Num mundo onde as pessoas se afeiçoavam cada vez mais às tecnologias, parece tornar-se cada vez mais difícil abdicarmos delas, principalmente se tivermos segredos que não queremos dar a conhecer ao mundo. Num simples jantar de amigos, foi lançado o desafio: pousar todos os telemóveis em cima da mesa enquanto comiam e, de cada vez que uma chamada ou mensagem chegasse, estes seriam atendidos ou lidos em voz alta, para todos os presentes na refeição. O que parece ser uma premissa simples, um jogo inocente, acaba por se tornar num bicho de sete cabeças, na medida em que as relações de amizades que ali se estabeleciam, com base na confiança e no respeito, manifestou-se numa autêntica bola de neve onde uma simples troca de telemóveis suscitou a confusão total.
Embora seja um filme italiano, uma língua que quero muito aprender, não me senti desconfortável por estar em território desconhecido. O resultado final desta produção superou as minhas expectativas pois não estava a aguardar por um tema tão atual e ao mesmo tempo profundo. Perfect Strangers é um filme que nos informa para os inúmeros perigos de sermos infiéis aos outros e a nós mesmos, um abre-olhos para não nos deixarmos influenciar pelo receio de não sermos aceites pelas nossas escolhas sexuais, pelo facto de irmos a um terapeuta, ou simplesmente colocarmos implantes mamários. Não obstante a lenta iniciação da ação, há que ter calma e atentar aos detalhes que, mais tarde, ser-nos-ão muito úteis para entendermos a profundidade da trama.
Apesar de não nos trazer algo de novo, Boyhood é um filme que desejava assistir desde o dia em que ouvira falar dele, e após inúmeras tentativas, houve uma que se me apareceu firme e me permitiu explorar a obra de que muitos falam por aí. É bastante engraçado podermos participar do desenrolar da vida de uma pessoa, principalmente quando o elenco em questão é o mesmo durante doze anos, o que nos permite acompanhar as evoluções físicas e psicológicas. Quando digo “não trazer nada de novo”, refiro-me à premissa do mesmo, a de que temos presente a história de vida de Mason, uma criança que se torna num adolescente, que descobre a sexualidade, que tem de lidar com os novos casamentos dos pais, que descobre o que é trabalhar, e por aí adiante; um argumento muito utilizado por aí, no entanto, em Boyhood souberam aproveitar-se da matéria-prima de que dispunham, talhando-a o melhor possível.
É um ótimo filme para sessão da tarde, enquanto nos fazemos harmonizar de um bom lanche, um chá quentinho e uma ótima companhia – outra pessoa ou nós mesmos. Há lições, ensinamentos, passagens que nos deixam a pensar bastante, relações com as quais aprendemos e outras que nem por isso. Por ser o retrato quase fiel dos factos verídicos, é que se torna tão bom de se assistir, visto que eventualmente, nos acabaremos por identificar com as personagens envolvidas.
Aconselhado por uma das minhas grandes amigas, a Nobel, assisti este filme há já algum tempo. Recordei-me dele, exatamente por desejar ler a obra literária que inspirou a adaptação, contudo, não só por isso é que o trago aqui. Clockwork Orange é um filme que visa a estremecer alguns dos ideais que possamos ter, um abanão para uma realidade que, mais cedo ou mais tarde, poder-nos-á ser comum. É deveras chocante observar como é que o governo opta por lidar com os criminosos da época retratada, e a maneira como a sociedade em geral lida com isso. São-nos apresentadas formas de tortura um tanto ou quanto perturbadoras, na medida em que dependendo da vítima desses tratamentos, os casos vão variando de pessoa para pessoa, e de crime para crime.
Alex, uma das personagens principais, é de carácter duvidoso, uma pessoa que está nem aí para as regras que a instituição impõe, e que toma as suas decisões perante um desejo de revolução e liberdade extremas. Após ser apreendido pelas autoridades, a sua submissão aos tratamentos governamentais tornam-no numa personalidade completamente divergente àquela que nos é apresentada na primeira metade do filme, o que nos deixa com uma certa sensação de empatia no peito. Não sei até que ponto é que a mentalidade de quem a vê pode acomodar as informações expostas, contudo, é uma produção que aconselho, pois é uma mais-valia para os dias de hoje.
Já assistiram a algum destes filmes? O que acharam?
8 Comments
TheNotSoGirlyGirl
29 de Julho, 2017 at 18:08que excelentes sugestões 😉 nunca vi nenhum, mas fiquei mega curiosa! 😉
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Carolayne R.
4 de Agosto, 2017 at 14:21Valem muito a pena! 😀
Mónica Silva
29 de Julho, 2017 at 19:30Não conhecia nenhum mas fiquei super curiosa com "Perfect Strangers", acho que vou ter que ver!
Beijinhos!!
Black Rainbow / Instagram
Carolayne R.
4 de Agosto, 2017 at 14:22É um filme que, mesmo de ação lenta, tem muito para nos dizer!
Beijinhos!
Cherry
30 de Julho, 2017 at 10:05Gostei muito das sugestões :). Estou curiosa para ver " Perfect Strangers".
Beijinhos,
Cherry
Blog: Life of Cherry
Carolayne R.
4 de Agosto, 2017 at 14:24Obrigada! 😛
Esperarei por um feedback!
Beijinhos!
Nêsa
31 de Julho, 2017 at 21:18Dos três só vi Boyhood há uns dois anos e adorei! Embora tenha um plot sem grandes ou nenhuma surpresa, gostei do fator "relatable" que deram ao filme ao tentarem relatar algo próximo da realidade de algumas pessoas
Carolayne R.
4 de Agosto, 2017 at 14:28Por isso é que gostei imenso do filme. Embora simples, é exatamente por esse motivo que tem um grande valor. Acho que não há maneira mais convicta de aproximar um público de uma produção, seja ela de que tipo for!