E pensar que levei meses para assistir a esta série. Não sei porque hesitei tanto ao início, mesmo depois de ter sido elucidada acerca da sua temática, no entanto, valeu mesmo muito a pena esperar que as férias chegassem e deixar que uma semana da minha vida fosse dedicada às duas temporadas existentes da mesma. Evito a qualquer custo trazer-vos a temática da religião para o blogue, não porque não tenha o que dizer, mas sim porque talvez aquilo que eu tenha a dizer não seja bem aceite por muitas pessoas. Contudo, quando bem empregada e quando sei que não me ofenderá, encaro a fé e a crença como coisas bonitas, que unem pessoas e que as levam a praticar o bem, independentemente das diferenças que as separem de mim.
E tudo isto porquê? Porque a série da qual vos venho falar aborda a temática da religião. Não de forma descritiva, abusiva, ofensiva, mas sim da perspetiva do Diabo… Que decidiu tirar férias do Inferno… Para residir em Los Angeles. Sim, exatamente o que terminaram de ler. E como é que isso vos poderá ajudar na vida? Mesmo que sejam feitas piadas, mesmo que existam personagens ateias, mesmo que o Diabo seja a personagem principal, não há como não destacar o encanto que existe por detrás das mensagens que nos passam. E se o Diabo não for assim tão mau, e apenas o “é” porque foi essa a função que lhe concederam? E se, afinal, a maldade humana seja uma coisa nossa, que nós decidimos alimentar em nome de algo ou alguém que nada tem a ver, apenas para nos justificarmos de que o Diabo é o culpado de tudo? E se o Diabo for bem mais humano do que nós julgamos pensar?
“Lucifer” é uma série complexa, que mesmo trazendo informações bíblicas ao baile, não o faz com o intuito de suscitar controvérsias, muito pelo contrário. Julgo que se observarmos bem, esta produção foca-se mais em trazer-nos os conflitos que possivelmente possam existir na família celestial, equiparando-a com o resto da humanidade. Levo-a como uma série metafórica, na medida em que nos mostra que por muito diferente que a nossa natureza seja, por muito que os nossos verdadeiros amigos a estranhem, se eles nos tiverem mesmo em conta, eles aceitar-nos-ão tal como somos, com os nossos defeitos. Porque não há razão para temermos aqueles que nos querem bem, mesmo quando somos o Diabo. Talvez tenha levado esta série muito a peito, mas eu sou da opinião de que sim, se as pessoas são más, é porque elas fazem por isso, muitas das vezes porque querem, e de quando em vez porque a vida as moldou assim. Para mim, não há motivos para culpabilizarmos uma entidade pelos nossos pecados, apenas porque foi coibido a tal. O Lucifer é uma personagem egoísta, egocêntrica, charmosa, que gosta de punir os maus pelos seus pecados, no entanto, é uma entidade que acaba por se apaixonar, que se torna vulnerável, e que mesmo não querendo abraçar essa condição dos mortais, faz por entendê-los… À sua maneira, mas mesmo assim.
O que mais apreciei em toda esta produção é o facto de terem tido o cuidado de se preocupar com as razões pelas quais o Lucifer é assim, uma entidade ressentida, fechada, dono de si mesmo; concedendo-lhe a oportunidade de se justificar, não se focando apenas na imagem de Deus. Temos a oportunidade de conhecer alguns dos seus irmãos, a sua pequena demónia, e tantas outras individualidades que nos seduzem a cada episódio, tornando-nos em verdadeiros viciados na série, ao mesmo tempo em que podemos assistir de perto os conflitos entre a religião e a ciência – acreditem que em todo este tempo de existência, nunca me tinha passado pela cabeça uma maneira tão genial de desenvolver esta relação.
Aconselho que dêem uma vista de olhos à série. Mas uma vista bem aberta e atenta. Não há razões para se retraírem, não há razões para se isolarem dela. Se preferirem encarar “Lucifer” como uma piada, estão à vontade. No entanto, se quiserem ser como eu sou com quase tudo, e acharem que vale a pena explorar todo o pano de fundo, colocando hipóteses na mesa e estudando-as como elas merecem, então bem-vindos ao clube!
Já viram esta série? O que têm a dizer?
6 Comments
Jota
9 de Julho, 2017 at 22:45Vi cerca de sete episódios e cansei-me. Eu gostei da temática, achei-a bem interessante mesmo, mas não foi suficiente para me prender ao resto da trama. Chega a ser bem chatinha, para ser sincero! Os casos semanais tornam-se monótonos e apesar dos protagonistas terem química, meh… não sei. Mas o protagonista é genial. Amo o humor e o ator dá-lhe um toque refrescante, ousado e bem sexy. Talvez um dia volte a pegar nisto mas, para já, numa altura em que vejo pouca coisa por falta de paciência, fica na gaveta!
Carolayne R.
4 de Agosto, 2017 at 15:58De facto, esta é daquelas que, ou se adora, ou está o caldo entornado! Contudo, surpreendi-me bastante e até que gostei! Estava com receio de me afastar devido à temática tão batida e policial, mas acabei por aderir sem grandes demoras!
E sim, o Lucifer é uma das melhores personagens que anda por aí! 😀
Cherry
10 de Julho, 2017 at 18:04Bem, estou curiosa para ver esta série de que tanto falaste no Twitter e que te pôs desaparecida xD. A história parece ser mesmo interessante. Tenho que acrescentar à enorme lista de séries que tenho para ver ( de momento, estou a ver Girlboss, não sei se já viste, apesar de não ser muito fiel ao livro, é muito boa, as personagens são mesmo engraçadas e tem uma banda sonora espetacular).
Beijinhos,
Cherry
Blog: Life of Cherry
Carolayne R.
4 de Agosto, 2017 at 15:59Não, ainda não vi "Girlboss", e para ser sincera, não me suscita grande curiosidade, embora muitas pessoas já a tenham referido por aí!
Garanto-te, "Lucifer" é uma sátira bem feita e que vale mesmo a pena ser explorada!
Beijinhos!
Nina
2 de Agosto, 2017 at 23:44Já vejo esta série desde o inicio e acho muito boa, uma das minha preferidas mesmo. Não é demasiado policial nem demasiado monotona, o humor,os atores e a banda sonora são excelentes e de facto mete nos a pensar! Por falta de tempo tive de a deixar em stand-by mas ando a ver se a acabo.
themerrymarie.blogspot.com
Carolayne R.
4 de Agosto, 2017 at 16:03A forma como molduram esta série foi genial! Estou super ansiosa para colocar a vista em cima da terceira temporada, que tão pouco falta para chegar!