ROOMLERIA \ Dos quadros

Comecei a levar a sério a conversa das pinturas quando, num momento em que toda eu se confrontava entre oferecer uma prenda de anos ou deixar estar, decidi colocar à prova as minhas capacidades artísticas… E os resultados não poderiam ter saído melhor, tendo em conta a pouca experiência que ainda tenho. Após isso, até cheguei a receber duas encomendas e as restantes telas fui pintando por diversão. E, visto que a reação à publicação semelhante a esta foi boa, hoje trago-vos algumas das minhas pinturas. Vamos a isso?
A maior parte dos trabalhos que vou desenvolvendo nunca surgem de uma elaboração mental de etapas. Admito que não gosto nada de planificar trabalhos livres (embora tenha de o fazer para os trabalhos da escola). Quando pego em pincéis, lápis ou barras de pastel, gosto de me deixar levar pelo momento e construir numa folha vazia um infinito de significados através das linhas, manchas ou o que quer que seja que eu vá transferindo para um suporte. Gosto do abstrato, faço uso do surrealismo e, quando a vontade e a preguiça se juntam, uns retoques à impressionista acabam por originar finais felizes. Como tal, as telas que vos trago hoje são, nada mais nada menos, do que os meus pensamentos enquanto matéria não pensada, algo que só depois de carimbado, podem transmitir algo a diversos tipos de pessoa.

Fotografias da autoria da atual keeper dos quadros
Da esquerda para a direita: silhueta da minha amiga, a pessoa a quem ofereci a pintura como prenda de anos; linhas que, conjugadas, podem ser interpretadas como formas geométricas (encomenda); um mundo aleatório, ao qual não consigo dar um nome (encomenda)

A última tela deste conjunto foi a que criou mais “polémica” no meio de tantas análises feitas por algumas pessoas da minha família. Uns abanavam a cabeça, enquanto resguardavam-se entre as mãos, sem saberem o que fazer de tão perplexos (juro-vos, isto aconteceu); outros afirmavam ver um rio ou uma floresta; e a maior parte vislumbrava detalhes que nem eu, a artista, me apercebera no momento em que criara a obra. Há quem afirme que, no meio de rios e flores, exista um olho que, para eles, é o olho de Deus… Mas vai-se lá saber como é que se encontrava o meu espírito na altura, não é verdade? Estas maneiras de interpretar deram-me que pensar. Com que então, aquilo que eu pinto tem futuro e eu não sabia? Valerá a pena continuar a investir na preguiça e não naquilo que deveria fazer? Porque não investir, também, na pintura?

O suposto “olho de Deus” que todos afirmavam ver

Cá para casa, o conceito utilizado inclina-se mais para a exploração e disposição de linhas, em diversos tipos de fundos. Para o corredor, pendurámos o quadro com o fundo preto que, muito curiosamente, não foi começado assim. Pelo que me recordo, a tela começou por estar vermelha, mas como eu gosto de ser indecisa e mudar de ideias a cada segundo, acabei por matizar todo o suporte de preto e transformar as emoções em traços que só eu sei o que significavam naquele momento.

Recordo-me de, no verão de há dois anos, ter ganho a curiosidade para reutilizar os guaches. Os resultados nada mais foram do que manchas acumuladas com a trincha cheia de colorações diversas. Até aos dias de hoje, penso que este mundo alaranjado foi o melhor que eu já criei em termos de tonalidades, elementos e resultado final. E quase toda a gente que o vê, gosta de o observar!

E por hoje, é tudo o que tenho para vos mostrar! Espero que tenham gostado, que se sintam inspirados e aguardem por mais!

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