Numa ilha que, à primeira vista, aparenta ter uma atmosfera estranha, daquelas que convenceria qualquer um a não meter lá os pés, não acontece muito além do que se poderia esperar de um sítio assim. Todos se conhecem, cada família tem as suas mazelas diárias e, ao final do dia, o que as une é esta fina película de que algo maior está por acontecer, ainda que ninguém tenha noção disso. São necessários barcos para que se possam locomover até à cidade, sobretudo para burocracias importantes.
Numa dessas viagens, porém, chega um novo padre à cidade, vindo substituir o mais velho que aparenta estar em péssimo de saúde.
Como se costuma dizer, ao principio estranha-se mas depois entranha-se…. A questão é que os acontecimentos em cadeia que se sucedem na presença deste novo padre não são assim tão fáceis de entranhar…. Até que provas vivas aliadas à fé permitam colocar de lado o que, outrora, seria impensável de se aceitar numa ilha tão amigável…
Não seria certo se me colocasse aqui a desvendar toda a narrativa de “Midnight Mass”, pois arruinaria toda a experiência. Cabe-me, no entanto, a missão da vos dar a conhecer para que, como eu, façam uma maratona num dia destes enquanto se afogam no sofá com o peso das inquietações que cada episódio despoletará.
Dos mesmos produtores de “The haunting of Bly Manor” e “The haunting of Hill House”, num registo único com foco nos sentimentos e relações humanas, somos brindados com episódios intrigantes que contam uma história rica em detalhes, não só da ilha como de cada um dos seus integrantes.
Com o tempo, vamos descobrindo o que é que as une ou separa…
As razões de muitas terem continuado a alimentar o ciclo da ilha, não obstante oportunidades melhores noutros lugares. Além dos fenómenos que, num gesto dramático, vão revelando a verdadeira essência dos residentes. No fundo, servem como metáforas constantes das diferentes facetas do uso da religião como ferramenta de uma fé distorcida, a partir da qual se fazem leituras de interesse próprios dos textos sagrados, para justificar determinadas ações face ao que repelimos.
Apesar de não ser a pessoa mais religiosa, fiquei vidrada em “Midnight Mass”. Intrigada seria a melhor expressão, uma vez que queria entender onde é que todo este auge me iria levar. Se haveria um momento de redenção. A que outras mensagens subliminares teria acesso. Ainda não compreendi tudo, talvez revendo a série com uma distância de tempo considerável, seria capaz de desmembrar ainda mais dos seus significados. No entanto, fica a sugestão da semana.
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