Foi uma viagem e tanto. Obriguei-me, há uns tempos, a escrever todas as minhas opiniões à mão, mas sabe-se lá porquê, para este livro, não o fiz. Entreguei à capacidade de memorização a tarefa de não me dececionar na hora em que viesse expor a minha experiência com este livro e espero, muito honestamente, não me deixar seguir pelo erro de dizer o que não devo ou quero. Não se trata de uma tarefa assim tão difícil… Com base nos livros anteriores, é fácil concluir de que esta saga surtiu um efeito positivo, calmante e dono de tantos outros adjetivos positivos. Compreendo que nem toda a gente gostará dela, afinal, destacamo-nos pelas nossas diferenças por alguma razão, e eu não espero mais nada que não isso.
Não me querendo soar repetitiva, “Cartas de Profecia”, enquanto último volume de “Os Outros”, fecha na perfeição todo o ciclo de acontecimentos que vamos acompanhando ao longo da viagem, ainda para mais tendo terminado como terminou. Neste momento, enquanto puxo pela cabeça, reconheço de que talvez umas páginas a mais não teriam feito mal algum, contabilizando o facto de que certas cenas, aos meus olhos, foram demasiado corridas ou, no melhor dos casos, carentes de um pouco mais de desenvolvimento.
Anne Bishop conseguiu com estes livros criar uma coerência admirável, nunca se desviando do primeiro acontecimento e que nos apresentou esta trama como um todo. Bato na mesma tecla em relação a algumas repetições e que nos ajudam a refrescar a mente – e que, muito sinceramente, não são assim tão necessárias para os seguidores da saga -, contudo, para quem amarra um volume do meio sem saber do que se trata, talvez faça algum sentido. As personagens principais nunca perdem o seu protagonismo – o que por vezes se sucede noutros tipos de história -, tendo a sua importância se tornado cada vez mais evidente, até ao derradeiro final.
Como sempre, a autora trabalhou as cenas de ação de maneira atribulada (no bom sentido), plantando em nós a ligeira sensação de adrenalina, desconforto e ansiedade, um misto de emoções que, creio eu, é o que todos os escritores anseiam vir a saber: que as suas palavras foram capazes de surtir diferentes efeitos num mesmo corpo. Eu tanto poderia estar com vontade de rasgar o livro de tão stressada, como inclinada a amarrá-lo nos braços e chorar por ele. Ao início, a Meg pode parecer uma personagem frágil e incapacitada, porém, e como em todos os outros livros que já li de Bishop, nenhuma personagem feminina fica aquém das expectativas, muito pelo contrário: quando menos esperamos, elas atacam com firmeza e inteligência, provando o seu valor enquanto pessoas!
De um modo geral, e numa tentativa de não criar uma publicação enorme, finalizo dizendo que estes livros deveriam receber mais atenção do que aquilo que recebem. Muita dessa desconexão provém da pouca partilha que, infelizmente, existe neste país em geral – se formos a comparar com outros através do Booktube e etc., apercebemo-nos desta verdade! -, no entanto, isso não deve toldar a nossa capacidade de irmos atrás de livros novos e pouco falados. Fica então a dica para a procura por esta autora, pois, acredito que também se deixarão surpreender com o seu talento para criar!
Já leram algum livro de Anne Bishop? Conheciam esta saga?
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