da vossa verba no primeiro dia e ficarem que nem eu para o resto da semana, a tentar conter-me para não ficar a zeros. Se a vossa viagem tiver uma duração de cinco dias na mesma cidade (o que foi o meu caso) e tiverem disponíveis, por exemplo, cento e vinte e cinco euros, para cada dia da semana preservem vinte e cinco euros no bolso, na hora em que saírem para passear. Se tiverem a oportunidade de gastar muito mais num dia, força!, mas é sempre melhor prevenir do que remediar!

Sendo que o nosso destino era o Porto, que fica no norte do país, tive receio de morrer congelada por lá. Detestando o frio como detesto, nada fez mais sentido do que encher os espaços da mala com camisas de malha, sweats e casacos quentes para cinco dias. Arrependo-me até hoje de o ter feito. É óbvio de que me preparei devidamente, mas foi o exagero que me tramou. Numa mala apenas, eu poderia ter levado duas ou três mudas de roupa, incluindo a que eu tinha no corpo, um ou dois pares de sapato, o necessaire, um livro, e na cintura, um casaco amarrado. Bastava-me isto, mas lá tive eu de carregar com a casa às costas – literalmente! – sofrendo a dolorosa consequência de ter de subir escadas, ruelas e correr para não perder os transportes, com o esqueleto a querer sucumbir. Aprendam e não cometam o mesmo erro do que eu! Verifiquem as temperaturas do vosso destino, mesmo que estas possam sofrer futuras alterações, não sobrecarreguem a mala com muita roupa (por muito extravagante que seja para muitas pessoas), e tenham em mãos sempre uma muda de roupa confortável. Se conseguirem dentro dos vossos outfits extrair uma sensação de conforto, melhor para vocês!
Nunca se esqueçam de se acompanharem de um mapa! Se não fosse por isso, e sabendo eu de que estava em terreno desconhecido, a viagem não teria sido tão bem aproveitada. Mesmo com o receio de me perder e nunca mais me reencontrar (veia dramática ao vir ao de cima), ser capaz de reconhecer o mapa na minha mão foi capaz de acordar em mim aquele lado aventureiro que eu desconhecia. E ainda fiquei a saber como ler mapas! (Don’t judge me!). Com certeza o lugar onde ficarem hospedados serve-se de mapas, programas, panfletos e informações relacionadas com o local em questão e, caso não seja o caso, de certeza que dentro da cidade haverá um posto de turismo que vos poderá auxiliar nesse aspeto.
Evitem a todo o custo as redes sociais! Hoje em dia, isto está tão enraizado nas mentes das pessoas, que nem mesmo num simples almoço, a convivência olho a olho é possível! Abstraiam-se disso, explorem a cidade que vos rodeia, explorem a vossa companhia, fortaleçam os laços que vos unem  e saboreiem do mundo real! Para o mundo virtual, já bastam os momentos em casa! 
Por último, mas não menos importante… Tenham sempre disponível o saldo do vosso telemóvel! Façam de uma exeção carregá-lo com um valor acima do habitual, pois nunca se sabe o que é que pode acontecer a meio da viagem. Seja para telefonarem a dizer que estão vivos e que já chegaram ao destino, ou mesmo se for o caso de estarem perdidos ou perante uma situação de emergência, o vosso telemóvel também merece beneficiar de um bom investimento.
Para os viajantes da blogosfera, alguma dica/lição que já retiraram das vossas viagens ?

4 thoughts on “Lições de uma primeira viagem”

  1. Eu nunca viagem sozinha, mas já fiz uma "peudo-viagem sozinha" no 12º ano, fui a Londres com a minha turma de inglês e com as professoras. Foi quase como fazer uma viagem sozinha, porque as professoras quase nunca estavam connosco, deixavam-nos sozinhos sujeitos à nossa própria sorte, por isso compreendo e percebo perfeitamente a tua experiência de viajar sozinha com os teus amigos, porque de certa forma eu também o fiz.
    A minha viagem a Londres foi das melhores e mais libertadoras experiências que eu já tive. Não só vi uma cidade que sempre quis visitar, como pude testar a minha autonomia e ver como me desenrascava num sítio completamente desconhecido. E devo dizer que até me safei bem, existiram alguns percalços como é normal numa primeira viagem, mas foi uma experiência bastante positiva.
    Adorei o teu pos! Deste dicas bastante úteis e que eu gostava de ter cumprido na minha primeira viagem. A próxima vez vai correr melhor :).
    Estou a ver que te divertiste muito, ainda bem, porque tu mereces :).
    Beijinhos,
    Cherry
    Blog: Life of Cherry

  2. O excesso de roupa na mala é sempre o meu problema, nunca aprendo. Quanto ao dinheiro também já me aconteceu algo semelhante. Agora faço o mesmo que mencionaste no post, divido o dinheiro que pretendo gastar com a viagem pelos dias da viagem. 🙂

O que pensas sobre o assunto? Gostaria de ler a tua opinião! ♥

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