Somos tão apegados aos defeitos… Se há coisa que a maior parte de nós (ou mesmo todos em geral) consegue fazer é agarrarmos nos nossos próprios defeitos e esfregá-los na pele até lágrimas em forma de sangue aparecerem. Por muito ótimistas que tentemos ser, há sempre qualquer coisa em nós que nos afeta. Seja uma barriguinha a mais, um nariz mais torto do que o normal, pernas fininhas… Qualquer coisa serve para nos deitar abaixo assim que nos atrevemos a encarar o nosso reflexo no espelho. Se o tijolo da vida nos acertar no rosto e a nossa queda for garantida, surgimos sempre com aquela típica conversa “preciso de alguém que…”. Mas porquê? Porque é que para além dos problemas que insistimos em criar, sentimos este prazer em necessitar outra pessoa, para além de nós mesmos, para nos fazer ver algo que nós conseguimos ver, mas não encarar? Será mesmo necessário a presença de alguém a mais para acordarmos para a realidade e chegar à conclusão de que todos temos defeitos, mas também qualidades que nos fazem ser quem somos? Privamo-nos das coisas que gostamos de fazer, privamo-nos de sorrir… Aos e poucos, matamo-nos com essa nossa insistência de que nada em nós é bonito, que não servimos para nada, que ninguém gosta de nós… Guardamos as dores e a angústia para nós mesmos, afogamo-nos nas próprias lágrimas, vivemos apenas de suspiros e do oxigénio que resta… E eu pergunto-me novamente, será que é necessário esse alguém para nos ajudar a levantar do chão? E a resposta que eu encontro passados anos a passar por tudo aquilo que descrevo neste texto é que sim, nós realmente fazemos parte de uma raça que só consegue aguentar todo o peso da própria existência a partir do momento em que temos ao nosso lado alguém que nos possa abraçar, dar na cabeça e abrir-nos os olhos para as coisas boas que nos fazem quem somos. Seja um amigo, o namorado, um primo… E por muito que neguemos este tipo de realidade, a verdade é que é mesmo isso que acontece. Não deixem que aquele problema que vos faz dar voltas e voltas à cabeça vos prenda a uma solidão infinita… Façam algo por vocês mesmo, principalmente algo que vos ensine a lidar com o problema da melhor forma. Sejam pacientes, sorriam para as pequenas conquistas… Tenham sempre o cuidado de reservar algumas horas para vocês mesmos. Invistam em atividades que vos proporcionem alguma paz de espírito… Mas acima de tudo, nunca desistam de vocês e daquilo que sabem que vos fará bem, pois não há coisa pior do que observarmos o nosso reflexo no espelho e não nos reconhecermos pelas coisas boas que somos…
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10 Comments
Inês Silva
19 de Janeiro, 2016 at 22:28concordo com o que dizes neste texto! por vezes esqueço-me de cuidar de mim mesma e só me preocupo com problemas ao meu redor e isso não faz nada bem
http://www.pinkie-love-forever.blogspot.com
Carolayne R.
25 de Janeiro, 2016 at 10:17Pois não. Mas parece que o ser humano adora cultivar o mal estar em si mesmo… Enfim, há que aprender com os erros 🙂
Owlonmars
20 de Janeiro, 2016 at 11:17O amor próprio é sem dúvida o que mais nos esquecemos de cultivar!
Carolayne R.
25 de Janeiro, 2016 at 10:16Infelizmente é verdade…
Nádia
25 de Janeiro, 2016 at 2:03Por acaso tenho a tendência para ser diferente da maioria das pessoas em várias coisas, e este é um deles. Diz-se que nunca ninguém está contente com o corpo/cara que tem; eu quase não podia estar mais contente, apesar dos defeitos que sei que existem. Acho que sou demasiado orgulhosa para não gostar de mim como sou, ahah. No entanto, há uma parte do meu corpo que não gosto, e tive logo o azar que essa coisa estivesse no meio da cara: o nariz. Afetou-me durante um período, agora vivo bem com isso, mas sei que mal possa faço uma cirurgia corretiva para ter o nariz com que devia ter nascido 🙂
Carolayne R.
25 de Janeiro, 2016 at 10:15É bastante bom o facto de admitires para ti mesma e para o mundo que amas a pessoa que és. Isso só mostra que te aceitas e que tens interiorizado que "somos todos defeitos". Existem pessoas que simplesmente deitam-se abaixo, mas depois existem outras pessoas como eu que já se deixaram abater mas que agora tentam aceitar-se como são, ultrapassando todas as coisas más 😀
E as coisas que eu não gosto no meu corpo também podem ser resolvidas com uma cirurgia, mas é só esperar enriquecer que tudo se resolve eheh mas o mais importante mesmo é ter uma mente sã. Tudo o resto é só cenário.
Nádia
3 de Fevereiro, 2016 at 15:53A resposta já vem tarde, mas dei por mim a pensar no assunto (é sinal de que tens um blog com substância). Veio-me à mente, sobretudo, a tua afirmação de que "Isso só mostra que te aceitas e que tens interiorizado que "somos todos defeitos". Na verdade, não concordo que sejamos todos defeitos. O que acontece é que a sociedade ocidental da nossa era criou um padrão de beleza – para as mulheres, é ser alta, magra, com peito e rabo grandes mas não enormes, etc. A partir daí, a maioria interioriza o padrão de tal maneira ao ponto de ter mamas pequenas ser logo uma garantia de que terá inseguranças em relação a essa parte do corpo. Mas ter mamas pequenas, ou grandes, ou médias não é intrinsecamente bom ou mau: é uma característica. Pessoalmente, nunca tive que aceitar as minhas mamas pequenas – sempre gostei delas deste tamanho e não as alteraria mesmo se tivesse a oportunidade. Não houve nenhum processo de aceitação de que somos todos defeitos, porque não é um defeito para mim. Na minha opinião, só é um defeito quando a própria pessoa não gosta, para lá dos ditames sociais. Olha um exemplo: em criança, tinha um espaço entre os dois dentes da frente, como a Vanessa Paradis. Para mim era um defeito porque eu olhava-me ao espelho e não gostava. Se não os tivesse corrigido através de aparelho, aí sim teria que interiorizar que somos todos defeitos e aceitar. Mas certamente que para a Vanessa Paradis a mesma característica não é um defeito, ou tê-lo-ia corrigido. Tal como eu em relação ao peito, ela não teve que aprender a aceitar essa característica: simplesmente gosta. Tudo isto para dizer que a graaaande, enorme maioria daquilo que não gostamos em nós não é um defeito, mas sim uma característica. Pensarmos que são defeitos é, para mim, continuar a perpetuar os estereótipos.
[Talvez faça um post sobre este assunto; depois menciono que foi aqui no teu blog que o assunto começou 🙂 ].
Carolayne R.
3 de Fevereiro, 2016 at 16:09Tens aqui um ponto de vista bastante interessante. E se abordares este tema no teu blogue, terei todo o gosto em ler e comentar. Passados dias desde que escrevi este texto, posso dizer que também concordo com aquilo que dizes, principalmente na parte "Na minha opinião, só é um defeito quando a própria pessoa não gosta, para lá dos ditames sociais." – no meu caso (e eis a razão de ter escrito o texto), essa sentença aplica-se e muito bem. É um facto de que para mim tudo em mim era um defeito, mas à medida em que fui crescendo a minha forma de me ver dentro desta sociedade mudou drasticamente. Hoje, aquilo que eu criticava em mim, passou a ser a tal característica que disseste, mas ainda existem outras coisas que eu considero um "defeito"… Quando escrevi o texto, pensei muito bem antes de publicar mas acabei por fazê-lo pois sei que muita gente tem dificuldades em aceitar a pessoa que é. E o meu objectivo era fazer com as pessoas se apercebecem que com defeitos ou não, todos nós temos valor e merecemos ser felizes com aquilo que somos (E agora fiquei com vontade de fazer um outro texto, mas noutra perspetiva eheh).
K
9 de Fevereiro, 2016 at 23:47Quando se quer dizer alguma coisa, mas não se sabe o que se dizer, porque não há nada a acrescentar… É tudo o que tenho a dizer. Haha Bom texto! Verdadeiro!
Carolayne R.
13 de Março, 2016 at 11:57Ahah obrigada! Fico satisfeita por saber que as pessoas ficam sem palavras no que toca aos meus textos!