Já dá para entender qual o desfecho de They both die at the end, certo? Começo por dizer que uma das coisas que mais adoro neste livro é o título. Aliás, de todos os livros que já li sobre a morte, o título sugere a qualidade da viagem. Como se, assim, já nos estivessem a alertar quanto à densidade presente nas páginas.
Não é de hoje que conheço este livro.
Oiço falar do Adam Silvera ainda o booktube estava a explodir.
Vá, se calhar também não foi assim há tanto tempo. O que levei para finalmente o explorar é que é outra conversa… Estou numa onda de terminar pendências. They both die at the end é uma história muito mais pesada do que julguei. Embora o autor seja cuidadoso com as palavras, sem nunca esquecer que se enquadra no género YA, não é por isso que se equivoca cometendo o erro de fugir à proposta.
Pelo contrário, Adam Silvera é delicado e assertivo, tendo construído um cenário bastante comum a todos nós, só que com características que muitos escolhem ignorar. Para os que ainda não sabem, trata-se de um romance LGBT+, onde os protagonistas começam por ter em comum a notícia da sua fatalidade. Não que eles já não soubessem que, eventualmente, teriam de morrer. Mas é agonizante ter de o enfrentar numa idade tão tenra, em que mal temos mão da nossa própria história, está tudo um caos e as pessoas que nos são próximas não podem estar por perto para nos auxiliar.
Senti-me triste a cada capítulo que lia.
Por já ter perdido pessoas muito importantes, questiono -me até que ponto não seria mais agradável sabermos quando vamos morrer. Teríamos, assim, a oportunidade de nos despedirmos devidamente, claro que com a antecedência das lágrimas. Por outro lado, não sei se conseguiria lidar com as amostras de ansiedade que experimentei ao longo da leitura, pois uma coisa é sabermos que vamos morrer….a outra dúvida é o ¿como?.
Então, até que ponto seria mesmo bom sabe-lo? Penso que a ideia de uma despedida sem deixar o buraco tão vazio valeria a pena. Mesmo que as aventuras de Mateo e Rufus tragam alguma leveza neste aglomerado de seriedade, identifiquei -me muito com a personalidade do Mateo. Só o facto de ser extremamente ansioso com tudo, exagerando no cuidado para adiar a sua morte mostra a fragilidade que habita em cada um de nós nestes momentos.
Não me recordo de quando foi a última vez em que li personagens tão humanas.
Daí o timing do romance fazer tanto sentido! Sem dúvida que é incrível observar os efeitos da consciência da nossa mortalidade no modo como nos relacionamos. Só tragédias assim para nos convidar a esquecer adversidades. Terminei a leitura com uma questão que será, possivelmente, respondida no livro que se segue: quem criou o “death cast” que os notifica e quais as suas motivações? Até lá, sugiro que não deixem este livro passar despercebido nas vossas vidas. Prometo que fará diferença!
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