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SOCIEDADE \ Gala de Finalistas – Ir ou não ir, eis a questão

14 de Maio, 2016
Em três anos a estudar naquela escola, este foi o primeiro ano em que tivemos uma Associação de Estudantes de jeito, que desde o início do ano se tem empenhado a organizar eventos, atividades e outras coisas para o bom funcionamento da escola e da vida de cada aluno enquanto integrante do agrupamento. Confesso que no início não depositei nem um pingo de fé no seu trabalho, tanto que o meu voto nem deu sinais de vida (shame on me), mas a verdade é que enquanto aluna e colega dos meus colegas, o seu empenho tem vindo a conquistar-me de uma maneira absurda. Assim como acontece na maior parte das escolas do mundo, chegou a uma altura em que o evento do ano começou a espreitar pelo buraco, dominando aos poucos a atenção de todos, ao qual cuja dedicação nunca falta: a Gala de Finalistas
Quando fiquei a saber do sucedido, parte de mim despertou, mostrando-se interessada, coisa que normalmente acontece quando não dedico minutos de cogitação em relação a um certo assunto. Foram distribuídas as “fichas de inscrição”, com as devidas informações a respeito dos preços, ementas, etc., e eu até que a trouxe para casa, preenchi-a e deixei-a de lado para entregar… Acontece que a outra parte de mim, aquela que se questiona de tudo e de todos, fez-me perguntar a mim mesma se valeria a pena a minha comparência no evento… E a conclusão a que eu cheguei foi o não!.
“Mas Lyne, a Gala de Finalistas é um momento tão importante e marca o final do secundário! Deverias ir!” – pois, mas não é assim que eu penso. Eu não considero a gala de finalistas momento que marcará todos os anos pelos quais passei naquela escola, nem tão pouco finalizará a minha vida social em relação aos meus colegas. Por muito bonito que seja pensar assim, e por muitas boas intenções que estejam carregadas nas vossas palavras, este e outros argumentos não chegam para me convencer a ir a esta gala de finalistas. Afirmar que será a última vez que terei um momento destes com os meus colegas, é subjugar todo e qualquer tipo de hipóteses de existir um encontro futuro nas nossas vidas. Não posso negar que com a mudança de vida que nos empurra para outros caminhos, este tipo de situações não se torne complicada de existir, mas também não é impossível! Uma coisa seria se um de nós tivesse a confirmação de que fosse viver para um outro país, pelo que os reencontros se tornem improváveis, outra coisa é se todos nós, independentemente da universidade, curso, etc., continuarmos a viver na mesma cidade, quiçá, na mesma zona, e usar a gala como justificação para um cordelinho que pode muito bem ser puxado!
Segundo. Eu tenho por hábito brincar com as pessoas, dizendo que sou do contra e que não faço o que os outros fazem, mas essa afirmação acaba por se manifestar, em parte, na maior parte das vezes por uma simples razão: se eu não quero, eu não sou obrigada a ir só porque os outros também vão. É a minha decisão e deve ser respeitada, e confesso que por vezes sinto que não é isso o que se sucede. Já muitos dos meus colegas me perguntaram se eu iria à gala e sempre que eu digo que não, todo o tipo de indignações lhes assombra o rosto, o tom de voz muda consideravelmente e vem-me com a conversa do tipo “Então porquê? Deverias ir, vai ser bué fixe e toda a gente vai!” – mas eu não sou toda a gente. Eu sou a Carolayne e pronto. Se eu não estou disposta a ir por não ser fã deste tipo de eventos, por não ter vontade e por não querer ter de olhar para a cara de pessoas com as quais não engulo nem a própria saliva como deve de ser, porque é que eu haveria de ir? Por obrigação, por ética, por estética? Eu sinto-me desrespeitada sempre que nego a minha presença e metade do mundo me cai em cima por eu não fazer o que eles querem, mas acontece que eu sou feita de outros interesses e aposto que algo de melhor estará reservado para mim nesse dia, pelo que não está na minha natureza contrariar as primeiras decisões que adoto, em prol da consciência limpa. Get over it!

Terceiro. Esta foi uma das meditações mais profundas que eu já fiz nos últimos tempos. Dar o apelido de “finalistas” para uma gala do secundário (ou a do nono, veja-se lá) tem o que se lhe diga. A meu ver, eu penso que chega a ser um certo desrespeito intitular-se “finalista” àquele cuja a intenção é prosseguir com os estudos e tornar-se, de verdade, um finalista. Desde que criei o blogue e conheci pessoas fantásticas, cujos cursos universitários já estão quase terminados, a definição “finalista” ganhou uma nova interpretação da minha parte. Para mim, um finalista é aquele que, ou terminado o secundário, não tem a pretensão de prosseguir com os estudos, mergulhando logo na vida profissional; ou aquele cuja ambição sempre foi tirar um curso universitário ou politécnico, e esteja nas retas finais do mesmo. Agora, virem-me dizer a mim, que tenho mais cinco anos de estudos pela frente, de que sou finalista NO secundário, é querer engraçar com a minha cara.
Não me levem a mal, a sério. Eu sei que muitos de vocês abraçam este tipo de eventos com o maior amor do mundo, e eu confesso de que admiro a dedicação das pessoas ao levarem avante a vontade de se organizarem para que as coisas aconteçam, mas eu tenho vindo a reparar de que grande parte das pessoas só adirem às galas e tudo mais por uma questão social e de estatuto, e porque se os amigos vão, eles sentem-se na obrigação de ir. Eu acredito seriamente de que exista uma pessoa, no meio da azáfama de uns quantos que estão excitadíssimos para a gala, que não quer estar ali, mas que só o está para não ser intitulada de anti-social, cortes, cócó, a perdedora-do-momento-mais-feliz-da-sua-vida… E sabem o que é que eu tenho a acrescentar às palavras que já disse? Que se a vontade de ir é pouca, não será pela vossa ausência que a gala deixará de decorrer e que as coisas aconteçam. Se vocês não se sentem à vontade para ir, não se comprometam, não tenham medo de negar. Acreditem, por muito bom que seja fantasiar com mil e uma coisas que possam suceder na gala, nós ainda somos muitos novinhos para apontarmos para eventos que marcaram a nossa vida como os ferros quentes que deixam marcas no nosso corpo… Se achas que só estou a dizer barbaridades, que sim!, ir à gala é essencial para dar uso àquele vestido, àquele penteado e divertir-me à grande, força!, mas eu não vou deixar de dar a minha opinião só porque estou a ir contra aquilo que vocês pensam… Se achas que ir à gala não é só a questão da exibição, estatuto, bebedeira, e que podem extrair boas recordações e passar os últimos momentos com os teus colegas, força!, eu não sou ninguém para te contrariar, mas repito, não retiro o que penso só porque não pensam como eu… Se no teu tempo chegaste a ir à gala, gostaste e achas de que TODOS deveriam ir e tirar as próprias conclusões, por ser um marco do final do secundário, então não há nada que eu possa fazer para aderir a esses ideais. 
Existem coisas que eu quero experimentar por já ter lido depoimentos e que me chamaram realmente à atenção, como é o exemplo da Praxe, algo que eu abominava até explorar o seu verdadeiro significado, mas existem outras que não estão ao meu alcance. Em suma, a questão de ir ou não à Gala de Finalistas depende bastante da subjetividade e vontade de cada um. Cada um é livre de pensar e fazer o que quiser, e sabendo que muito provavelmente exista alguém que concorde comigo, mesmo tendo algo a retirar ou acrescentar, as razões pelas quais eu escrevi este texto são diversas, principalmente para não deixar essas pessoas a julgarem de que pensam, sozinhas, desta forma. Não se sintam obrigados a fazerem algo só porque os media, os vossos colegas ou os vossos amigos vos pressionem para tal. Como a minha professora de português disse um dia destes, “a liberdade de uns termina onde a liberdade dos outros começa!”.
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    Andreia Capelo
    14 de Maio, 2016 at 21:55

    Concordo com tudo o que disseste e eu também não fui à Gala de finalistas. Prossegui os meus estudos e estou agora a acabar o primeiro ano na faculdade. Quando concluir a licenciatura, aí sim me considero uma finalista e aí sim vou querer celebrar a minha conclusão de estudos (isto se decidir não fazer mestrado). Adorei o post Lyne! Beijinhos

    http://all-the-brightplaces.blogspot.pt

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      Carolayne R.
      14 de Maio, 2016 at 23:17

      Obrigada. Este era um tema que me estava mesmo entalado e nada melhor do que traduzi-lo em palavras! Espero que os restantes anos de universidade te corram bem! 😀
      Beijinhos!

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    Ricardo Francisco
    16 de Maio, 2016 at 10:40

    Não podia estar mais de acordo. Sempre achei este tipo de "eventos" uma grande fantochada cheia de sorrisos amarelos e pessoas com a mania. Além do mais, se quiser celebrar o que quer que seja, vou almoçar com o meu grupo de amigos, não preciso ser forçado a conviver com todas as alminhas que vagueiam pelos corredores da escola. Compreendo o fascínio pela cultura norte-americana, mas não é preciso copiar tudo. Tal como tu, não vejo a conclusão do secundário como um marco que mereça grande destaque. Afinal de contas, é algo obrigatório por lei. Agora quem decide continuar os estudos e passar por mais três anos de "tortura intelectual" em prol de uma educação melhor, aí sim, merecem todo o crédito. Conclui o curso em 2013 e houve uma "gala" mas como a quantidade de pessoas de quem genuinamente gostava cabiam todas numa mão, achei desnecessário celebrá-lo em grupo.

    Ricardo, The Ghostly Walker.

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      Carolayne R.
      16 de Maio, 2016 at 15:15

      Disseste uma coisa que estou sempre a repetir, é preferível pegar nas pessoas que realmente gostamos e ir almoçar ou jantar, do que aderir a eventos destes… E hoje tentaram convencer-me novamente, com os mesmos argumentos, e só não mandei um berro à pessoa por ser alguém que tenho em grande consideração!
      Mas enfim… Cada um faz o que quer e eu continuarei na minha, sem querer ir à Gala. As pessoas que respeitem!

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