Geometria Descritiva não é assim tão difícil. E digo-vos isto porque, em dois anos desta disciplina, a minha nota mais baixa foi o 18,5. Não contabilizo a nota do exame por uma razão simples: foi apenas um exame, que em nada interfirirá com o facto de eu perceber alguma coisa de Geometria. O segredo para superarmos as dificuldades desta disciplina dá-se pelo nome de trabalho. Sem trabalho, não temos absolutamente nada. É um facto de que se não tivermos alguém que nos saiba ensinar em condições, os nossos resultados não serão assim tão bons como esperávamos, mas no meu caso, tive dois professores geniais que me ajudaram a alcançar o 20 sem qualquer adversidade. É óbvio que eu tive de trabalhar, estudar, resolver exercícios para conseguir boas notas, não obstante, é também um facto de que eu amo Geometria Descritiva e preferia passar horas a resolver exercícios, do que por exemplo ver televisão. Ao fim e ao cabo, é preciso um grande jogo de cintura para isto, mas ao mesmo tempo há que depositar amor naquilo que fazemos. Tentem, acima de tudo, compreender a disciplina e o seu propósito. Talvez daqui a um ano vos consiga explicar para que serve a Geometria, pois irei para um curso para o qual necessito de saber dela; todavia, mentalizem-se de que graças à sua existência, muitos dos vossos objetos de sonho, ou mesmo os que têm, são filhos da geometria. Acreditem, se se concentrarem nas aulas, tirarem todas as vossas dúvidas – por muito estranhas que sejam -, se estudarem, praticarem e tentarem associar os objetos à vossa volta para compreenderem uma matéria, terão boa parte do caminho para o sucesso pronto.
Quando decidi ir para o curso de Artes, uma das minhas disciplinas escolhidas foi a Matemática. Como a maior parte da turma escolheu História da Cultura e das Artes, tive de a ter também; e hoje, vejo o quão necessário foi ter aprendido com esta disciplina. Para além de me ter aberto os olhos para muitos pormenores da vida, ganhei um gosto especial pelas vertentes estudadas, nomeadamente a pintura, a escultura, o desenho, as culturas em geral; assim como me deu algumas bases que necessitarei para o curso de Arquitetura. Assim como para as outras disciplinas, HCA é um conjunto de pontos de todo o mundo que pede por atenção e dedicação. Daí ser importante cultivarmo-nos de dia para dia, lendo, ouvindo música, escrevendo, perguntando e pesquisando por curiosidades ou factos que nos chamem a atenção. HCA tornar-se-á muito mais fácil se formos pessoas interessadas em aprender aquilo que ela nos pode oferecer.
Quanto às outras disciplinas, o Português, a Filosofia, o Inglês e a Educação Física, elas são comuns aos outros cursos, portanto não lhes dedicarei tantas palavras. O meu objetivo nesta publicação é desmestificar a ideia de que o curso de Artes é easy peasy, porque não é. São necessários poços de inspiração, criatividade, conhecimento do mundo, conhecimento de nós mesmos, muito trabalho, muita prática e não só talento. Coloquem na cabeça de que muito possivelmente terão colegas que estarão convencidos de que são melhores do que os demais; colegas que farão de tudo para vos prejudicar; e professores que puxarão bastante por vocês. Mentalizem-se de que existirão, também, colegas que vos poderão ajudar imenso; colegas com os quais poderão trocar ideias e materiais; colegas que farão de tudo para que todos consigam alcançar o sucesso.
Artes é um curso que exige muitos gastos, mas nada que vos obrigará a optar pelos materiais mais caros só porque são de melhor qualidade. Sim, é necessário trabalharmos com materiais de qualidade se queremos obter um ótimo resultado com os nossos projetos, mas por favor, não exagerem nesse aspeto, pois eles acabam! Invistam em materiais com preços medianos; reaproveitem os que podem ser reutiliazados; não sejam malucos ao ponto de comprarem todos os materiais que vos pedirem no início do ano (a não ser que se tratem de blocos de folhas A3 de 120gr. Isso é tipo o essencial dos essenciais e nunca é demais termos uma torre deles eheh). Questionem logo ao início quais os materiais mais urgentes e comprem os restantes ao longo que desenvolverem projetos, pois eu e muitos dos meus colegas fizemos isso e nem chegámos a utilizar metade do que comprámos!! Poupem a cada semana ou mês um bom capital para que possam adquirir certos materiais, pois deparar-se-ão com situações em que ter um material é a palavra mestre para que tudo aconteça em condições. Prudência deverá ser o vosso nome do meio.
Uma outra coisa a ter em conta, e muito importante neste curso, é a de que o egoísmo não vos levará a lado algum. Se um dos vossos colegas, ou mesmo quase a turma toda, vos pedir materiais emprestados, não neguem logo de seguida. Se puderem fazê-lo, emprestar o material pedido, emprestem. Hoje foi o vosso colega que pediu, amanhã poderão ser vocês a precisar. Por muito dispendioso que seja adquirir certos materiais, emprestar de quando em vez um grafite, aguarelas ou uma barra de sanguínea não vos fará mais pobres, muito pelo contrário, os vossos colegas saberão que poderão contar convosco em situações de aflição. Fiquem também a saber de que experimentar novas técnicas e novos utensílios apenas vos enriquecerá. Não tenham receio de saltar de um grafite HB para um 3B para os esboços, pois isso não vos prejudicará. Apenas far-vos-á compreender os equipamentos e o seu funcionamento. Acreditem, quando decidi fazê-lo. senti-me na pessoa mais livre de sempre, e desde então só utilizo HB’s para escrever, nada mais!
Em suma, e para não transformar uma simples publicação numa bíblia, é importante que se inscrevam para Artes Visuais por amor e não por interesse em passarem horas na desbunda. Quanto mais amor e dedicação depositarmos em algo que gostamos realmente de fazer, o tempo não custará a passar e a realização pessoal tornar-nos-á em pessoas felizes. Façam aquilo de que gostam e caguem para aquilo que possam dizer ou pensar de vós. Libertem-se, sejam vós mesmos e ofusquem o mundo com o vosso brilho e o vosso suor! Dessa forma, aí sim poderão dizer que o curso de Artes é fácil!
4 Comments
Miguel Gouveia
21 de Agosto, 2016 at 7:57Ohhhhn, mil obrigados por toooodos os comentários e por todo o carinho. És um querida de verdade <3Achei este post extremamente útil e quebrou o estigma de que "este é um curso só para quem sabe desenhar". Não é! A minha prima vai agora para o 12º ano e viu-se #grega# até chegar aqui. Desenha muito bem, é um facto, mas a geometria deu e vai dar cabo dela. Por sua vez, uma outra amiga dela, por quem eu não dava nada, entrou sem saber desenhar e agora desenha como ninguém. Neste tipo de ensino que se quer mais prático e mais técnico, é necessário que os professores estejam mesmo preparados e, tal como os alunos, consigam dar mil % ?Vou dar isto a ler à minha prima ?NEW BLOGGERTIPS POST | How To Be More Productive and Motivated. Instagram ∫ Facebook Oficial Page ∫ Miguel Gouveia / Blog Pieces Of Me ?
Nêsa
24 de Agosto, 2016 at 21:53Embora esteja em ciências e não tenha geometria (o que era uma opção), achei esta publicação extremamente interessante e informativa, especialmente para quem está interessado em seguir este caminho.Existe de facto o estereótipo de que quem vai para artes é para não fazer nada, mas honestamente nunca percebi ou concordei muito com isso visto ser um curso em que é especialmente difícil fingir que se trabalha (não fossem os trabalhos individuais constantes).Haverão sempre pessoas dedicadas e pessoas que andam a passear, mas isso existe em todos os cursos, logo não vejo a necessidade de o restringir principalmente aos cursos de artes e humanidades (falando dos científico-humanísticos), que são os que nos meus dois anos de secundário tenho visto serem mais desvalorizados.
Carolayne R.
31 de Agosto, 2016 at 1:30Espero que lhe dê jeito! ?
Carolayne R.
31 de Agosto, 2016 at 1:31Felizmente, ainda existem pessoas que pensam como tu!