“Querida Inês Martins…” \ “Ler aquilo que partilhas acrescenta ao meu ser litros e litros de mais sabedoria. Ensinaste-me que por muito fundo que seja o poço, existe sempre uma corda pela qual podemos escalar. Mostraste-me que cinco segundos a contemplar o objeto mais simples são cinco segundos poderosos. De certa forma, plantaste nesta Carolayne de dezassete anos mais força do que aquela que ela poderia imaginar. Conseguiste provar-me que com muita força e dedicação, não existe montanha que não possa ser escalada. Mesmo que não saibas, sempre que me recordo do Bobby Pins, apercebo-me de que existem tantas coisas a serem exploradas, tantos sentimentos maus a serem despejados pelo cano abaixo e tantos sorrisos pelas coisas mais simples, que se torna quase impossível fazê-lo numa vida que pode ser curta.”
“Valorizar os maus momentos” (no blogue da Carolina) \ “Não sou uma pessoa fácil. Hoje estou aqui toda alegre porém, amanhã a coisa muda de figura. E as razões muitas das vezes nem deveriam ser uma justificação. Sabem porquê? Porque me deixo afetar, e em demasia, pelos assuntos do passado. Até hoje, o meu cérebro ainda não conseguiu ver-se livre de tais resíduos que pura e simplesmente insistem acompanhar-me… Ou então sou eu que não me quero livrar destes pensamentos. Talvez parte de mim se sinta aconchegado por acarinhar as más memórias que, querendo eu ou não, acabam por se revelar úteis. Para que eu mantenha anexado que não são apenas de memórias felizes que se fazem as pessoas boas.”
“Os seres e as mudanças” \ “O certo é que temos de estagnar um pouco no tempo, refletir de uma forma racional, aceitar que faz parte da nossa natureza oscilarmos de uma fonte para outra, deixar o rio fluir espontaneamente e adaptarmos a nossa pequena pessoa no meio a que viemos parar.”
“Ser para ter ou ter para ser?” \ “As coisas não caem do céu. Os sentimentos não nascem do nada. Tudo tem de ser conquistado. A vida é um campo de guerra onde os mais fortes saem vencedores. Talvez não os bacões, mas o que possuem de uma inteligência estratégica, o certo é que existem fases da vida em que temos de sacrificar algo para reconstruirmos aquilo que somos, em prol daquilo que desejamos para o futuro.”
“As vozes do meu silêncio” \ “Quero que me seja capaz abrir a mente e observar lá por dentro, como um pássaro que fita os limites ilimitados do céu, lendo-lhe cada nuvem, cada cor, qualquer sinal que o avise de que o perigo está por vir, o obrigue a fechar as asas e a acolher-se no seu ninho. Quero, antes de qualquer um, saber o que é que se passa nestas matriorcas a que se chamam “pensamentos”. Quero sabê-lo de mim, antes de ansiar conhecê-lo noutro alguém.”
“Muito mais do que 17” \ “Toda a minha vida, cresci com a ideia de que “dezoito” era sinónimo de independência, mas neste meu último mês enquanto menor, apercebi-me de que eu não necessito de atingir a maioridade para ser independente… A nossa independência já nos acompanha desde as primeiras coisas que fazemos pela primeira vez… A primeira vez que fomos para a escola sozinhos; a primeira vez que gastámos o dinheiro da nossa mesada, com uma coisa do nosso agrado; a primeira vez em que dissemos não! a uma situação que requeria essa nossa atitude…”
“Gala de Finalistas – ir ou não ir, eis a questão” \ “Afirmar que será a última vez que terei um momento destes com os meus colegas, é subjugar todo e qualquer tipo de hipóteses de existir um encontro futuro nas nossas vidas. Não posso negar que com a mudança de vida que nos empurra para outros caminhos, este tipo de situações não se torne complicada de existir, mas também não é impossível! Uma coisa seria se um de nós tivesse a confirmação de que fosse viver para um outro país, pelo que os reencontros se tornem improváveis, outra coisa é se todos nós, independentemente da universidade, curso, etc., continuarmos a viver na mesma cidade, quiçá, na mesma zona, e usar a gala como justificação para um cordelinho que pode muito bem ser puxado!”
“Diz que ontem foi o último dia de aulas” \ “Foi junto de alguns colegas – que me atrevo a intitular de amigos, pois existe um grande buraco diferencial que os separa – que me descobri e descobri o mundo. Foi junto de alguns que explorei aquela mata que tanto caracteriza o espaço da escola. Foi junto de alguns que subi e desci as escadas, as rampas, os céus com o maior sorriso no rosto, sabendo que estava bem acompanhada. Foi junto de alguns, com a maior genuinidade, com quem fiz sessões de música improvisada com o batuque das mãos, com quem fiz a dança da chuva para não ter educação física, com quem queimei as melhores horas de almoço… Embora reconheça o valor de alguns para mim, não posso descurar do facto de cada um dos elementos daquela turma me ter ensinado a encarar o mundo e as pessoas de formas diferentes…”
“GO SHAWTY, IT’S YOUR 18TH BIRTHDAY” \ “Antes que me comece a alongar, repito as razões para te estar a escrever isto: já estava há imenso tempo para o fazer, mas as palavras ora faltavam ora não faziam sentido, porém, esta segunda feira solarenga mostrou-se apta para me acompanhar neste processo. Fazes dezoito, mas ainda tens muito que viver. Sê quem tu és, tira os cursos que quiseres, estuda até à exaustão os temas que te chamam a atenção, escreve para cacete, lê os livros que te apetecer, cria uma biblioteca, dança até te caírem as pernas, come o que quiseres, sê a artista, a arquiteta, a pintora… Sê o enigma indecifrável, mas que poucos precisem da verdadeira solução para te descobrir.”
“O amor não existe, apenas, de nós para os outros” \ “Nós para Nós mesmos somos uma verdade universal, algo quase absoluto, e para outros, uma parte que os completa, portanto, sejam para vós mesmos não só essa verdade universal, como também essa parte que vos possa ajudar a preencher-vos fenda por fenda, desgosto por desgosto, até ao ponto em que não necessitem de um espelho para vos reconhecerem por aquilo que vocês são!”
“A minha relação com a fotografia/Instagram” \ “Passei a valorizar o poder do click por estas e outras razões. A fotografia passou a ser uma ponte que me liga ao mundo, que me ensinou a ter mais do que os quarto olhos que tenho. É atrás de uma máquina fotográfica em que decido o que quero conservar para o meu futuro; é graças a ela que muitas das vezes encontro um suporte para o blogue… É com a fotografia onde descubro a felicidade no rosto e no dia a dia das pessoas que me são próximas… É com pequenos pedaços de um certo momento onde posso regressar no tempo e sorrir, na companhia da querida nostalgia, pelas recordações que tanto prezo e que fazem de mim a pessoa que sou.”
“Querida Lucky 13…” \ “Muitos de vocês devem conhecer a Carolina Nelas. E se não a conhecem, lamento informar-vos de que estão a perder um pedaço da vossa vida que poderia ser preenchido com tamanha inteligência. O verdadeiro carácter de alguém é refletido nas pequenas ações que realizamos de um jeito genuíno e sincero, e Carolina, tu és impressionante! A tua escrita, a tua maneira de ver e viver a vida, a tua existência transforma tudo aquilo que fazes no teu blogue e no teu dia a dia (esperemos que sim) numa matéria que é válida na aprendizagem de qualquer um! Talvez o saibas, talvez to digam muitas vezes, ou talvez não, mas tu nasceste para seres alguém e acredita quando to digo de que, se permaneceres com a tua essência, alcançarás todo e qualquer tipo de meta que tenhas na vida.”
“Não pedi para nascer assim, mas também não me imagino de outra forma” \ “A sociedade deveria ser mais tolerante no que toca a certos aspetos. Diariamente, vejo negros, ciganos, brasileiros, entre outros, a serem julgados, quando na verdade não fazem absolutamente nada. Claro, não estou a colocar para debaixo do tapete o facto de existir sim criminalidade destas para outras pessoas, mas os brancos também o fazem. Os brancos também são pessoas que podem cheirar a catinga; viverem num bairro social e cometerem crimes. Nem os pretos nem os brancos são um ídolo a seguir. E eu não peço para que o mundo tenha um modelo formulado que cada um de nós deva adotar na sua vida. Eu simplesmente gostaria de chegar aos cinquenta/sessenta anos e sentir-me livre de poder entrar num local, ou saber que poderei vir a ser promovida, sem ter a minha cor a prejudicar-me. Eu gosto de ser negra. Acho que é uma tonalidade que me cai bem, e não me imaginaria de uma outra forma.”
“Se não queres ter irmãos, és egoísta!” \ “Sei que para muitos isto não justifica as minhas razões, mas acredito que eu estaria a ser egoísta se quisesse ter um irmão nesta altura da minha vida, sabendo do que sei acerca do mundo. Estaria a ser egoísta se desejasse que os meus pais tivessem o triplo das despesas, despreocupada com os problemas que pudessem vir a ter. Egoísta seria se desejasse algo que não quero, apenas pela pressão da família, com a típica questão “E um mano para a Carol, não?”.”
“Cursar para poder trabalhar” \ “Acho engraçado o facto de, mesmo observando o mundo como ele é, as pessoas ainda carregarem em si a ideia de que um curso deve ser tirado somente para nos dar trabalho, e desse, um sustento. Da minha parte, eu não me imaginaria a tirar um curso apenas para garantir o meu futuro. Estamos a falar exatamente disso, do meu futuro. Se eu quero ser de facto uma pessoa bem sucedida, então eu tenho de começar por fazer algo que me deixe feliz, satisfeita e de garras prontas para enfrentar o mundo. De nada vale pagarmos euros por uma experiência académica que nos arrastará para uma vida profissional de pura angústia, desespero e vontade de desistir a cada dia que passa. Se for para investir em alguma coisa, que seja na nossa felicidade. Já basta a vida por si mesma para nos encarregar de enigmas e problemas por resolver; é quase um dever nosso descomplicar as decisões que ainda podemos tomar por e para nós mesmos.”
“Descobriram o meu blogue, e agora?” \ “É normal afligirmo-nos com a reação dos outros perante algo que gostamos realmente de fazer, com aquele medo de sermos julgados, mas sempre conscientes de que jamais desistiremos das nossas batalhas. De certa forma, foi libertador ter partilhado com pessoas que conheço há tão pouco tempo, algo que me distrai e me consola como escrever. Sinto que lhes dei a conhecer parte de uma matéria que jamais eu seria capaz de entregar apenas na conversa. Sei perfeitamente como sou, ao ponto de querer disfarçar certas e boas coisas num convívio, apenas para reservar a bondade que sei que quererei partilhar mais tarde. De qualquer das formas, mais cedo ou mais tarde, isto teria de acontecer. A minha sorte é que foi de maneira leve, descontraída e sem muitas outras questões nos dias seguintes.”
“A ironia em pessoa e as desvantagens de o ser” \ “Talvez essa atitude provenha de uma impaciência que reconheço em mim e no tempo que sei que gastarei a raciocinar tal assunto, quando poderia estar, na realidade, a pensar noutras coisas. E também reconheço que talvez me sinta por vezes “agredida” quando constato que um indivíduo que não eu invadiu o meu espaço pessoal, com questões que pouco me importam.”
“O Encontro” \ ” Uma simples conversa pela internet foi mais do que suficiente para que uma ligação brotasse e nos unisse até aos dias de hoje. Há quem julgue que amizades virtuais não dão em nada, mas eu cá digo que talvez valham mais do que muitas que mantemos pessoalmente.”
3 Comments
Carolina.
26 de Dezembro, 2016 at 17:38Tu gostaste de escrever e eu adorei ler todas as tuas palavras. Uns textos tocaram-me mais do que outros – aquela carta inesperada leva o primeiro prémio! – mas havia sempre algo em comum: a vontade de ficar mais um bocadinho, de ler mais, de descobrir aquilo que tens para partilhar connosco. Obrigada por continuares desse lado a escrever para nós 🙂
Joana
26 de Dezembro, 2016 at 17:55Eh pá….que magnífico throw back, não estás a perceber. Recordar todas estas publicações que tanto gostei, algumas mesmo mesmo mesmo muito, foi tão bom. Escreves como um anjo e espero poder ler-te durante muitos anos. Escreves sobre grandes raparigas, mas tu és uma delas. Continua assim Lyne! <3
Cherry
27 de Dezembro, 2016 at 19:36Foi um grande prazer acompanhar o teu blog este ano :). Ainda bem que vieste para a blogosfera, escreves textos maravilhosos!
Os meus preferidos foram " Diz que ontem foi o último dia de aulas" e "Cursar para poder trabalhar".
Beijinhos,
Cherry
Blog: Life of Cherry