Título original: Gone Girl
Autor: Gillian Flynn
Tradução: Bertrand Editora, Lda.
Páginas: 672 (versão livro de bolso)
ISBN: 9789722530019
Bizarro, aterrador, desesperante. Estas são três de muitas palavras que eu consigo encontrar para descrever Em Parte Incerta. É completamente impossível pegar neste livro, ler as primeiras dez páginas e não ter vontade de continuar. A ligação que se estabelece entre a narrativa e o leitor é indescritível e confesso que estou com dificuldades em expressar os meus sentimentos a 100%, mas vamos por partes.
Para começar, Gillian é um génio! A capacidade que ela possui de dar certas características a uma personagem e dar-lhe vida é digno de poucos autores. Digo isto porque eu fiquei deveras impressionada com a reviravolta desta história. Num momento, as suspeitas pairam sobre aqueles que, segundo Amy, lhe queriam mal, principalmente o seu marido Nick… E não só! Digamos que as suspeitas viajam de porta em porta e que todas as personagens têm, na mente do leitor, o seu espacinho para serem interrogados.
Por outro lado, há momentos em que o leitor se sente tão burro e tão enganado que a sua única vontade é de hibernar e refletir acerca dos seus instintos e da sua inteligência. E falo por experiência própria porque foi exatamente assim que eu me fui sentindo ao longo da leitura. Eu adoro enigmas e mistério e, para ser sincera, este livro teve a capacidade de me satisfazer enquanto leitora.
Sendo que foi o primeiro thriller que li, a desilusão é a última coisa que sinto. Porém, se eu continuar a fazer uso deste género literário e encontrar um outro livro que se iguale ou destaque em relação a Gone Girl, muita coisa pode mudar em relação à minha opinião.
Com um misto de mistério, ação, terror e algumas cenas de carácter sexual, Em Parte Incerta é o psicopata em livro. As personagens são muito cativantes (e todas muito suspeitas); a narrativa é bastante explícita e fluída, acendendo no leitor uma chama impossível de se apagar; e o plot twist é de deixar, até aos mais cautelosos, de boca aberta.
Este conjunto de folhas e palavras provoca um certo desespero por mais e mais e mais! A ansiedade é esgotadora e até o sono encontra um outro refúgio que não o nosso corpo. O cérebro funciona melhor do que uma esponja e os pormenores expostos ao longo das páginas planta em nós pequenos detetives em busca da verdade. As pistas conduzem-nos a lugares que não correspondem com a nossa imaginação, e a ânsia que contraímos de nos refugiar de algumas linhas acaba por nos igualar a algumas personagens. As semelhanças com a vida real despertam-nos para uma reflexão, após uma pausa na leitura, a respeito da nossa vida, das pessoas que nos rodeiam e acerca daquilo que desejamos para o futuro.
Para quem nunca o leu mas já viu o filme, a sua aquisição notar-se-à muito na estante, e melhor ainda na memória.
(trailer do filme)
Em Parte Incerta aguça-nos para que sejamos capazes de escolher quem queremos para as nossas vidas, e até mesmo se nos queremos a nós próprios…
Classificação da Lyne: 4.5/5
2 Comments
Anónimo
17 de Setembro, 2015 at 19:23Já vi o filme, portanto não sei se valeria a pena ler o livro porque já conheço a grande "reviravolta". Mas adorei o filme 🙂
Carolayne R.
17 de Setembro, 2015 at 19:42O filme está um espetáculo. Em termos cinematográficos, age da mesma maneira que o livro. Mas, mesmo assim, eu aconselho a sua leitura porque aquilo que mais chama à atenção nem é o plot twist principal. São mesmo aquelas suspeitas com que ficas de toda a gente, aquela ansiedade de arranjares um culpado para o desaparecimento dela…
Se tu gostaste do filme, eu aconselho muito a leitura do livro… E para não falar que, provavelmente, muitas coisas podem estar mais explícitas no livro, ajudando-te a percebê-lo. 😀