Embora seja classificado como uma comédia dramática, a verdade é que este filme não tem nada de engraçado. Exibido pela primeira vez em 1998, e dirigido por Peter Weir, este filme aborda uma temática talvez pouco falada na época em que veio ao ar, mas com a qual nos conseguimos identificar perfeitamente nos dias de hoje: a utilização abusiva da imagem de um indivíduo, fragilizando a sua privacidade enquanto tal.
Acompanhado desde a barriga da sua mãe, Tuman Burbank, protagonizado por Jim Carrey, é vítima de um produtor de reality-shows, Christof, tornando-se na mascote nas mãos da sua equipa e de biliões de pessoas em redor do mundo, sendo a sua vida exibida 24/7 através da televisão. Com o avançar da trama, uma revolta e perplexidade são bem capazes de nos invadir o espírito, ao ponto de acharmos ridícula a atenção que os espectadores dedicam a um programa televisivo, esquecendo-se das próprias vidas. Existem comentários, especulações, tentativas de salvamento a esta personagem, mas nada que impeça os media de continuarem com esta situação preocupante.
Este é daqueles filmes muito metafóricos. É daqueles que nos abrem os olhos para os momentos em que nos sentimos presos no corpo que temos; para as pessoas nas quais confiamos e que nos traem essa mesma confiança; e para a liberdade que por vezes julgamos ter, e que na realidade não é bem assim. A vida de Truman é toda uma encenação: desde as roupas que usa, aos passos que dá, nem ele mesmo desconfia da confinação em que habita, sendo que a hora da derradeira descoberta se converte na maior facada de todas. Sendo considerado como uma inspiração para muitos, Truman é uma personagem que nos obriga a acordar da nossa zona de conforto, ensinando-nos a captar quais as exigências que nos são feitas e que não deveriam existir.
The Truman Show alerta-nos para o poder que a televisão pode exercer sobre nós, ao ponto de que nos fazer perder o sentido crítico das situações e da nossa própria existência. É uma produção que nos provoca frios na barriga, mas ao mesmo tempo, que nos dá um murro na mesma, aconselhável para todos aqueles que defendem a sua liberdade existencial.
4 Comments
Carolina.
9 de Outubro, 2016 at 19:23Penso que nunca vi este…
Carolayne R.
9 de Outubro, 2016 at 19:51Aconselho vivamente!
Ricardo Francisco
10 de Outubro, 2016 at 19:49Lembro-me tão bem deste filme! Era um miudinho quando o vi pela primeira vez mas adorei o conceito à la "Big Brother". Na altura senti-me tão revoltado quando a personagem do Jim Carrey descobre a verdade, coitado. Sem dúvida uma excelente obra 🙂
Ricardo, The Ghostly Walker.
Carolayne R.
16 de Outubro, 2016 at 13:28É verdade! Eu gostei imenso, e depois do filme, fiquei com ainda mais vontade de ler o "1984", por causa da temática semelhante! 😛