QUERES TOMAR UM CAFÉ COMIGO?

Queres Tomar um Café Comigo? #4

18 de Outubro, 2017

Sei que não conversamos há algum tempo. Confesso-me, em parte, culpada por essa situação, e desta vez tenho mesmo de te pedir desculpa. Afastei-me porque precisava de meditar sobre certas coisas que têm vindo a acontecer. Tive realmente medo de me deixar influenciar pela tua presença e não quis que o meu pavor dialogasse contigo, fazendo-se passar por mim.

Deste-me tudo naquele momento e eu jamais te tiraria o valor na situação. Somos ambos culpados por tê-la entregue ao destino, mas ambos beneficiámos da mesma. Não sei que olhar foi aquele, de extrema culpa em conflito com o desejo, mas quero que anotes, bem aconchegado ao coração, de que eu não me sinto culpada. Gostaria que regressasses, oh como o meu corpo se manifesta por isso, mas aceito os teus receios, pois, considero-os meus.

A sensação que depositaste pelo meu físico ainda aqui permanece… Sinto, enquanto escrevo, a tua mão a aproximar-se da minha cintura, enquanto tento controlar o estremecimento de ansiedade que me corre pelas veias… Sei que fechei os olhos, respirei fundo e voltei a direccioná-los para os teus lábios palpitantes, cor de melancia, e que fitavam os meus asfixiados, de tanto os pressionar para me controlar.

Começaste um beijo à esquimó, respeitando um comentário que havia partilhado contigo algures, mantendo uma conversa entre os nossos narizes, porém, de maneira mais pautada, lenta, delicada, ao passo em que nos juntavas, mesclando dois corpos num só… O teu polegar explorava o meu pescoço e eu bem que tentava conter o riso, pois sabes o quão risonha e sensível sou quando me apanham desprevenida e, ainda assim, tiveste a audácia de me provocar e sorrir para mim. 

O meu ventre deu sinais de vida e, no momento em que as nossas bocas se iam chocar, eu acordei…

Permiti que a luz lunar me indicasse onde estava e me acalmasse o espírito. Eu sabia que algo estava errado, que tudo parecia demasiado real, especialmente contigo… Tu jamais me encararias com aquele semblante tão pouco teu, nem te atreverias a plantar um sentimento de culpa na minha mente. Somos demasiado amigos para nos magoarmos a esse ponto. Interpretaria tudo isto como um sinal de saudade, um vazio originado pela suposta falta que me fazes, mas a verdade é que nós não podemos sentir falta daquilo que nunca tivemos… 

E isto, nunca aconteceu…

  • Reply
    Joaninha
    20 de Outubro, 2017 at 22:23

    Uou. Estou chocada. Por momentos achei que este post seria no âmbito dos outros, mas deixou-me absolutamente boquiaberta. Tens um jeito gigante para descrever todo o tipo de cenários.

  • Reply
    IMPERIUM
    22 de Outubro, 2017 at 13:21

    Para quem já entendeu, esta rubrica é uma contadora de histórias e diálogos, por si só… Tanto podemos conversar de coisas do quotidiano, como nos podemos embrenhar pelo mundo da ficção… São conversas que nunca mais terminam! ? Muito obrigada, Joaninha! <3

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