LIVROS | “O perfume”, Patrick Süskind

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Dentre centenas de formas que poderia começar este texto, penso que nenhum faria jus à magnificência desta obra. Talvez soe a exagero para os que nunca a leram, ou para os que já o fizeram e não gostaram. “O perfume” não é para todos e estou contente por ter sido para mim, caso contrário, teria sido uma tremenda desilusão, tendo em conta os anos que deixei passar até finalmente o comprar.

Posso tornar oficial o meu apreço por histórias de terror.

Não sei ao certo o porquê do meu fascínio, mas talvez por ter uma vida calma, procuro na leitura e no consumo de multimédia alguma emoção extra. Há livros que nos marcam desde a primeira vez e, com “o perfume”, não foi diferente. Tudo o que sabia é que, aqui, existe uma personagem fascinada com o odor dos demais, tendo começado a extraí-los para uso próprio.

No entanto, não imaginaria que além de ser tão gráfico, esta trama estivesse tão bem construída! Há toda uma argumentação em torno das razões do protagonista, embora censuráveis, que justificam a sua missão de vida. Desde cedo que a sua figura provoca repulsa nos demais e só mais tarde compreendemos a complexidade da questão.

À medida que Grenouille vai crescendo, também as tragédias em seu redor o acompanham, não só provocadas por si como pelo simples contacto com ele. Este, inclusive, é um dos aspetos mais cómicos para mim: o do desastre bater à porta dos que lidam com Grenouille, como se ele fosse em si o anúncio de uma fatalidade.

O clímax da narrativa vai ascendendo, encurralando o nosso protagonista, o que por si só não resulta num gesto de justiça perante as suas ações.

Se há personagem que sofre as consequências é ele, mas não como o esperado pelos os que o observam. “O perfume” é visual em muitas vertentes, resultando numa experiência sinestésica incrível e que não me deixou indiferente. Este livro mexe com a nossa sensibilidade, deixa-nos curiosos, inquisitivos…

Pelo menos comigo, fazia algum tempo que não me sentia viciada numa leitura, a inquietude de dar continuidade à mesma tão presente. A versão física que tenho proporciona uma leitura bastante confortável, não obstante as páginas serem tão brancas como cal.

Ainda assim, a fonte tem um tamanho agradável, a tradução pareceu-me bastante coerente e os capítulos, de curta dimensão, ajudam a que a leitura seja rápida. Como podes ver, é uma obra de muitas vantagens, perfeita para qualquer altura do ano!

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Entretanto, conta-me: já leste este livro? Ficaste com curiosidade? ♥